General Mourão afirma que futuro governo fará “desmanche do Estado”
O vice-presidente eleito se negou a comentar a situação do amigo de Bolsonaro Fabrício Queiroz, que disse ser comerciante de carros para justificar a movimentação milionária
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Em entrevista ao Valor Econômico, o general Hamilton Mourão, vice-presidente de Jair Bolsonaro, defende que o futuro governo encaminhe ao Congresso Nacional uma proposta de emenda constitucional para desvincular o Orçamento da União. “A Constituição engessa o país”, afirmou.
Mourão afirmou que o governo não começará “na base de impactos e pacotes”, mas que todos os ministros deverão no dia 14 de janeiro, data marcada para acontecer a primeira reunião ministerial, apresentar metas e objetivos para “desregulamentar” e “desburocratizar” suas áreas.
O general defende que o texto da reforma da Previdência enviado pelo governo Michel Temer seja aproveitado e diz que os militares também estão dispostos a dar a sua contribuição com mudanças. O vice-presidente sugeriu ainda que Bolsonaro dê explicações da situação das contas públicas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que, ao aprovarem um aumento de 16,38% nos vencimentos, mostram” desconhecer a realidade”.
“Eu acho que a reforma da previdência atual vai ter que ser aproveitada, até pelo problema de prazo. Se a gente for voltar para a estaca zero não vamos conseguir produzir nada no ano que vem. Poderia ser feito um adendo aqui outro ali dentro da visão que se tem. Mas o que está sendo trabalhado, eu não tenho dado concreto disso, vai ser colocado só nessa reunião de janeiro. Mas temos que usar o que está lá e colocar uma coisa a mais, que isso é permitido pelo regulamento interno do Congresso, para que a gente consiga no primeiro semestre tentar passar isso aí.”, disse Mourão.
Dívida
Mourão defende ainda que, com as reformas aprovadas, será possível conversar com os investidores sobre o alongamento do prazo dívida mobiliária interna. E que talvez a principal tarefa seja o desmanche: “No Exército a gente tem um ditado: chefe bonzinho morre coitadinho. Não pode ser bonzinho, porque depois as próximas gerações serão beneficiadas. Hoje, as próximas gerações não têm futuro, do jeito que está”, avaliou.
O vice-presidente eleito se negou a comentar a situação do ex-motorista de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, que se apresentou como comerciante de carros para justificar a movimentação milionária em sua conta corrente: “Sem comentários. Hoje isso é um problema do Ministério Público do Rio de Janeiro, não tenho nada a ver com isso”, finalizou o militar.