Gleisi: “Campos Neto quer uma justificativa para boicotar o Brasil”
Presidenta do PT criticou fala do bolsonarista que preside o BC relacionando aumento do emprego ao risco de inflação
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A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), afirmou, na sexta-feira (26), que o bolsonarista Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, “quer uma justificativa para boicotar o Brasil” ao dizer, durante um evento, que está preocupado com um possível impacto do crescimento do emprego na inflação do setor de serviços. Em entrevista ao Flow News, a parlamentar disse que trata-se de “uma postura criminosa”.
Para Gleisi, as frequentes declarações do presidente do BC contra conquistas importantes para o bem-estar dos brasileiros, como o aumento do emprego e da renda, servem como justificativa para manter a taxa básica de juros (Selic) em níveis elevados, o que têm sufocado a capacidade de investimentos das empresas e levado dificuldades também para a população.
Na quinta-feira (25), por exemplo, o jornal Valor Econômico noticiou que em 2023, segundo um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), todas as empresas de capital aberto do país gastaram mais com despesas financeiras ( R$ 306,8 bilhões), compostas principalmente pelo pagamento de juros, do que com as suas atividades de investimento (R$ 298,7 bilhões).
Durante a entrevista, Gleisi voltou a dizer que os altos níveis da Selic estão fora da realidade do país, dado o cenário de estabilidade econômica e de inflação controlada.
“A gente sabe a posição política dele. Eu acho que ele tem uma postura criminosa em relação a isso. Não tem justificativa de ter essa taxa de juros que nós temos em dois dígitos, quando a meta da inflação é 3%, mas você tem uma banda que pode até 4,5. Nós vamos fechar esse ano que estamos de 3,7, 3,6. Para quê deixar o juros de dois dígitos?”, questionou.
“Aí ele vai dizer todas essas coisas, que ele está preocupado, que ele está não sei o quê, para baixar a 0,25 só”, acrescentou a parlamentar, sobre as sinalizações dadas pelo BC de que o ritmo de redução da Selic poderá ser ainda mais lento do que já é.
“É um crime isso contra o país. Nós estamos tentando levantar a economia do país no emprego das pessoas, fazer a economia andar. E o presidente do Banco Central vem com essas abobrinhas dele? Não tem justificativa”, criticou.
“Por isso, eu acho que ele faz um mal para o Brasil imenso, além de fazer política o tempo inteiro, que não é função do presidente do Banco Central. Você acha que ele age contra o governo? Ele age contra o país, não é contra o governo, ele está agindo contra o país. Isso é criminoso”, prosseguiu.
Avanços
Durante a entrevista, Gleisi também falou dos avanços verificados em diversas áreas do governo Lula e defendeu o fortalecimento dos investimentos públicos como forma de alavancar o desenvolvimento.
A parlamentar lembrou que Lula encontrou um país “desmontado” e, em apenas 14 meses, várias políticas públicas foram reconstruídas e fortalecidas. Disse também que os impactos positivos dessas ações começarão a ser sentidos em breve pela população.
“O presidente teve que pegar nesse ano e pouco, além de reconstruir tudo isso, colocar de pé os programas que nós fazíamos antes e que fizeram bem ao povo brasileiro. Reestruturar o Bolsa-Família, reajustar o salário mínimo além da inflação, corrigiu a tabela do imposto de renda até dois salários mínimos para não pagar imposto, colocou de pé de novo o programa Minha Casa, Minha Vida, mas que ainda demora um pouco para dar resultado porque é construção civil; colocou de pé de novo Farmácia Popular, fez o Pé-de-Meia”, enumerou a presidenta do PT.
Da Redação