Gleisi defende unidade da esquerda na ocupação Vila Soma
Em Sumaré (SP), a presidenta do PT afirmou na noite desta segunda-feira que a democracia brasileira corre risco, defendeu a reforma política e a regulação da mídia
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“Vocês aprenderam na luta que o debate político é importante e é na política que a gente se fortalece. Apesar das divergências a gente precisa consolidar um campo de centro esquerda”, afirmou a presidenta do PT Gleisi Hoffmann, para centenas de moradores da ocupação Vila Soma, em Sumaré, interior de São Paulo, na noite desta segunda-feira (6).
Gleisi participou de debate da plataforma Vamos, da Frente Povo Sem Medo, com o vereador pelo PT de Sumaré, Willian Souza, o líder do MTST Guilherme Boulos, a presidente do PSOL de Campinas Marcela Moreira, e o advogado Alexandre Mandl.
Durante a preparação do evento, os organizadores relataram que a Polícia Militar esteve presente filmando a montagem das lonas e equipamento de som. No início do debate, a energia elétrica foi cortada momentaneamente, mas retornou após alguns minutos.
Abrindo a discussão em uma fala breve, o vereador William Souza destacou que “quem sabe o melhor caminho para o país é o povo pobre das periferias que toma ônibus todo dia. É o povo da periferia que traz resultado positivo. O povo da periferia tem que ter direito a dar opinião. A saída é pela esquerda”.
Em sua fala de defesa da unidade, a senadora ressaltou que cada partido tem seu candidato, “mas o que nós corremos o risco é de ter instabilidade na democracia brasileira”.
“O principal inimigo que nós temos são os golpistas, essa classe dominante que nunca colocou o povo como sujeito da história, essa classe que só quer acumular capital, essa direita”. E completou: “Temos que garantir que em 2018 a gente tenha um processo democrático, porque corremos o risco inclusive de não ter eleições com essa crise institucional. Por isso a importância de discutir e construir um programam, porque tenho certeza que aquilo que nos une é muito mais importante que aquilo que nos separa”.
Ela falou sobre o histórico de autoritarismo do país e como as elites não admitem um governo popular. “Somos um país de mais de 500 anos. Nós vivemos mais períodos de ditadura, sem democracia, sem direitos, do que períodos onde o povo teve protagonismo. Foram poucos períodos de avanço da social”
“A cabeça da nossa elite é a cabeça da exclusão. Também pudera, com 300 anos de escravidão, que é tratar o outro como objeto. Viam o escravo como patrimônio e não veem povo como gente”.
Gleisi ressaltou ainda a necessidade de se realizar uma reforma política, para alterar a configuração de forças na Câmara dos Deputados, e regular os meios de comunicação, combatendo o monopólio da informação.
“Se não mudarmos o Congresso, podemos eleger o presidente que for, ele sozinho não consegue governar”, avaliou.
“A Rede Globo foi em grande medida responsável pelo golpe. Não é regular o que se fala, o que não pode é uma Rede Globo ser dona de todas as retransmissoras do país, e fazendo campanha contra o povo”.
“Para tirar um governo progressista tiveram que dar um golpe e perseguem o Lula porque sabem a força que ele tem na disputa eleitoral”.
“O momento requer a união daqueles que acreditam que podemos fazer diferente, que podemos fazer algo alternativo. Não vamos reconstruir em 13 anos os 500 anos de história. Não vamos mudar uma história de subjugação em pouco tempo. Por isso a luta e a consciência da luta são importantes”.
Guilherme Boulos
Para o líder do MTST, Guilherme Boulos, “nossa força é nosso poder de mobilização no dia a dia. Nossa força é fazer nascer uma Vila Soma em todos os estados do país. Nossa força é construir resistência para emparedar o Congresso Nacional”.
E continuou: “Disputar eleição não resolve nossos problemas, temos que estar firmes e fortes porque independente de quem ganha e de quem perde temos que ter muita gente mobilizada para defender a democracia, os direitos”.
“A tarefa de defender o Brasil, a democracia, o nosso povo, é nossa. Temos que fazer isso com luta cotidiana, fazendo ocupações, fazendo greves e fazendo politica, não só na eleição, parlamento e governo, mas fazendo política nas ruas”.
Boulos defendeu ainda que hoje são três os principais desafios pra o Brasil: enfrentamento da desigualdade, aprofundar a democracia e defender as liberdades. “O primeiro desafio é enfrentar de forma dura a desigualdade, principal problema da sociedade. Há poucas semanas saiu relatório sobre desigualdade que mostrou que os 6 bilionários do país têm mais dinheiro que 100 milhões de pessoas. Quer violência maior que essa?”.
“Qualquer projeto que não enfrente isso, não é de esquerda ou popular. Isso significa mexer nos privilégios dos endinheirados, dos ricos acostumados a só ganhar”.
“Precisamos aprofundar a democracia nesse país. Achar que democracia é só ir lá de 4 em 4 anos apertar botão, não é democracia. Democracia é a Vila Soma, que se tem um problema, chama assembleia. O povo tem que ser chamado a decidir”, defendeu Boulos.
“Tem que ser chamado um plebiscito para o povo decidir se vale a reforma trabalhista, o desinvestimento social. Temos que propor saída democrática com o povo decidindo”.
“Temos que defender as liberdades que estão ameaçadas por uma direita rançosa que pensa com cabeça de casa grande, uma direita escravocrata, de conservadorismo que sufoca o povo brasileiro”.
“Para eles, legislação trabalhista para empregada é revolução. Essa turma não tem diálogo, tem que enfrentar e ganhar. Com fascismo não se dialoga, tem que enfrentar e ganhar”.
Confira como foi o debate:
VAMOS! OS CAMINHOS DA LUTA E DA ESQUERDA NO PAIS.Estou na Vila Soma em Sumaré num debate do Vamos.
Publicado por Guilherme Boulos em Segunda, 6 de novembro de 2017
Da redação da Agência PT