Golpe de 2016 e Bolsonaro mostram resultado: aumento de 40% da pobreza em Minas Gerais

Além do desemprego e do fim do auxílio emergencial em janeiro, a miséria assombra o Palácio do Planalto, enquanto o governo de Minas Gerais anuncia que deixará de pagar 13º dos salários dos servidores públicos. Secretário de Romeu Zema diz que o estado de Tancredo Neves e de Tiradentes terá 2,8 milhões de pobres no próximo ano: 14% a mais do que agora

Lula Marques

Jair Bolsonaro

A tragédia social infligida pelo governo de Jair Bolsonaro ao país no próximo ano começa a se apresentar nas estatísticas e cálculos oficiais. Além dos mais de 170 mil mortos e dos 6,2 milhões de brasileiros infectados, a pobreza ameaça transformar o país num campo de guerra. Nesta segunda-feira, 30 de novembro, o jornal Valor Econômico noticia que o estado de Minas Gerais estima um aumento de 40% da pobreza no próximo ano, por conta do fim do pagamento do auxílio-emergencial de R$ 300 bancados pela União. Isso representa mais de 14% da população mineira.

Além disso, o governo Romeu Zema anunciou que deixará de pagar o 13º salário aos servidores públicos do Estado. Isso acontece pelo terceiro ano seguido. A pobreza vai aumentar em Minas Gerais, terra de Tancredo Neves e do inconfidente Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes. A confissão do desastre social foi anunciada discretamente na última sexta-feira pelo secretário-geral do governo de Minas, Mateus Simões. “O fim do auxílio emergencial aos cidadãos está nos indicando um aumento que pode chegar a 40% do número de pessoas abaixo da linha de pobreza no Estado”, disse.

“Hoje são 2 milhões de pessoas aproximadamente [abaixo da linha da pobreza] e um cenário que temos é que esse número possa se aproximar de 2,8 milhões de pessoas”, afirmou. O estado de Minas Gerais tem 21,2 milhões de habitantes. Simões faz questão de explicar que não é que o fim do auxílio emergencial de R$ 300 – aprovados pelo Congresso Nacional após a insistência das oposições – que levará uma massa equivalente a 14% da população do estado diretamente para a pobreza. Ele diz que foi a perda de emprego e da renda provocada pela pandemia do Covid19.

Só não explica que a perda de empregos em Minas aumentou nos últimos dois anos, já na gestão de Zema, eleito com o discurso da eficiência e da boa gestão, inventado como bordão pelo partido Novo. Em agosto, a taxa de desemprego chegou a 12,5%. No ano passado, foi a 10%. E, em 2018, a 12,6%. A miséria no estado é crescente, apesar de ser o terceiro mais rico do país. Em 2018, os mais ricos (1% da população) recebiam 36,1 vezes o rendimento dos 50% mais pobres.

Bolsonaro e Zema. Próximo do presidente da República, o governador de Minas participou da reabertura do forno da Usiminas em agosto. Apesar da ligação, estado não tem dinheiro para bancar auxílio de R$ 35 para os pobres

Situação dramática 

O estado de Minas Gerais tem complementado a renda das famílias que vivem em situação de extrema pobreza com um pagamento de três parcelas de R$ 35 por pessoa. O valor foi pago com recursos da União, mas o governo de Romeu Zema diz que não tem como mantê-lo com o caixa próprio do estado. A situação é dramática, conforme o próprio secretário de governo.

“Nós estamos muito preocupados com o próximo ano. O cenário de aumento da população pobre pode nos levar a uma perda de arrecadação, porque leva a um empobrecimento geral e gera necessidade de aportes adicionais em assistência social”, explica. “Esse quadro tira receita de um lado e demanda despesa de outro”, disse Simões. Ele diz as previsões não levam em conta a eventual implementação do Renda Brasil, programa de transferência de renda em discussão no governo federal, que viria a substituir o Bolsa Família.

A um mês de fechar o ano, o governo Bolsonaro não decidiu o que vai fazer. Enquanto isso, os miseráveis vão se amontoando nas grandes cidades brasileiras. A previsão é que a crise seja mais aguda no primeiro quadrimestre de 2021 em Minas Gerais, com um atenuante: no início do ano a arrecadação de IPVA traz um pouco de alívio às contas do Estado. A previsão orçamentária enviada por Zema à Assembleia Legislativa para 2021 prevê déficit de R$ 11 bilhões. O estado tem déficit orçamentário desde 2015.

Da Redação, com informações do Valor Econômico

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast