Golpe não é só contra a Dilma, mas contra o povo, diz Haddad
Em debate, prefeito de São Paulo afirmou: “Não sou hesitante, tanto que estou há 30 anos no mesmo partido”
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Em debate eleitoral entre candidatos municipais de São Paulo, o prefeito Fernando Haddad afirmou que o golpe foi contra a presidenta Dilma Rousseff, mas também contra direitos e conquistas sociais. “O golpe não é apenas no mandato, é mais grave do que isto”, argumentou.
O debate aconteceu na noite desta sexta-feira (2), promovido por “RedeTV!”, “UOL”, Facebook e pela revista “Veja”.
“Houve ou não houve golpe?”, perguntou a candidata Luiza Erundina (PSOL). Em entrevistas, Haddad tem sido questionado sobre sua avaliação diante do afastamento de Dilma. Ele explica que jamais deixou de criticar o golpe ou de usar a palavra golpe.
“Quando eu dei esta resposta, eu estava dando uma distinção entre o golpe militar de 64, que suprmiu a democracia brasileira por 21 anos, deste golpe, de caráter institucional (…) Veja o que o Senado decidiu nesta semana, afastar a presidenta Dilma, mas manter seus direitos políticos”.
Para Haddad, este fato revela uma incoerência, como se os senadores reconhecessem que Dilma não está sendo afastada por cometer crime de responsabilidade. E, se não há crime, não pode haver impeachment, afirmou. “Como professor universitário, fiz esta distinção (entre golpe militar e golpe parlamentar ou institucional)”.
“O governo Temer mandou uma emenda constitucional, apoiada pela candidata Marta, que congela os gastos sociais no Brasil por 20 anos. Então para mim, o golpe que está sendo dado não é apenas um golpe no mandato. Ele é muito mais grave do que isso. Veja você que estava do lado dos mais humildes, hoje está do lado dos seus algozes impedindo que os gastos sociais avancem no Brasil com essa emenda que rasga a constituição de 1988″.
“Não sou hesitante, tanto que estou há 30 anos no mesmo partido”, reforçou.
O debate aconteceu no dia em que a Comissão Executiva do Partido dos Trabalhadores se reuniu na sede nacional, em São Paulo, para definir como reconstruir a democracia no Brasil. Clique aqui para acessar a nota oficial.
Haddad comentou também outros assuntos, como mobilidade urbana, educação. Veja as principais respostas abaixo:
Por que continuar sendo prefeito de São Paulo
“Quero continuar sendo prefeito porque, quando tive experiência em gerir o Ministério da Educação, pude me dedicar ao que mais precisavam, fazendo o melhor. Abrimos universidades para brasileiros, fazendo o que mais precisava. O Enem foi uma revolução”.
“Em São Paulo, estamos nos dedicando aos que mais precisam, investindo em transporte público, melhorando as mortes no trânsito, melhorando saúde e educação”.
CEU – Centro Educacional Unificado e educação municipal
“Fui um dos idealizadores do CEU (…) um projeto defasado desde então. (A partir de 2013) Realizei um projeto pedagógico, que é fazer as universidades no CEU – são 46, uma em cada CEU da cidade”.
Haddad lembrou também que, enquanto o governo estadual de Geraldo Alckmin (PSDB) não oferece merenda ou só entrega merenda seca, toda rede municipal recebe merenda de qualidade. Parte das escolas recebe merenda orgânica.
LED nos Bairros
Segurança Pública é responsabilidade do governo estadual, não do município, mas a prefeitura pode adotar medidas para colaborar. Em São Paulo, a principal política que diminuiu os riscos da população, principalmente à noite, é a instalação de lâmpadas de LED. “São Paulo será a primeira metrópole do mundo 100% LED”, disse o prefeito.
O programa LED nos Bairros está levando iluminação com lâmpada de LED – que são mais econômicas e mais potentes – aos bairros de São Paulo. “Começamos onde o povo acorda mais cedo (…) e vamos chegar a toda cidade até 2018, 2019”.
Dívida negociada em São Paulo
Com a negociação, Haddad conseguiu reduzir a dívida de R$ 82,3 bilhões para R$ 38,3 bi. A redução da dívida permite que a cidade volte a ter uma situação financeira saudável. A dívida anterior, que representava mais de 190% das receitas líquidas da cidade, além de travar parte do orçamento da cidade, pois comprometia uma grande parte com o pagamento da dívida, impedia que São Paulo se beneficiasse de linhas de crédito para projetos, como obras de infraestrutura.
Combate à corrupção
No segundo bloco, Haddad foi questionado se houve corrupção para financiar sua campanha eleitoral em 2012. O prefeito respondeu que não só não houve nenhuma irregularidade, como, depois de eleito, trabalhou para promover a transparência e combater a corrupção.
Para isso, a principal medida foi a criação da Controladoria Geral do Município (CGM), seguindo o modelo da Controladoria Geral da União (CGU) – extinta pelo governo usurpador, dias depois de o Legislativo afastar a presidenta Dilma.
Haddad lembrou que sua gestão desmantelou a Máfia do ISS, recuperando o desvio de pelo menos R$ 500 milhões das contas públicas de São Paulo.
Operação Lava Jato
“Acho que a Operação Lava Jato é grande oportunidade se atingir espinha dorçal do sistema de financiamento dos partidos políticos. Não pode ser seletiva, escolher alvo, como o PT. Mas, se atingir o PMDB, o PSDB, tenho certeza de que o Brasil sairá fortalecido. O que ela não pode é cumprir funções partidárias”.
Mais saúde
A última pergunta foi sobre como São Paulo pode oferecer consultas mais rapidamente. O prefeito informou que Rede Hora Certa, incluindo 26 unidades de Hospital Dia em funcionamento, que já diminuíram as filas.
Isto poque, no mesmo Hospital Dia, o cidadão pode fazer cirurgia, exame, consulta com especialistas, de forma que as cirurgias eletivas possam ser feitas na unidade e o paciente não precisa ficar internado.
Haddad é o primeiro prefeito da história democrática a ter construído e colocado para funcionar um hospital inteiro na cidade de São Paulo, na periferia do Jabaquara. O segundo a ser entregue será na periferia da zona Sul, em Parelheiros. O terceiro, em construção também, será na Brasilândia.
Da Redação da Agência PT de Notícias