Rui Falcão: ‘Saída para retomar democracia são eleições diretas’

Após a reunião da Executiva, presidente do PT afirma que as Diretas Já são fundamentais para substituir o presidente usurpador e barrar retrocessos

Foto: Paulo Pinto/Agência PT

A Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) realizou, nesta sexta-feira (2), sua primeira reunião após o golpe que afastou do Executivo o governo da presidenta Dilma Rousseff. Após o encontro, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, recebeu a imprensa na sede do partido e afirmou: “Diante de um governo que não tem voto, que usurpa o poder, que assalta o poder, achamos que a única maneira de reestabelecer a democracia é através do voto popular”.

Instantes antes da entrevista coletiva, o partido divulgou uma nota oficial. Clique aqui para ler. Participaram da reunião o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, o dirigente do MST Gilmar Mauro, além de parlamentares do PT.

Neste momento, a prioridade do PT é retomar a ordem democrática e barrar um projeto de desmonte das conquistas sociais que havia sido rechaçado nas eleições presidenciais de 2014. Os caminhos devem ser a intensificação das mobilizações populares para reforçar a rejeição ao golpe e a viabilização de eleições diretas para o Executivo o quanto antes.

Os instrumentos para as diretas ainda estão em debate e a ideia deve ser compartilhada com outros partidos e frentes. “É o que reproduzimos hoje por amplo consenso, de todas as forças políticas que compõe a direção nacional do PT”.

Para Rui Falcão, ao afastar Dilma, o Senado queimou mais de 54 milhões de votos e as eleições diretas são o caminho para o povo se manifestar.

Ao ser questionado, respondeu que, neste momento, o partido não está fazendo campanha política para eleições presidenciais de 2018. Está em curso, denunciou, uma “cruzada contra o PT e contra Lula” para inviabilzar sua atuação política.

“Para nós, o mandato da Dilma termina em dezembro de 2018. Continuaremos chamando o governo usurpador de governo usurpador”, disse. Segundo Rui Falcão, a presidenta recorrerá não somente ao Supremo Tribunal Federal (STF) como também a instâncias internacionais para denunciar o golpe, uma vez que não existiu qualquer crime de responsabilidade que justifique seu impeachment.

Vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, e Rui Falcão (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)

Vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, e Rui Falcão (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)

Enquanto oposição, no Legislativo, o PT votará contra qualquer projeto que fira liberdades individuais ou que entregue recursos do país ao capital estrangeiro.

“É um golpe para destruir conquistas sociais, a mais emblemática delas é a PEC 241, a PEC do Estado mínimo, que pretende congelar por 20 anos o orçamento, supondo que a população não aumente, que o jovem não se empregue, e que atinge saneamento básico, educação, saúde”, afirmou o presidente do PT.

Lamentou ainda que o ministro-chefe da Casa Civil do governo usurpador tenha afirmado que não haverá exceções – no orçamento – nem para saúde, nem para educação.

“É um golpe de classe. Porque sabiam os golpistas que o programa que começam a implementar agora seria inviável se passasse pelo crivo do voto popular”, reforçou.

Com a votação do afastamento de Dilma pelo Senado, ruas de todo o país são diariamente ocupadas com manifestações pela democracia. Apesar de a maior parte dos participantes protestar pacificamente, policiais militares têm reprimido de forma brutal os atos. “Além de uma onda regressiva nos direitos sociais e trabalhistas, há uma onda regressiva”, afirmou.

Em São Paulo, o excesso policial causou a perda da visão de um olho na militante do Levante Popular da Juventude Deborah Fabri, no dia 31 de agosto. Na coletiva, Rui Falcão condenou ainda um artigo publicado em uma revista tradicional do país em que o autor afirma que seria bom para a esquerda se  Deborah tivesse perdido os dois olhos.

Mais cedo, o PT emitiu uma nota de solidariedade à estudante.  “Pedi inclusive que nosso advogado pudesse entrar em contato com ela para oferecer apoio jurídico para uma eventual indenização”, disse.

Rui Falcão criticou a repressão e o decreto que permite o uso das Forças Armadas para reprimir manifestações no próximo domingo (4), na Avenida Paulista, em São Paulo, sob o pretexto de permitir a passagem da Tocha Paralímpica. Segundo ele, o ato deve começar depois de passar a tocha: “Ninguém quer perturbar este evento. Até porque, quem trouxe as Olimpíadas para o Brasil, foi nosso governo legítimo”.

A manifestação foi convocada pelas Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo.

A Executiva Nacional também agradeceu publicamente, por meio de nota, o cantor e compositor Chico Buarque, por ter se posicionado contra o golpe.

Apesar de este não ser o assunto central da reunião, Rui Falcão mencionou que “nas eleições municipais, além de buscar votos para aumentar nossas bancadas e eleger prefeitos, vamos denunciar o golpe e suas consequências, defender os prejudicados”.

Por Daniella Cambaúva da Agência PT de Notícias

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast