Governo Bolsonaro afunda país em recessão e desemprego

O mercado vem ajustando previsões do PIB para 2019, sempre para baixo. O PIB per capita do Brasil este ano deve ser negativo”

Agência Brasil

O ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, debate a reforma da Previdência (PEC 6/19).

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 0,2% no 1º trimestre de 2019, na comparação com o último trimestre de 2018. É o que aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em dados divulgados nesta quinta-feira (30).

A retração é ainda mais preocupante porque, ainda que a economia do País venha sendo asfixiada pela política austericida desde o governo Temer — patinando em crescimentos pífios e vegetativos — essa é a primeira queda do PIB desde o 4º trimestre de 2016, quando houve um recuo de -0,6%.

Recessão à vista

O economista Bruno Moretti, assessor da Bancada do PT no Senado, explica que o Brasil está perigosamente próximo da recessão econômica—tecnicamente, essa condição se caracteriza por dois trimestres seguidos de queda do PIB — já que as expectativas para o segundo trimestre de 2019 também são francamente desfavoráveis.

“O mercado vem ajustando previsões do PIB para 2019, sempre para baixo. O PIB per capita do Brasil este ano deve ser negativo”.

Quedas preocupantes

A queda é verificada em praticamente todos os indicadores. Pelo lado da oferta, a indústria despencou -0,7%, a agropecuária perdeu 0,5% e a formação bruta de capital fixo — investimentos em máquinas, equipamentos e outros insumos para a produção — desabaram -1,7%.

Entre os dados nais inquietantes está o desempenho da construção civil. O setor, que é um grande empregador, sofreu uma queda de -2% nos primeiros três meses de 2019 . As exportações tiveram encolhimento similar no mesmo período: -1,9%.

“O mais grave é que o novo governo está decidido a aprofundar as políticas de austeridade que herdou de Temer, que já haviam estagnado a economia. Bolsonaro joga o País para o campo recessivo”, avalia Moretti.

Destravar a economia

O investimento — a chamada formação bruta de capital — seria a chave para destravar a roda da economia e fazê-la girar para a frente. “Mas o investimento privado não sai do papel se não houver expectativa de compra da produção”.

Depois de registrar taxas que chegaram aos 21%, o Brasil viu esse indicador despencar: em 2018, o investimento ficou em 15,8% e neste primeiro trimestre de 2019 está em 15,5%.

Com o nível de endividamento das famílias cada vez mais elevado e o crescente contingente de pessoas sem trabalho — já são mais de 13 milhões de desempregados e quase 5 milhões de desalentados — o setor privado não tem confiança para investir, já que o mercado interno está minguando, explica o economista.

Importância do investimento

“O investimento público é central para reverter a estagnação econômica”, alerta Moretti. O governo Bolsonaro, porém, rema na direção contrária: os investimentos previstos no Orçamento estão cerca de R$30 bilhões abaixo dos valores executados em 2014.

Além disso, Bolsonaro e Paulo Guedes contingenciaram cerca de R$ 30 bilhões do Orçamento, o que afetará ainda mais os investimentos. “A política fiscal recessiva gerará efeitos ainda maiores sobre o PIB e o desemprego”, avalia o economista.

Dinheiro na mão do pobre

Outro ponto essencial para reverter a estagnação da economia seria – para utilizar a expressão do presidente Lula — “colocar dinheiro na mão do povo” por meio da valorização do salário mínimo e das políticas sociais para estimular o consumo.

Bolsonaro, neste ponto, também aposta no inverso. O governo atual deixa de dar aumento real ao salário mínimo, corta beneficiários do Bolsa Família e investe contra outros benefícios para os mais pobres, como O BPC, que pretende reduzir a menos da metade com a Reforma da Previdência.

Para se ter uma ideia da importância do consumo na movimentação da economia, esse item representa cerca de 65% do Produto Interno Bruto.

Por PT no Senado

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