Governo Bolsonaro sabota vacinas e expõe vida dos brasileiros
O Brasil tem uma das mais baixas coberturas vacinais dos últimos 20 anos; a melhor marca na cobertura vacinal do país foi em 2015, no governo de Dilma Rousseff: 95,1% das pessoas
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O Brasil pode viver o pesadelo do retorno de doenças erradicadas por falta de vacinação. O país tem hoje uma das mais baixas coberturas vacinais contra doenças graves dos últimos 20 anos. As enfermidades, em um governo que desestimula a vacinação e promove campanhas antivacina, atingem principalmente crianças e adolescentes.
O baixo investimento na área da saúde no governo de Bolsonaro, a privatização e o ataque ao SUS podem trazer de volta doenças como tuberculose, paralisia infantil, sarampo, caxumba, rubéola e catapora.
Conforme estudo realizado pela pesquisadora de políticas públicas Marina Bozzetto, da Universidade de São Paulo (USP), a pedido do Globo, os três imunizantes que tiveram menor cobertura em 2021 foram as vacinas de poliomielite ou paralisia infantil (52,% de cobertura), a segunda dose de tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola, com 50,1%) e tetra viral (tríplice viral mais proteção contra varicela, ou catapora, com 5,7%).
Melhor marca nos governos PT
Em 2012, no governo de Lula, a cobertura contra a pólio era de 96,5%, e a doença era considerada erradicada no Brasil. A melhor marca na cobertura vacinal do país foi em 2015, no governo de Dilma Rousseff, quando a média chegou a 95,1% de pessoas completamente imunizadas de acordo com o público-alvo de cada vacina do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Em 2021, no governo de Jair Bolsonaro, a média da cobertura ficou em 60,8%.
A coordenadora do Setorial Nacional de Saúde do Partido dos Trabalhadores (PT), Eliane Cruz, ressalta que a vacinação, como medida de proteção à saúde e prevenção de doenças, precisa de investimento em comunicação social e campanhas de qualidade. “Se o país alcançou um número importante de vacinação na pandemia da Covid-19 foi com a ação dos governadores e prefeitos, e não de Bolsonaro.
“O SUS tem 38.000 postos de vacinação na atenção básica em saúde e o melhor programa de imunização do mundo. Mas é o poder público, por meio de governos comprometidos com a saúde pública como os governos do PT que puderam, em 2015, atingir um índice de qualidade na vacinação. Desde o golpe, a saúde é tratada como mercadoria e não como bem público, por isso os números caíram, porque o governo golpista e o governo genocida não valorizam a vida do povo brasileiro”.
Índices em queda
Ainda segundo o levantamento, realizado com base nos dados do Ministério da Saúde, desde 2018 os índices estão em queda, e pioraram durante a pandemia da Covid-19. A pesquisa aponta falhas na proteção historicamente conferida pelas vacinas, que pode levar o Brasil a viver novos surtos e o ressurgimento de várias doenças que haviam ficado no passado.
Legado do PT
Nos governos do Partido dos Trabalhadores, os investimentos em ações e serviços públicos de saúde cresceram 86% acima da inflação, passando dos R$ 64,8 bilhões investidos em 2003, no primeiro ano do governo Lula, para R$ 120,4 bilhões no último ano do governo Dilma.
Após o golpe, o que se viu foi a aprovação de um teto de gastos desumano, que faz o orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) diminuir ano a ano, até mesmo durante a pandemia.
Com mais recursos injetados no SUS, Lula e Dilma criaram políticas inovadoras, como o Programa Mais Médicos, a Farmácia Popular e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
– SAMU: Criado por Lula em seu segundo ano na Presidência, desde 2016, pelo menos 3.049 municípios de todos os estados brasileiros já haviam recebido 2.525 ambulâncias básicas, 583 UTIs móveis e 185 centrais de regulação, cobrindo nada menos que 75% da população brasileira. Após o golpe contra Dilma Rousseff, o programa teve sua expansão interrompida.
– O Farmácia Popular: marcou o primeiro ano do governo Dilma, com uma estratégia tão simples quanto eficaz. Como mais de 60% das mortes com causas conhecidas no país tinham relação com o diabetes e a pressão alta, o governo federal passou a financiar os medicamentos para tratar essas doenças. E as pessoas passaram a ter o direito de adquiri-los nas farmácias de graça. Em 2012, três medicamentos para asma, doença que mais provocava internação de crianças, foram incluídos. Em 2016, o total de beneficiados passava de 30 milhões. E o país ainda havia economizado, porque a distribuição de remédios reduziu o número de internações, que custava muito mais ao SUS. Em 2017, Temer extinguiu o programa.
– Mais Médicos: outro marco dos governos de Lula e Dilma foi o Mais Médicos. Lançado em julho de 2013, ele resolveu um problema histórico no Brasil: a falta de doutores nas periferias das grandes cidades e no interior do país. O programa contratou 18.240 profissionais, que atenderam 63 milhões de brasileiras e brasileiros. Um dado mostra o quanto a iniciativa era necessária: em 2016, quase metade dos municípios brasileiros só tinham médicos contratados pelo programa, que, mesmo assim, foi alvo de desmonte até ser extinto por Jair Bolsonaro.
Os investimentos crescentes em Saúde permitiram ainda aumentar a cobertura das equipes do Saúde da Família de 32% para 61% da população; construir 4,2 mil Unidas Básicas de Saúde (UBS) e ampliar ou reformar outras 11,4 mil; levar tratamento dentário a 83 milhões de pessoas por meio do Brasil Sorridente; criar 449 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs); e fazer a taxa de mortalidade infantil, que, em 2010, era de 17,2%, cair para 13,3%, em 2016.
– Rede Cegonha: expandiu os atendimentos a gestantes em todo o Brasil.
– SUS: O Sistema Único de Saúde (SUS) é um patrimônio conquistado pelos brasileiros e brasileiras com a Constituição de 1988. No entanto, quando o PT chegou ao governo federal, em 2003, a cobertura e a qualidade da atenção à saúde eram insuficientes e havia grandes obstáculos à efetiva garantia do direito à saúde. Duas diretrizes moveram as políticas adotadas pelo PT nos 13 anos seguintes: ampliar o investimento na rede e nos serviços de saúde e eliminar os vazios assistenciais existentes, para constituir uma efetiva rede universal e gratuita de saúde, descentralizada, democrática e com maior equidade.
Da Redação