Há sabotagem política e má vontade da imprensa com PT e Dilma, critica Lula

Ex-presidente garantiu que vai processar autores de notícias caluniosas, agressores e responsáveis por divulgação de boatos

A atuação da mídia monopolizada foi amplamente criticada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante café da manhã com blogueiros na manhã desta quarta-feira (20), no Instituto Lula. Para ele, “há sabotagem política e má vontade de setores da imprensa” com o Partido dos Trabalhadores, com a presidenta Dilma Rousseff e também com a democracia brasileira.


“A impressão é de que não tem notícia boa. Antes tinha do Corinthians, mas o time foi desmontado. Agora teve impeachment no Corinthians”, ironizou o ex-presidente.

Após afirmar que não admitirá mais mentiras no lugar de informações, Lula reafirmou a postura de abrir processo contra autores de notícias caluniosas, agressores e também responsáveis por divulgar boatos.

Nesta semana, uma imagem que fazia referência a Lula apareceu no lugar do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em uma charge sobre recebimento de propina no jornal “Zero Hora”.

Durante a entrevista, o ex-presidente lembrou que há muitos anos é alvo de boatos como forma de ataque pessoal e acredita que chegou o momento de cobrar dignidade da imprensa. “Tudo o que os advogados entenderem que cabe um processo, eu vou iniciar um”, afirmou.O ex-presidente disse não ser contra a politização da imprensa, desde que seja feita no espaço adequado e com dignidade. “Publiquem no editorial o que quiserem. Mas não admito mentira no lugar da informação”, disse.

“Daqui a pouco vão dizer que meu filho ganha dinheiro com o corpo do Lênin, do Mao Tse Tung. Tamanha a desfaçatez”, criticou o ex-presidente.

Lula citou também o espaço desigual dado pela grande imprensa para denúncias contra integrantes do PT e para denúncias contra outras legendas. Ele disse que não se pode culpar o partido inteiro porque algumas pessoas cometeram erros.

“Espero que sejam julgados, sejam respeitados, direitos humanos sejam respeitados, o julgamento aconteça com lisura e isenção”, afirmou.Além de citar os boatos criados contra ele e sua família, o ex-presidente lembrou a eleição para o primeiro mandato e disse que o PT ainda enfrenta, atualmente, muita resistência por preconceito.

“Eu era um estranho no ninho. Aquilo não foi feito para mim. A presidência não foi feia para um operário chegar lá. A Bolívia não foi feita para um índio. O Senado não foi feito para mulher, não tem nem banheiro lá”, afirmou.Para ele, mesmo com as críticas, o povo brasileiro não deverá deixar de reconhecer as mudanças sociais que as gestões petistas trouxeram: “Feche os olhos 30 segundos e veja o que seria desse país sem o PT. O que seria a política deste país sem o PT”, pediu.

Ele criticou a capa de uma revista semanal que publicou fotos de presos da Operação Lava Jato, como forma de execrá-los publicamente. Para Lula, a publicação poderia, inclusive, comprometer o julgamento.

“Um homem sério e uma mulher séria não podem permitir a execração das pessoas neste país”, afirmou.Lula lembrou de uma ação que moveu, em 2003, contra o jornal “Folha de S.Paulo”, que foi condenada a publicar uma sentença favorável ao ex-presidente. Ele havia recorrido à Justiça por conta de uma reportagem publicada em novembro de 1993, que fazia falsas acusações sobre um sindicato filiado à CUT que desviaria recursos para a tendência interna do partido Articulação.

O ex-presidente lamentou também que existam numerosos boatos espalhados sobre ele, sua família e sobre a presidenta Dilma Rousseff.

Partido diferente – Lula falou também sobre críticas que o PT tem recebido e reconheceu que o partido mudou depois de entrar para a disputa institucional, em parte com o encarecimento do custo de campanhas eleitorais.

“O PT precisa reconhecer que não podemos ser iguais aos outros partidos políticos. O PT nasceu para mudar a lógica dos partidos tradicionais, não pode fazer o que os outros fazem. O PT tem que ser diferente”, disse.“Tem gente que está descontente com o PT, mas está esperando ele melhorar para poder votar. (…) O PT aprendeu uma grande lição”, completou.

Durante a entrevista, Lula defendeu o financiamento público de campanha como mecanismo de democratização da disputa política. “Do jeito como é hoje, quem é pobre e mora na periferia não tem condições de competir com quem já tem mandato, este é um fato”, argumentou.

“Graças a Deus o PT começou a propor o fim do dinheiro de empresário para campanha”, ressaltou Lula, sobre a decisão do partido, anunciada em abril de 2015, de abrir mão do financiamento empresarial.

De acordo com a reforma eleitoral sancionada pela presidenta Dilma em 2015, o financiamento eleitoral de pessoas jurídicas está proibido. As campanhas serão financiadas exclusivamente por doações de pessoas físicas e pelos recursos do Fundo Partidário, conforme decidiu o Supremo Tribunal Federal (STF).

Por Daniella Cambaúva, da Agência PT de Notícias

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