Ignorado por Jair, Consórcio Nordeste vai à Europa em busca de recursos
Governadores nordestinos visitarão países europeus em novembro em busca de investimentos e parcerias internacionais para obras de infraestrutura e tecnologia
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O Consórcio Nordeste, bloco recém-criado pelos nove governadores da região, realizará sua primeira viagem internacional em novembro, com o objetivo de obter recursos e parcerias. A iniciativa estuda estratégias de gestão e desenvolvimento regional, e parcerias internacionais serão fundamentais. O Nordeste é alvo do preconceito, boicote e ataques do desgoverno de Jair Bolsonaro (PSL).
O presidente da Caixa Econômica Federal tem orientado seus funcionários a não liberar empréstimos para estados e municípios da região. Com isso, somente 2,2% dos empréstimos realizados pela Caixa foram para governos e prefeituras do Nordeste. Sob o governo Bolsonaro, apenas R$ 89 milhões dos R$ 4 bilhões emprestados pelo banco foram para operações dos nove estados. Nos últimos 2 anos, os valores emprestados giravam em torno de R$ 1,3 bilhão.
Roteiro e estratégia
A delegação do consórcio pretende visitar Itália, França, Alemanha e Espanha, podendo ir também à Rússia, China e Coreia do Sul. Nas negociações, os representantes planejam obter financiamento para obras de infraestrutura, como por exemplo melhorias no saneamento básico.
A organização do consórcio e a consolidação da unidade regional devem atrair grande interesse internacional. A avaliação foi feita por Izolda Cela (PDT), vice-governadora do Ceará, que também destacou outros fatores interessantes: “A área de energia renovável, como a eólica e a solar, é um potencial muito forte nosso”. Dados do IBGE de 2016 mostram que a região tem um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 889 bilhões, equivalente a 14% do PIB brasileiro.
Abandono do governo federal
Bolsonaro já deu diversos indícios recentes de seu preconceito pelo Nordeste. No último mês, em conversa com o ministro Onyx Lorenzoni, atacou os governadores da região e se referiu aos nordestinos como “paraíbas”. O termo é usado de forma pejorativa no Rio de Janeiro, estado em que Bolsonaro viveu por décadas. Na terça (6), o desvairado presidente também disse que para virar nordestino “só falta crescer a cabeça”, mais uma vez destilando seu preconceito.
Todo esse desprezo pela região pode ser observado pelo abandono econômico do governo federal. A atual gestão retirou operações da Petrobras do Nordeste. O economista Pedro Rafael Lapa explicou as consequências:
“Desde 2016 há um recuo. A Petrobras anuncia, de maneira formal que está saindo do Nordeste porque o Nordeste não cabe no plano de negócio dela. Particularmente em Pernambuco isso é desastroso. O pólo petroquímico foi vendido, mas é uma maneira de dizer, porque ele foi doado por 10% do seu valor; o estaleiro Atlântico Sul já está parado e todo o sistema de distribuição do gasoduto do Nordeste já foi privatizado”.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Brasil de Fato