“Janja tem de ser respeitada”, afirma ex-presidenta Dilma Rousseff

Dilma critica fala de jornalista contrária à postura participativa de Janja da Silva. A socióloga e futura primeira-dama, por sua vez, avisa que é uma pessoa “que não fica sentada, mas que vai e faz”

Ricardo Stuckert

Janja participa de ato de campanha de Lula: combater a violência contra as mulheres é uma de suas principais causas (foto: Ricardo Stuckert)

A ex-presidenta Dilma Rousseff usou as redes sociais para defender o direito de Janja da Silva e de todas as mulheres a ter opinião, a se engajar nas causas em que acreditam e a participar ativamente do debate público.

Dilma reagiu a uma fala da jornalista Eliane Cantanhede, segundo quem Janja incomodaria por “ocupar excesso de espaço” e não deixar de expressar suas opiniões a respeito do futuro do país (leia nota da Secretaria Nacional das Mulheres do PT sobre o assunto).

“A jornalista que critica uma mulher por ‘ocupar excesso de espaço, participar de reuniões e dar palpites’ é preconceituosa”, observa Dilma. “Exigir das primeiras-damas que sejam silenciosas é reproduzir o pior da misoginia e do machismo”, completa (leia a íntegra da nota abaixo).

“Sou propositiva”, diz Janja

A nota de Dilma foi publicada no domingo (13), mesmo dia em que Janja, ao conceder entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou que não está disposta a se curvar perante o machismo.

“Eu sou essa pessoa. Uma pessoa que é propositiva, que não fica sentada, mas que vai e faz”, avisou a socióloga, que pretende sim contribuir como puder para a reconstrução do Brasil que se iniciou com a eleição de Lula.

Janja disse que pretende apoiar “pautas importantes para as mulheres, para as pessoas e para as famílias”, exercendo “um papel de articulação com a sociedade civil”.

“Um compromisso meu, com certeza, é trazer à luz alguns temas que eu carrego na minha história, como a questão de violência contra as mulheres. Eu quero trabalhar com muita força, fazer a discussão com a sociedade. Não é com medida provisória que você resolve essa questão”, afirmou Janja, citando ainda o acesso à alimentação de qualidade e o combate ao racismo como outros temas caros a ela.

Leia a íntegra da nota de Dilma Rousseff

Em defesa das mulheres: um dos fatos mais preconceituosos da semana foi a tentativa da jornalista Eliane Cantanhede de reviver o triste, lamentável e misógino episódio do ‘bela, recatada e do lar’.

A jornalista que critica uma mulher por ‘ocupar excesso de espaço, participar de reuniões e dar palpites’ é preconceituosa. Simone de Beauvoir ensinou que o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.”

Exigir das primeiras-damas que sejam silenciosas é reproduzir o pior da misoginia e do machismo. Janja tem de ser respeitada. Lugar de mulher é onde ela quiser estar. Isto vale para jornalista, vale para militante que seja mulher de presidente, vale para cada uma de nós, mulheres.

Da Redação

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