Jean Paul: “Bancos precisam agora baixar os juros e emprestar”

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) está indignado com a obsessão dos bancos em manter altas taxas de lucros e juros elevados, no momento em que a atividade econômica está recuando em função da pandemia do coronavírus. O Brasil deve mergulhar numa recessão de 5% do PIB, de acordo com estimativas do Banco Mundial, mas o sistema financeiro nacional permanece insensível. O senador reitera que tem recebido denúncias de abusos cometidos pelos bancos.

Os aumentos nas taxas de juros, em alguns casos, chegam a mais de 70%. Nos empréstimos pessoais, as taxas também estão em níveis absurdos para um país com a taxa Selic – a taxa básica de juros da economia – de 3,75%. “O Congresso Nacional não pode ficar inerte diante dessa situação. Se necessário, vamos votar aqui projetos obrigando os bancos a darem sua parcela de sacrifício nesta crise”, disse o parlamentar.

“Quem está lá em cima e manipula o dinheiro já está perfeitamente atendido nesse período de emergência do coronavírus no país”, denunciou. “Agora, eles precisam olhar com atenção para a base da pirâmide”, completou.“Está na hora dos bancos baixarem os juros e emprestarem dinheiro para as pessoas e as empresas”.

 

Liquidez

Jean Paul lembrou que o governo federal baixou a taxa de juros e anunciou medidas que liberaram mais de R$ 1,216 trilhão para os bancos brasileiros, para que as instituições bancárias pudessem fazer mais operações, com taxas menores para os seus clientes. “Não é nada disso que tem acontecido. Lojistas denunciaram ao Ministério da Economia que os bancos estão aumentando os juros em operações para o comércio”, afirmou.

Em 2019, os lucros dos maiores bancos no país subiram 13% e alcançaram R$ 81,5 bilhões. Ele comparou que a dinheirama é superior aos recursos alocados pelo governo para o pagamento do auxílio emergencial a cerca de 30 milhões de brasileiros durante a pandemia. Vale lembrar que o Brasil é o único país do mundo – além da Estônia – em que lucros e dividendos não são taxados pelo governo e não pagam nenhum centavo de imposto de renda.

Seis em cada dez pequenos negócios no país que já buscavam crédito no sistema financeiro desde o início da crise tiveram o pedido negado, segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).  Há também, de acordo com a entidade, bastante desconhecimento dos empresários a respeito das linhas de crédito que estão sendo disponibilizadas para evitar demissões: 29% não conhecem as medidas oficiais e 57% apenas ouviu falar a respeito.

Nesta segunda-feira (13), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciou que as instituições financeiras estão estudando um prazo de carência para o crédito consignado. A entidade anunciou que a renegociação de dívidas e concessão de novos empréstimos já somam R$ 350 bilhões, desde o início da crise, em março.