Jurista critica atuação de Moro e coação com prisões na Lava Jato
Na avaliação de Celso Antônio Bandeira Mello, a imprensa monta palco para o juiz do Paraná. Além disso, ele diz que empresários são submetidos a tortura psicológica
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Para o jurista Celso Antônio Bandeira Mello, as prisões na Operação Lava Jato, conduzida pelo Juiz Sérgio Moro, estão utilizadas para “coação”. Além disso, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, o especialista critica a atuação da imprensa em relação ao caso. Na avaliação dele, a mídia “monta palco” para Moro.
“O juiz Sergio Moro é um juiz que quer aparecer. É evidente que há abuso e excesso. A delação premiada não é um instituto que existe para coagir. Você prende uma pessoa e a mantém presa até que faça uma delação? Isso é coação. Delação deveria ser espontânea”, criticou Mello.
“Com o apoio da imprensa, o país está caminhando, a passos largos, para o fascismo. Se a imprensa não montasse um palco para esse juiz, isso não aconteceria”, avaliou o jurista.
Além disso, o especialista alega que os empresários presos estão sendo submetidos a “tortura psicológica”, em decorrência das celas onde foram colocados.
“O que tem sido noticiado é empresário sendo preso e submetido a condições muito insatisfatórias. Vamos ser realistas, se você viveu numa favela, sua condição de vida é uma”, disse.
“Se você está acostumado a um mínimo de privacidade e o colocam numa cela que só tem um buraco sem porta, você está sendo torturado. Colocar alguém nessas condições é submetê-lo a tortura psicológica”, completou.
Mello também defendeu o combate à corrupção promovido pelos governos do PT e atacou a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), que flexibilizou a Lei de Licitações para as estatais.
“A corrupção sempre houve. Foi o governo FHC que flexibilizou a Lei de Licitações para as estatais, deixando o galinheiro sob o cuidado da raposa. Agora, esta é a primeira vez que vejo num governo tanto ataque à corrupção. Não é estranho que sempre tenha havido corrupção e a imprensa tenha ficado calada? Não tenho ilusão com a imprensa”, finalizou o jurista.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do jornal “Folha de S. Paulo”