Lava Jato usa métodos semelhantes aos da máfia, denuncia líder do PT

“Não é só o esquema criminoso do outdoor, mas há também falsificação ideológica, associação criminoso, peculato e a criação de uma máfia das delações”

Lula Marques

O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), denunciou hoje (26) que a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba age como “uma operação criminosa” e usa “sofisticado método de proteção entre seus integrantes semelhante ao da máfia”. Para ele, a força-tarefa tem que ser profundamente investigada por seus desvios e irregularidades, com a punição exemplar de seus integrantes que cometeram crimes.

A afirmação de Pimenta foi feita a propósito de novas revelações do site The Intercept Brasil, que mostram que o procurador Diogo Castor de Mattos confessou ao corregedor-geral do Ministério Público Federal, Oswaldo Barbosa, ter pago por um outdoor com o objetivo de promover a Operação Lava Jato.

Mesmo após a confissão de Castro de Mattos o corregedor-geral abafou o caso após trocar mensagens com Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa. A peça publicitária, instalada próxima ao aeroporto de Curitiba, era ilegal. Oswaldo Barbosa, no entanto, encerrou o caso sem investigação formal e omitiu a confissão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que também poderia punir o procurador.

Métodos criminosos

Para Pimenta, os áudios revelados pelo Intercept nesta segunda-feira comprovam as denúncias que ele e o ex-deputado Wadih Damous (PT-RJ) têm feito há anos sobre os métodos criminosos da Lava Jato. “Não é só o esquema criminoso do outdoor, mas há também falsificação ideológica, associação criminoso, peculato e a criação de uma máfia das delações”, disse o líder.

Pimenta lembrou que o procurador Diego Castor de Mattos já foi denunciado pelo advogado Rodrigo Tacla Durán, que reside na Espanha e acusa a Lava Jato de achacá-lo. Ex-advogado da Odebrecht, Durán denuncia há tempos que há um verdadeiro esquema suspeito em torno da Operação Lava Jato que deve ser investigado, pois envolve comércio de delações, proteções, extorsões, tráfico de influência e seletividade nas decisões da força tarefa comandada pelo então juiz Sérgio Moro.

Conforme lembrou Pimenta, um irmão do procurador Castor de Mattos atua num escritório de advocacia em Curitiba ligado “à máfia das delações”.

Máfia de Curitiba

Áudios do arquivo da Vaza Jato divulgados nesta segunda-feira mostram que membros da força-tarefa sabiam da confissão, e o episódio causou preocupação: nos bastidores, o grupo atuou para esvaziar a apuração e a publicidade do caso. O coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, intermediou conversas com Barbosa para proteger Castor de Mattos, mesmo sabendo da confissão de culpa.

As mensagens indicam que o corregedor disse a Dallagnol que iria suspender apurações e manter o caso em segredo”, destaca a reportagem. “O lobby foi bem-sucedido. Nenhum procedimento foi instaurado para apurar a conduta do procurador, que se afastou da operação logo depois da confissão apresentando um atestado médico”.

Segundo a matéria, “como a confissão de Castor de Mattos foi abafada, o CNMP arquivou um pedido de investigação alegando que não havia indícios da participação de membros do MPF no aluguel do outdoor”. “Também é papel do corregedor compartilhar informações com conselhos superiores, como é o caso do CNMP, que engloba também as procuradorias estaduais, militares e do trabalho do país”.

Em conversas reservadas no Telegram obtidas pelo Intercept, o procurador Deltan Dallagnol e outros procuradores da força-tarefa recomendaram “sigilo total” aos colegas, para o caso não ganhar repercussão na imprensa. “Pelo menos três procuradores mencionaram a confissão de Castor de Mattos em áudios anexados às conversas”, diz o site.

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Por PT na Câmara

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