Lideranças do PT participam do Painel “Mulheres, Clima e Poder”

Evento na COP30 debateu papel da mulher latino-americana na agenda climática, reforçando o compromisso do partido com a formulação de políticas ambientais

Cláudio Kbene/PR

A atividade promoveu debate sobre a importância de ampliar a presença feminina nas decisões sobre o clima

Importantes representações femininas do PT participaram na tarde de quinta-feira (13) do painel “Mulheres, Clima e Poder”, realizado na Zona Azul da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. O debate contou com a presença da primeira-dama e enviada especial das mulheres da COP30, Janja Lula da Silva; da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT-RN); da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; da ministra das Mulheres, Márcia Lopes, e da deputada federal e coordenadora da Bancada Feminina da Câmara dos Deputados, Jack Rocha (PT-ES). Participaram ainda a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministra do Superior Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, e a ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet.

Ao reunir lideranças brasileiras e internacionais, a atividade promoveu um rico debate sobre o papel das mulheres na formulação de políticas ambientais e na construção de soluções sustentáveis.

Janja destacou o importante ato político que afirma o protagonismo das mulheres nas decisões sobre o futuro do planeta. Para ela, quando as mulheres ocupam espaços de poder, não se trata apenas de representatividade, mas de transformação, incorporando cuidado, diálogo e construção coletiva. 

Ela reforçou que o papel das mulheres na agenda climática vai além das grandes instituições, abrangendo lideranças comunitárias e territórios onde agricultoras, pescadoras, mulheres indígenas, quilombolas e trabalhadoras rurais preservam biomas, recuperam solos, protegem ecossistemas e mantêm saberes essenciais à vida.

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Inspiração feminina

A governadora Fátima Bezerra ressaltou a inspiração das lideranças femininas presentes e homenageou Michelle Bachelet, destacando seu papel transformador na política. Para ela, “justiça climática e igualdade de gênero são inseparáveis” e experiências no mundo e no Brasil mostram que mais mulheres no comando resultam em mais proteção social, direitos e participação.

Fátima lembrou ainda o protagonismo feminino na resistência ao fascismo e ao negacionismo no país. A governadora alertou que ainda há sub-representação das mulheres e que o futuro sustentável só será possível com mais delas governando e legislando. 

Para a deputada Jack Rocha, debater mulheres, clima e poder é fortalecer a ideia de que a democracia é uma construção coletiva. Ao mencionar sua trajetória como primeira negra eleita pelo Espírito Santo, a companheira relembrou o impacto do rompimento da barragem de Mariana, que completou 10 anos este mês, e afirmou que as mudanças climáticas afetam especialmente as mulheres, produzindo fome, desigualdade e falta de acesso a direitos no presente. 

Na avaliação da parlamentar, é preciso fortalecer a presença feminina na cooperação parlamentar latino-americana e na cooperação Sul-Sul. “Nós que somos mais de 50% do planeta sabemos muito bem que essas ações e mitigações só têm sentido se todos nós estivermos juntas nesse espaço de protagonista.” 

Ela também valorizou a atuação da bancada feminina na aprovação de leis fundamentais, como a igualdade salarial, a política de cuidados, a licença-paternidade e a proteção às mulheres indígenas, lembrando que essas iniciativas dão voz a grupos historicamente invisibilizados.

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Ministras do governo Lula 

A ministra Anielle Franco ressaltou que embora as mulheres, especialmente as negras, lidem historicamente com os cuidados, as respostas às crises e as práticas de sustentabilidade, o poder ainda não está plenamente em suas mãos. Por isso, defendeu a valorização da coletividade feminina, lembrando que mulheres negras que atingem posições de liderança nunca chegam sozinhas: carregam consigo vozes, lutas e esperanças de suas comunidades. 

Anielle enfatizou ainda que o debate exige atenção aos impactos desiguais da violência e do abandono sobre territórios periféricos e quilombolas, citando os assassinatos de Marielle Franco e Mãe Bernadete como símbolos dessa brutalidade.

A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, destacou a relevância da presença feminina nos espaços de debate climático, lembrando que ainda é muito pequeno o número de mulheres que lideram delegações internacionais. Ela reforçou a importância de ampliar essa atuação em governos, organismos internacionais e movimentos sociais. Para ela, “não há justiça climática sem justiça de gênero, racial e de classe”.

Márcia também defendeu eleições paritárias, a exclusão de candidatos que violentaram ou desrespeitam mulheres e o financiamento adequado de campanhas.

Defesa para ações transformadoras

Em sua fala, a ministra Cármen Lúcia destacou que vive-se em um mundo “marcado por indignidades, especialmente contra as mulheres, que ainda são tratadas como objetos e submetidas a padrões de infelicidade fiscais.”

Para a magistrada, após décadas de ações afirmativas, é preciso avançar para “ações transformativas, capazes de produzir mudanças estruturais”. A ministra afirmou ainda que as mulheres não são mais “movimentos” separados, mas um coletivo em busca de igualdade material e humana. 

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Candidatura chilena à Presidência da ONU

Importante nome da política feminina sul-americana, a ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, surpreendeu todo mundo ao revelar que está postulando a Secretaria Geral das Nações Unidas (ONU). 

De suas experiências como médica, exilada, diretora da ONU Mulheres e Alta Comissária de Direitos Humanos, disse ter aprendido que as mulheres não enfrentam apenas crises, são capazes de transformá-las e preveni-las, apesar de seguirem sendo as mais afetadas e as menos ouvidas.

Bachelet alertou para a baixa participação feminina nos espaços de decisão, inclusive na COP. “As democracias só serão resilientes quando refletirem verdadeiramente a sociedade e quando as mulheres tiverem o mesmo poder e condições que os homens, especialmente em contextos latino-americanos marcados por violência política e exclusão”, explicou.

Por fim, anunciou a construção de uma rede ibero-americana de mulheres na política, destinada a fortalecer lideranças femininas e criar apoio mútuo, a fim de promover mentoria entre gerações e ações concretas para igualdade, sustentabilidade e democracia.

Da Redação do Elas por Elas

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