Luiz Padulla: A amnésia, o mal agradecido e o ódio

A solução para esses problemas passa pela educação política e pela gratidão. Já contra os odiosos…bem, contra esses, talvez Freud explique

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Tribuna de Debates do PT

Manifestantes em apoio ao golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff

Voltava de São Paulo após mais uma noite inesquecível de luta.

Uma noite em que presenciei parte da esquerda reunida para o discurso de Lula. O “Ato pela Democracia e em Defesa de Lula” reuniu na Avenida Paulista militantes de várias partes, assim como políticos e personalidades, com as quais tive o prazer de cumprimentar e trocar algumas palavras – Eduardo Suplicy, Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias, Alexandre Padilha, Guilherme Boulos, Rui Falcão, Orlando Silva, Chico César, Ana Cañas e claro, Lula.

Sentado na poltrona do ônibus, digerindo todos os acontecimentos, conversava com minha amiga Suzi sobre a atual situação do país e tentávamos imaginar o que aconteceria daqui em diante. E é sobre isso que quero escrever e compartilhar com vocês.

Pensando com meus parafusos, cheguei a uma conclusão: @s brasileir@s que criticam Lula, Dilma e o PT podem ser classificados em três grupos, de acordo com a anomalia que os acomete.

O grupo I seriam aqueles que sofreram uma amnésia, um verdadeiro apagão de memória. São pessoas que simplesmente se esqueceram como era (sobre)viver na década de 90, durante o (des)governo neoliberal e entreguista do PSDB – o mesmo que dita as regras no atual governo golpista e ilegítimo de Michel Temer. E bastou a melhoria de vida para que não apenas se esquecessem de como eram suas vidas, mas também para sofrerem de outro problema que gera nosso segundo grupo.

Grupo II: a ascensão dessas pessoas causou um frenesi que as fez acreditar que passaram a ser burgueses – mesmo não sendo detentoras dos meios de produção! Mais do que acreditar, negaram seu passado quando “se sentiram” ao usar aviões, fazerem viagens internacionais, cursarem ensino superior, trocar de carro, ter moradia própria e por aí vai. Sim, suas vidas melhoraram com os programas sociais e todos os benefícios que as políticas do PT proporcionaram ao país. Mas eles não souberam reconhecer isso.

Por fim, o inexplicável grupo III: aqueles que nunca engoliram Lula – confesso que tento até hoje entender o real motivo dessa raiva – mas foram beneficiados pelo seu governo, mas jamais reconheceram isso. Preferem manter sua raiva e destilar o ódio contra Lula a dar o braço a torcer. Esse tipo de gente opta, literalmente, por sofrer com seus atos.

E com isso tudo, acredito que seguimos em um ciclo vicioso de altos e baixos. Um ciclo que poderia ser interrompido se nossa nação fosse alfabetizada politicamente. Mas não é o que vemos.

Em tempos de manipulação em massa, os “verde-amarelo” e “contra a corrupção”, bradaram impropérios baseados em retóricas de movimentos e partidos ligados à elite e aos empresários. Foram enganados. Como saída, apelam para nova barbaridade – fruto do analfabetismo citado acima – e chegam a clamar por nova intervenção militar.

Conseguiram tirar uma presidenta legítima de seu cargo e compraram – e pagarão caro por isso – a farsa de que “tudo é culpa do PT”. E agora estão percebendo que não era bem assim. E olha que alertamos!

Encerramos um ciclo e começaremos um novo? Um novo-velho ciclo de um passado não tão remoto que colocou o Brasil no mapa da fome, em que a inflação assombrava o trabalhador sem que seu salário fosse realmente valorizado, e que agora nem mesmo os direitos trabalhistas terá direito? Infelizmente, talvez. E tudo porque a sociedade polarizada gerou esses três grupos.

A solução para esses problemas passa pela educação política – o que significa passar longe, bem longe da Globo e de toda mídia golpista – e pela gratidão. Já contra os odiosos…bem, contra esses, talvez Freud explique.

Por Luiz Fernando Leal Padulla, professor, doutor em Etologia, mestre em Ciências, especialista em Bioecologia e Conservação, para a Tribuna de Debates do PT.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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