Metrô de SP: superlotação, obras atrasadas e sucessivos projetos engavetados

Expansão da malha metroviária está aquém das necessidades dos usuários. Situação caótica pode se repetir na sexta-feira

Empurra-empurra, vagões superlotados, linhas interditadas, sucessivas falhas técnicas, atrasos do governo estadual na entrega das estações. O que não faltam são problemas na rede de metrô de São Paulo. Nesta quinta-feira (5), milhares de pessoas chegaram atrasadas em seus compromissos, outros sequer conseguiram ir, devido à greve dos metroviários. Esse é só mais um episódio no caos do dia-a-dia de quem depende de metrô na maior cidade do país.

Diariamente, mais de 4,5 milhões de pessoas utilizam o metrô de São Paulo. No total, a malha metroviária da capital é de 76 km, um quarto (1/4) do ideal para atender a demanda da região. Para se ter ideia do que isso representa, basta fazer um comparativo com a Cidade do México, que tem indicadores econômicos parecidos e, embora tenha um espaço geograficamente menor, conta com uma malha de 226 km. “São Paulo deveria ter pelo menos 400 km de rede, nem 200 nós temos”, critica o especialista em planejamento de transportes urbanos Marcos Kiyoto.

A superlotação é o principal problema apontado pelos usuários. O metrô de São Paulo é considerado o segundo mais apertado do mundo, chegando a comportar 11 usuários por metro quadrado, em horários de pico. O indicado para não comprometer os equipamentos, a capacidade de potência e, inclusive, para não provocar desconforto aos usuários e atrasos nas linhas é de 6,1 pessoas por metro quadrado.

“De que adianta incentivar o uso de transporte público para desafogar o trânsito, se não somos atendidos de forma humana?”, questiona a estudante de publicidade Isabela Ximenes. “É um empurra-empurra terrível.
Mesmo fora dos horários de pico, as estações ficam abarrotadas. O sistema da capital paulista tem uma média de expansão de apenas 1,91 km/ano. “Os usuários forçam as portas para poder caber mais gente e os trens demoram ainda mais para sair”, complementa o educador Carlos Alberto da Silva.

O metrô de São Paulo coleciona planos de expansão que foram engavetados ao longo do tempo ou sobrepostos por outros. Para Kiyoto, a questão se trata de um problema de macroeconomia e política, onde não existe o interesse de implantar extensão. “Deveria haver uma continuidade de projetos, independente de mandatos, mas os próprios (Geraldo) Alckmin e (José) Serra não deram continuidade às políticas e projetos entre eles”,diz.
“Ao final da gestão de Alckmin, serão 20 anos no poder, mas sem continuidade”, critica.

Atrasos nas obras – Prevista inicialmente para ser entregue em 2003 e posteriormente para 2012, a conclusão da segunda fase da linha 4 é uma das mais lentas. Até agora não foram entregues as estações Fradique Coutinho, Oscar Freire, Higienópolis-Mackenzie, Morumbi e Vila Sônia. As obras na Linha 4-Amarela completam uma década neste ano. “Estão sem pressa de inaugurar. Enquanto isso, a gente fica esperando terminar a linha”, conclui Kiyoto.

Dois mil trabalhadores vinculados ao Sindicato dos metroviários deliberaram pela greve, paralisando quatro linhas nesta quinta-feira (5): 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 5-Lilás. Eles reivindicam reajuste de salários, plano de carreira, plano de saúde para aposentados e reintegração dos funcionários demitidos em 2007.

Para ajudar a sanar o problema, a companhia municipal SPTrans acionou o plano de emergência, estendendo as linhas de ônibus que operam com destino às estações. Segundo o secretário geral do sindicato dos metroviários, Alex Fernandes, as greves vão continuar enquanto os pedidos não forem atendidos.
Por Camila Denes, da Agêmncia PT de Notícias

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