Ministro de Temer mente ao defender Bolsonaro no caso das fake news

Psicodelia é um dos termos usados para definir a música feita pela banda britânica Pink Floyd e um de seus fundadores Roger Waters, que passou pelo Brasil no início de outubro, e tem como definição a exuberância de sentidos. Curiosamente, a palavra também parece se encaixar perfeitamente para explicar (ou não) o que pensam alguns dos agentes do golpe como o ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão.

Talvez por se dizer – pelo menos antes da passagem recente do músico pelo país – fã de Waters, Leitão tenha sido influenciado pelos efeitos psicodélicos de suas canções antes de decidir publicar no Twitter uma suposta denúncia de caixa 2 recebida pelo músico para fazer campanha contra Jair Bolsonaro no Brasil. O ministro só esqueceu de provar a declaração e ainda mostrou não saber muito sobre o britânico que há décadas critica e condena em seus shows qualquer ameaça autoritária em todas as partes do mundo.

Roger Waters recebeu cerca de R$ 90 milhões para fazer campanha eleitoral disfarçada de show ao longo do 2º turno. Na Folha, chamou Bolsonaro de “insano” e “corrupto”. Sem provas, claro. Disse aos fãs que não voltará ao Brasil caso ele ganhe. Isso sim é caixa 2 e campanha ilegal!

— Sérgio Sá Leitão (@sergiosaleitao) October 21, 2018

Leitão, que esteve no show de Roger Waters em São Paulo, disse à Folha de S. Paulo que conversou com o empresário do ex-Pink Floyd e desabafou: “Confesso que, pensando como público, como fã, eu estou de saco cheio. A gente não consegue mais ir a um show ou ver um filme sem que haja algum tipo de manifestação política. Muitas pessoas estão com essa sensação”.

Obrigado a você que chamou de fake news meu post sobre Roger Waters. Prova de incoerência. Por muito menos, acusou Bolsonaro de caixa 2 e campanha ilegal. Sem provas. E o que eu disse é verdade: ele recebeu R$ 90 milhões por shows/entrevistas; e está em campanha contra Bolsonaro.

— Sérgio Sá Leitão (@sergiosaleitao) October 21, 2018

Disse ainda que tenta manter a pasta longe da disputa eleitoral, fato contrariado por ele mesmo ao sair em defesa do radical da extrema-direita e ainda bater boca com os internautas durante horas para tentar justificar as suas “denúncias” contra o músico.

Waters, em entrevista ao mesmo jornal, disse que Leitão está no emprego errado. “Não sei o ele que faz, mas não deveria estar numa posição de poder sobre questões culturais se dá uma declaração dessas. Porque cultura inclui música, e ela pode expressar muito da condição humana. Acho que ele deveria renunciar”, declarou.

O britânico pode ter perdido um fã. Em contrapartida,  a psicodelia ganhou mais um representante para chamar de seu.

Gente de bem

Não contente em passar vergonha sozinho na internet, Leitão teve a “sorte” de contar com o apoio da militância formada ex-jogadora de volêi Ana Paula Henkel, fã declarada de Aécio Neves. Na mesma rede social, a hoje militante da extrema-direita publicou foto ao lado do ministro ironizando o escândalo das fakes news propagadas pela campanha de Bolsonaro. Como se vê, a turma que defende a moral e os bons costumes não dão bola nenhuma para a ética e o respeito ao processo eleitoral.

Reunião dos golpistas-sambistas-taxistas pra decidir qual #FakeNews no WhatsApp impactou mais nesta eleição:
-o Lula corrupto preso fazendo campanha da cadeia
-o Petrolão e o maior esquema de corrupção da história do país
-os 13 milhões de desempregados
-60 mil homicídios/ano pic.twitter.com/QI8GDlc0YS

— Ana Paula Vôlei (@AnaPaulaVolei) October 21, 2018