Mônica Valente: política internacional de Bolsonaro é um desastre

Secretária de Relações Internacionais do PT afirma que abrir mão de vantagens na OMC para tentar ingressar na OCDE é mais um erro de Bolsonaro que prejudica economia

Paulo Pinto/Agência PT

Monica Valente, Secretária de Relações Internacionais do PT

Pode parecer que fazer parte da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) é bom para o Brasil, mas, na verdade, a tentativa de fazer parte do grupo a todo custo é mais um aspecto desastroso da visita de Bolsonaro aos Estados Unidos nesta semana.

Ao abrir mão do tratamento especial que o país tem na Organização Mundial do Comércio (OMC) em troca do apoio estadunidense para fazer parte da OCDE, o “Trump dos trópicos” demonstra, mais uma vez, o seu desconhecimento sobre a política econômica internacional e ameaça o importante papel que o Brasil conquistou nos governos de Lula e Dilma.

Foi o que explicou a secretária de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores, Monica Valente. Ela explica que, assim como os outros países em desenvolvimento, o Brasil tem salvaguardas que protegem setores da nossa economia nas relações da Organização Mundial do Comércio. Por outro lado, a OCDE não oferece nenhum benefício para o país.

“Para um país em desenvolvimento não interessa fazer parte desse ‘clube dos ricos’ como sócios menores”, ressalta. Ela explica que, tradicionalmente, a política externa brasileira aposta no multilateralismo. Isso significa que, ao mesmo tempo em que negociava com União Europeia e Estados Unidos, por exemplo, o Brasil atuava em defesa da sua própria economia e da integração latino-americana. 

Monica Valente destaca que o impacto das negociações é totalmente diferente se um país em desenvolvimento dialoga com economias maiores sozinho do que se negocia em bloco. Era o que os governos anteriores costumavam fazer em respeito a soberania nacional e ao desenvolvimento da região.

Brasil não deve se colocar como “sócio menor do clube dos ricos”

A secretária de Relações Internacionais alerta ainda que existe regra para “entrar no clube dos ricos”. Para fazer parte da OCDE, o país precisaria se submeter à economias maiores em termos de política fiscal, superávit e déficit público. Ou seja, sem ter a contrapartida necessária para negociar em igualdade, não é vantajoso.

“Um país em desenvolvimento como o nosso, com 200 milhões de habitantes; recursos naturais importantíssimos; riquezas abundantes; com solo fértil; a capacidade de desenvolvimento educacional e tecnológico que teria se continuasse nos rumos dos governos do Lula e da Dilma, é um país que deve se colocar no mundo não como sócio menor do clube dos ricos, mas com soberania. Sem afrontar ninguém, mas colocando-se a altura do que nós representamos no mundo”, destaca.

E complementa: “Por isso, a política externa do Brasil, tradicionalmente, é multilateralista, altiva e ativa. Fortalecemos os foros multilaterais pelos interesses nacionais e pela integração latino-americana, que nos beneficia”.

Ainda de acordo com Monica Valente, a ideia de fazer parte da OCDE a todo custo, não é vantajosa no patamar de desenvolvimento em que o país se encontra. Isso não significa, por outro lado, uma recusa em travar negociações importantes. “A postura do Brasil nunca foi de se negar a negociar”, ressalta.  E cita como exemplo as tratativas para que a Europa abrisse mão de subsídios agrícolas dos setores da agropecuária que impede a entrada de produtos brasileiros no setor com preço competitivo.

O ponto é que o governo não pode abrir mão do tratamento especial na OMC, que resguarda setores importantes da economia nacional, em troca de ingressar em uma organização que não oferece nenhuma contrapartida. “Essas salvaguardas protegiam setores importantes da economia nacional. Setores que empregam, que aumentam o Produto Interno Bruto (PIB), que ajudam na arrecadação fiscal e vão ser prejudicados”.

Erros de Bolsonaro prejudicam governos futuros

A Secretária de Relações internacionais do PT alerta que a medida é apenas uma parte da política desastrosa de jair, que tem impacto negativo na economia e compromete os próximos governos. “É um verdadeiro desastre, não só enquanto durar o governo Bolsonaro, mas vai ter efeitos para o futuro do país e do povo brasileiro. Só confirma o que vinhamos falando. Esse cidadão não defende o Brasil, o povo brasileiro não merece esse cidadão como presidente”.

Dentre essas medidas, Monica Valente lembre que, ainda nos primeiros meses de sua gestão, Jair prejudicou produtores nacionais de carne de frango, que sofreram retaliação devido ao anúncio de que ele pretendia transferir embaixada brasileira em Israel seria transferida de Tel-Aviv para Jerusalém.  A região vive em conflito a décadas e a postura de Bolsonaro foi de encontro ao papel de não intervenção que o país adotou historicamente.

Recentemente, destacam-se: o acordo que permite exploração da base militar de Alcântara pelos Estados Unidos, a cota para importação de trigo sem taxa também em benefício do EUA. Além da não exigência de visto para imigrantes do mesmo país. Todas essas anunciadas na visita de Bolsonaro a Washignton esta semana.

Por Jéssica Petrovna da Agência PT de Notícias

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