Movimentos da Educação mostram que estão com Dilma pela democracia
Para professores, pesquisadores e estudantes, golpe significa retrocesso dos avanços na educação, conquistados com os governos do PT
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Professores, pesquisadores, cientistas e estudantes dos mais diversos setores ligados à educação se reuniram com a presidenta Dilma Rousseff, nesta terça-feira (12), para mostrar apoio à democracia e à continuação do mandato eleito pelo povo.
Para os representantes da área presentes ao Encontro da Educação pela Democracia, uma possível saída da presidenta Dilma significaria o retrocesso dos avanços na educação, conquistados com os governos do PT.
Uma das falas que mais emocionou durante a cerimônia foi a da estudante de Medicina pelo ProUni Suzane da Silva, que sofreu ameaças racistas após publicar nas redes sociais uma foto sua segurando um cartaz com os dizerem ‘A Casagrande pira quando a senzala estuda Medicina’.
A futura médica foi saudada aos gritos de ‘O filho do pedreiro vai poder virar doutor’, entoada pela plateia. Suzane agradeceu a Dilma por ter possibilitado que jovens como ela estudassem na universidade.
“Estou aqui como mulher, como negra, como periférica. Eu tinha tudo para ser uma excelente babá, faxineira ou empregada doméstica, estava marcado na minha história, era meio que determinado para mim. Mas eu tenho a oportunidade graças a essa nação educadora que lutou pelo ProUni, que lutou pelo ReUni, que lutou pelas políticas afirmativas, que lutou pelas cotas para negros”.
Segundo ela, muitos avanços para populações historicamente excluídas foram conquistados nos governos Lula e Dilma e afirmou: “Dilma não se curvou à ditadura militar, assim como nós não vamos nos curvar agora a esse golpe”.
Na mesma linha, a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, lembrou que a realidade da universidade brasileira hoje é muito diferente.
“Esse impeachment também é um golpe aos nossos direitos. Por isso as universidades se levantam para barrar o impeachment. Porque hoje as universidades são muito diferentes da década de 90. Hoje existem negros podendo estudar na mesma sala de aula que a elite estudava. Hoje, o filho do pedreiro e da empregada doméstica podem entrar em uma universidade através do ProUni”, destacou.
Em seu discurso, Carina enfatizou o papel da UNE da defesa da democracia no Brasil.
“Mais uma vez, a UNE se coloca ao lado da democracia na nossa história. Nós somos a UNE da luta pela legalidade, a UNE que no momento do golpe militar resistiu à ditadura e vários dos nossos dirigentes deram a vida por essa luta. Somos a UNE que lutou pelo Fora Collor. Nós ‘impechmamos’ um presidente e o STF reconheceu nossa autoridade para falar no assunto. E hoje os ‘caras pintadas’ afirmam: para ter impeachment tem que ter crime de responsabilidade. Sem base legal, é golpe a nossa democracia. E sem democracia a gente não avança”, garantiu.
O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito da Educação, Daniel Cara, enfatizou que as 200 entidades que fazem parte da campanha “apoiam integralmente a democracia e a manutenção do seu mandato”.
“Questionar meu voto, eu não aceito. A Campanha Nacional pelo Direito à Educação não aceita. Se trata da defesa da democracia. De um mandato constitucional, da Constituição de 88”, afirmou.
Na cerimônia, o coordenador citou também o poeta Mario Quintana para manifestar apoio à presidenta contra o processo de impeachment, aberto na Câmara dos Deputados.
“Mario Quintana dizia, sobre aqueles que tentam atravancar nossos caminhos: ‘eles passaram, eu passarinho’. Nós vamos continuar nesse jogo democrático, obrigado por ouvir a educação, a educação está com a presidenta Dilma”, complementou.
E finalizou: “Agradeço por ouvir a educação, e a educação está com a presidenta Dilma. Não vai ter golpe”.
Heleno Araújo, coordenador do Fórum Nacional de Educação (FNE), também falou em defesa da democracia e da educação.
“Estamos aqui pra dizer que lutamos pela educação nesse País e não vamos aceitar que aqueles que são réus no STF, que tiram o dinheiro público da merenda das nossas crianças, tirem a presidente eleita”, afirmou.
“Rejeitamos esse processo que entendemos ilegal e que fere e desrespeita a maioria da população brasileira”, destacou. Araújo ainda convocou pais e educadores a não se omitirem nesse momento e conversar sobre a possibilidade de golpe à democracia com os mais jovens. “Não podemos nos omitir nesse momento, temos que tratar desse tema em casa. A omissão vai levar situação complicada”, frizou.
A representante da Confederação Nacional Dos Trabalhadores Em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE), Madalena Peixoto, lembrou que a educação foi um dos direitos que mais se enfraqueceu na década de 90, com o plano neoliberal. “Em compensação, foi o que mais se desenvolveu na partir de 2003, com o governo do ex-presidente Lula e depois com a presidenta Dilma”, apontou.
“O que esta em cheque é o Estado Democrático de Direito. Mas a luta contra o golpe está se ampliando. Já são mais de 100 comitês pela democracia criados dentro das universidades. Estamos esperançosos que não terá golpe, estamos nas ruas e aumentaremos nossas forças. Não via ter golpe, e vai ter luta.”
“Presidenta Dilma, conte com os trabalhadores da educação brasileira, porque eles estão mobilizados para defender a democracia, que é o bem maior desse País”, afirmou Roberto Franklin de Leão, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
“Os reitores das universidades repudiam o impeachment por sua ilegalidade. A justiça e a democracia vão prevalecer. Conte conosco nessa luta, Dilma”, garantiu Maria Lucia Cavalli, da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias