Muito além do kit gay: fake news ainda é principal arma dos bolsonaristas
Produção de notícias falsas, que tiveram impacto nas eleições, ainda tem sido usada à exaustão para tentar salvar imagem de um governo em ruínas. Saiba como desmenti-las
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A cena, ocorrida no auge da conturbada e suspeita disputa eleitoral de 2018, já entrou de maneira grotesca para a história: então candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro mostra, olhando para as câmeras do telejornal de maior audiência do país, o livro “Aparelho Sexual e Cia”, que, segundo ele seria prova incontestável da existência do chamado “kit gay” supostamente distribuído durante os governos petistas. Porém, era mentira.
Como se sabe, a obra nunca foi usada pelo MEC como material didático em escolas e acabou por se tornar o símbolo máximo da chamada indústria das fake news, esquema de distribuição em massa de notícias que visavam destruir a reputação de todos aqueles que entrassem no caminho do hoje contestado presidente da República.
Mas engana-se quem pensa que a produção em larga escala de notícias falsas tenha acabado depois que o representante das elites conservadoras foi eleito. De janeiro para cá, com a popularidade do governo cada vez menor, grupos bolsonaristas ressurgiram com força ainda maior e aumentou o alerta para a necessidade de combater os ataques em massa.
Antes, é preciso entender como funciona a engrenagem que tenta a qualquer custo manter o poder nas mãos do grupo que atualmente comanda a nação: toda e qualquer notícia desfavorável é prontamente “desmentida” com…mentiras distribuídas à exaustão em plataformas como Instagram, Twitter, Facebook e aplicativos de conversas.
O problema é que não se trata apenas de grupos organizados ou militantes raivosos. O próprio Bolsonaro tem sido um propagador de fake news desde que o dia 1º de janeiro de 2019: como esquecer do dia em que ele compartilhou trechos de uma falsa conversa telefônica de uma jornalista e colocou em risco a integridade da profissional ao torná-la vítima do ódio de seus súditos?
Como se não bastasse, agora é Glenn Greenwald (The Intercept), principal responsável por desmascarar a parcialidade criminosa da Lava Jato, o alvo maior dos bolsonaristas. Recentemente, seu nome apareceu em diversas publicações falsas sobre uma suposta transação financeira entre ele e a Rússia com o intuito de colocar em xeque a credibilidade de suas denúncias.
A notícia foi desmentida por agências verificadoras, mas o estrago já havia sido feito.
Conheça três sites que derrubam fake news
1. Agência Lupa
Criada pela Revista Piauí em parceria com a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV e com a Rede Um Brasil, a Lupa é a primeira agência especializada em fact-checking do Brasil. Atua desde 2015 com o noticiário nacional e internacional em diversos formatos, como texto, vídeo e áudio.
2. Aos Fatos
Membros da Rede Internacional de Investigadores, os criadores do Aos Fatos têm compromisso com a verdade e investigam com seriedade os assuntos mais comentados na Internet. Ganharam destaque durante a cobertura do caso de Marielle Franco, ainda vítima incansável de fake news mesmo após ter sido assassinada por milicianos.
3. Boatos.org
Criado e mantido por diversas vozes vindas de grandes empresas jornalísticas, como Edgard Matsuki, que já trabalhou no UOL e na EBC, e Carol Lira, também fruto da EBC, o site tem o propósito de investigar qualquer tipo de notícia que circule na rede e que tenha aparência e procedência duvidosa.
A central anti-fake do PT
Desde a enxurrada de fake news, o Partido dos Trabalhadores disponibiliza aos militantes a Central Antifake, espaço criado para combater os escândalos e mentiras que são espalhadas pelas redes sociais e grupos de WhatsApp.
Você viu uma notícia falsa? Algum fato absurdo está circulando por aí? Mande um e-mail para nós.
antifake@agenciapt.org.br
Da Redação da Agência PT de Notícias