Museu norte-americano decide não abrigar homenagem a Bolsonaro
“Eu certamente pediria ao museu que não permitisse que ele fosse recebido lá”, disse o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que considera Jair “um ser humano muito perigoso”
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O Museu Americano de História Natural, em Nova York, decidiu não mais ceder suas instalações para a realização de uma homenagem ao presidente Brasileiro, Jair Bolsonaro.
A decisão foi anunciada na última segunda-feira (15), após forte pressão do público brasileiro e norte-americano por meio das redes sociais.
A homenagem a Bolsonaro é uma iniciativa da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, que havia alugado dependências do tradicional museu para a realização de um jantar de gala, com ingressos de US$ 30 mil por comensal, no dia 14 de maio.
“Com respeito mútuo pelo trabalho e pelos objetivos de nossas organizações individuais, concordamos em conjunto que o Museu não é o local ideal para o jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-EUA”, anunciou a direção do museu por meio do Twitter, na tarde de ontem.
O anúncio — com postagens em português e inglês fixadas no topo da página da instituição no Twitter — recebeu mais de 20 mais de 20 mil “curtidas”, 2,6 mil comentários e foi retuitado por mais de 3,6 mil internautas.
Com respeito mútuo pelo trabalho e pelos objetivos de nossas organizações individuais, concordamos em conjunto que o Museu não é o local ideal para o jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-EUA. Este evento tradicional terá lugar em outro local na data e hora originais.
— American Museum of Natural History (@AMNH) April 15, 2019
“Ser humano perigoso”
Na última sexta-feira (12), o prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio, já havia se manifestado contra o uso das dependências do museu para a realização da solenidade. “Eu certamente pediria ao museu que não permitisse que ele [Bolsonaro]fosse recebido lá”, afirmou.
De Blasio descreveu Bolsonaro como “um ser humano muito perigoso” por seu “racismo evidente” e “homofobia”.
O prefeito ressaltou que, embora acredite na Primeira Emenda [à Constituição Norte-Americana, que assegura a liberdade de expressão] que garante a liberdade de expressão), se sentia “desconfortável” ao ver “uma instituição apoiada com fundos públicos” sediar uma homenagem a “alguém que está fazendo algo tangivelmente destrutivo”.
Fósseis
Antes de anunciar o cancelamento do contrato para a realização da homenagem a Bolsonaro, o Museu Americano de História Natural já havia se manifestado, na sexta-feira (12) sobre sua preocupação com o evento e justificado que na época do aluguel do espaço, a Câmara de Comércio Brasil-EUA ainda não tinha anunciado o presidente brasileiro como homenageado.
Museu Americano de História Natural recebe 5 milhões de visitantes por ano — é o segundo mais popular de Nova York e um dos mais prestigiados do mundo — e é famoso por sua inestimável coleção de fósseis, como os gigantescos esqueletos de mamutes, o esqueleto de um Titanossauro com cinco metros de altura e o Tiranossauro Rex, com mais de 12 metros, da cabeça à ponta da cauda.