Na ditadura, atentados marcaram o 1º de Maio
Além de suprimir a democracia e os direitos civis dos brasileiros, o regime militar estendeu a repressão política ao movimento sindical, com atos de violência e espionagem a trabalhadores.
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O dia dedicado aos trabalhadores nem sempre foi motivo de festa no Brasil, principalmente entre meados da década de 1960 até início dos anos 80. Entre os principais alvos da repressão estavam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, preso em abril de 1980 após liderar as históricas greves de operários do setor automobilístico.
Diversos outros dirigentes sindicais sofreram retaliações, prisões e torturas nos anos de chumbo. Um deles, Manoel Fiel Filho, foi torturado e morto nos porões do DOI-Codi de São Paulo, em 1976. As alas mais radicais do regime recorreram à violência, mesmo em meio ao processo de abertura política, para impedir a volta da democracia ao País.
Um dos episódios mais graves aconteceu em 30 de abril de 1981, durante a festa em homenagem ao trabalhador, realizada no Riocentro, no Rio de Janeiro, na véspera do 1º de maio. Para sorte dos artistas que se apresentavam e do público de mais de 20 mil pessoa presentes, uma das quatro bombas assassinas explodiu no colo do militar do Exército que a conduzia, matando-o e ferindo gravemente um oficial que o acompanhava na trama sórdida.
Os explosivos – dois deles não chegaram a explodir – tinham endereço certo: causar pânico e mortes de pessoas que participavam do ato no Riocentro. O atentado se somaria a outros 40 realizados naquele mesmo período, muitos com vítimas fatais.
Perseguição – Na época do regime militar, os sindicatos foram tratados como um dos principais focos de preocupação do Estado. Tudo era monitorado pelos arapongas do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e pelos serviços de inteligência e informações das Forças Armadas e órgãos de segurança estaduais. Um exemplo disso foi o acompanhamento de eleições dos movimentos sociais, atos que geravam extensos relatórios sobre as lideranças.
Entre as principais delas, sempre visadas pelo regime, estavam Lula e os companheiros sindicalistas Jair Meneguelli e Vicente Paulo da Silva, o deputado federal Vicentinho. À época, eles não podiam se eleger a cargos nos sindicatos por terem participado de movimentos que questionaram a legislação trabalhista brasileira.
Por Edson Luiz, da Agência PT de Notícias