“Não há base para parceria estratégica se Bolsonaro vencer”

Presidente do Grupo Parlamentar Teuto-Brasileira, deputada Yasmin Fahimi, diz que eleição de candidato do PSL por inviabilizar parcerias

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Deputada alemã Yasmin FAhimi

Segundo a a presidente do Grupo Parlamentar Teuto-Brasileiro no Bundestag (Parlamento alemão), a deputada Yasmin Fahimi, uma possível eleição do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) pode impedir a retomada de uma parceria estratégica entre Brasil e Alemanha. Os países que tiveram boas relações por anos se distanciaram desde o processo de impeachment em 2016.

“Desejo obviamente uma retomada da parceria estratégica com o Brasil”, afirmou a deputada do Partido Social-Democrata (SPD), em entrevista à Deutsche Welle. Mas, “do lado alemão, não vejo nenhuma base para uma parceria estratégica com um presidente Bolsonaro”, acrescentou. Por outro lado, ela disse que Haddad é moderado e é apoiado pelo lado alemão.

A presidente do grupo parlamentar que é responsável por cultivar as relações com o Congresso disse ver o Brasil “à beira de uma grande ruptura” e avaliou que o país pode ficar isolado internacionalmente com Bolsonaro. “Ele deixa claro que é contra qualquer forma de multilateralismo”, comentou.

“Ficamos chocados como o fato de que, com Jair Bolsonaro, uma pessoa que tornou socialmente aceitável um discurso de ódio tenha chegado à liderança. Isso nos enche de preocupação sobre o futuro do Brasil”, afirmou ela.

Para a deputada, “Bolsonaro adota um rumo fascista: exclusão, militarização e desdemocratização. Ele promete, por exemplo, pulso firme contra a criminalidade. O que se pode esperar disso é apenas um aumento da violência policial, que já um problema no Brasil. Na verdade, isso terá como consequência a criminalização dos mais pobres, sem combater as causas da criminalidade”.

Segundo Yasmim, o Brasil é visto como um país estratégico no mundo e na América Latina, mas o projeto que Bolsonaro representa inviabilizaria acordos. Para ela, “o Brasil é para a Alemanha e para toda a Europa um parceiro muito importante, econômica e politicamente. O Brasil é a economia mais forte da América Latina. O futuro de toda a América Latina é importante, também para termos um parceiro político no mundo que defenda uma economia de mercado socialmente equilibrada e democraticamente controlada. Na atual situação, não vejo isso. Um presidente Bolsonaro representaria uma privatização radical, um sangramento sociopolítico do país e o rompimento com acordos internacionais”.

“Haddad seria um presidente completamente diferente, a quem atribuo um rumo muito mais moderado. Ele já deixou claro que quer impulsionar não somente o desenvolvimento social, como também econômico do país, e defendeu ainda o diálogo com todos os grupos. Um rumo político assim é naturalmente apoiado pelo lado alemão”.

Segundo Yasmin, desde o impeachment a situação no Brasil está muito incerta e inconstante. “Não conseguimos prever o rumo que o país irá tomar. As decisões orçamentárias e político-econômicas dos últimos dois anos também contribuíram para desestabilizar o país. Assim, não foi um encerramento da nossa parte, mas, na verdade, uma interrupção, na esperança de que se possa retomar o rumo das conversações”.

Questionada sobre a possibilidade de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Européia com Bolsonaro, a deputada alemã avaliou que “ficará difícil e talvez até impossível, começando por um motivo: todo acordo comercial internacional tem como base a confiança de que os compromissos alcançados serão respeitados. Um país não pode entrar ou sair de acordos internacionais ao bel-prazer do chefe de Estado. Além disso, um acordo pressupõe um Estado de Direito. Se há a impressão de que num país decisões políticas são arbitrárias, que há uma ameaça de politização do sistema judiciário, que a divisão de poderes não é mais seguida, que possa até mesmo ocorrer uma militarização da esfera pública, então, isso é por si só um golpe fatal para qualquer acordo comercial internacional. Sob essas condições, não há como a Europa negociar um acordo comercial. E eu não sei de nenhum outra região do mundo que teria interesse”.

Da redação da Agência PT, com informações da Deutsche Welle.

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