“Não vão me tirar da luta com ameaças”, garante Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou no ato de abertura do 25º Congresso da APEOESP, nesta quarta-feira (23), onde foi convidado de honra

Foto: Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu, mais uma vez, que não vai deixar a luta em defesa de um Brasil mais justo e em defesa de sua história. A afirmação foi feita durante o 25º Congresso Professores da Educação Oficial do Estado de São Paulo, que acontece nesta semana no município de Serra Negra.

Os docentes realizam seu evento em clima de luta e resistência. Nesta quarta, no auditório municipal que recebe o encontro, foi realizado um ato político. Os cerca de mil professores presentes ouviram de líderes de partidos políticos, sindicatos e associações um discurso pela unidade dos campos populares na política nacional.

Lula falou sobre o processo de perseguição jurídica de que é alvo atualmente, e que é parte da mesma mobilização de interesses que levaram ao golpe contra Dilma Rousseff.

“Alguns jovens da Polícia Federal produzem mentiras para que meios de comunicação as transmitam. Depois, jovens procuradores do Ministério Público Federal se utilizam dessas montagens para construir mais mentiras. Então, apresentam uma denúncia falsa ao juiz (Sérgio) Moro, que ajuda os procuradores a montar melhor suas teses. Mas eu não tenho medo. Já estou processando o Moro e um delegado da PF. Não vou sair do país, nunca vou me exilar. Um dia, quem vai querer se exilar desse país é quem está contando todas essas mentiras sobre mim”.

“Se eles estão acostumados a lidar com gente que tem medo de manchete de jornal, quero dizer: vocês estão mexendo com um cidadão que aprendeu a andar de cabeça erguida”, disse Lula. “Não vão me tirar da luta com ameaça. Eu gosto de brigar. Somente Deus vai me fazer parar”, continuou.

Durante o encontro, Lula exaltou o caráter transformador da educação e reforçou a importância de investir no setor.

“Quando eu estava na Presidência, fizemos uma pesquisa de opinião que trouxe uma única unanimidade: de que é preciso que se estabeleça no país uma educação pública, universal e de qualidade”, disse. “Mas, na pergunta seguinte do questionário, se as pessoas acreditavam ser possível criar uma educação pública como se queria, a maioria respondia que não. A gente sonhava, mas não acreditava no próprio sonho”.

Lula lembrou, na sequência, de como seu governo foi um marco para o ensino público universitário e técnico, os dois cuja implantação e administração competem ao ente federal no país. Lembrou que, em 13 anos de governos de Lula e Dilma, foram criadas 282 escolas técnicas federais, três vezes mais do que já havia sido feito em toda a história do Brasil. Que foram criadas 18 novas universidades federais. Que mais de um milhão de alunos tiveram acesso a bolsas integrais e parciais de estudos do Programa Universidade para Todos (Prouni).

Foto: Ricardo Stuckert

Foto: Ricardo Stuckert

O processo de democratização do ensino, porém, lembrou o ex-presidente, foi interrompido.

“É que tudo isso incomoda. Parte da elite deste país não gosta de dividir o que é público com os mais pobres. Por isso é que deram um golpe. Deram um golpe sabendo que estavam construindo uma mentira, que depois foi aceita pela Câmara e pelo Senado. Porque estavam cumprindo uma missão para a elite brasileira. Se aproveitando de um momento difícil do governo, de baixa popularidade na opinião pública, fizeram um serviço a mando das elites”. ”

“Mas de uma coisa eu tenho certeza: tiraram a Dilma de lá, não pelas coisas ruins feitas no no governo dela. Mas sim pelas coisas boas”.

Gilmar Mauro, representante do MST disse: “Quando tentaram invadir a nossa escola (Florestan Fernandes), nós resistimos juntos. A Bebel (presidente da Apeoesp, sindicato dos docentes) foi lá, resistir junto. O ex-presidente Lula foi lá, resistir conosco. E hoje estamos todos aqui. Porque só unidos podemos enfrentar este governo golpista”. A Bebel falou: “Nós não engolimos o golpe! E não vamos engolir, porque se nos resignarmos, aí começamos a ter que aceitar tudo, aí vamos engolir muito mais”.

Veja ato na íntegra:

Do site Lula.com.br

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