Netos de Gonzagão divulgam ‘nota de nojo’ ao governo Bolsonaro
Em nota, os filhos de Gonzaguinha repudiam Bolsonaro e seu governo pela tentativa de dupla apropriação da música ‘Riacho do Navio”, de seu avô, e do projeto da Transposição do Rio São Francisco, obra de Lula e Dilma
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Em nota assinada por Amora Pêra, Nanan Gonzaga e Daniel Gonzaga, os netos de Luiz Gonzaga repudiaram o uso da música Riacho do Navio em live de Bolsonaro, na última quinta-feira. O texto foi divulgado no perfil de Facebook de Amora Pêra.
A música ‘Riacho do Navio’ foi tocada durante a live pelo presidente da Embratur, com alteração dos versos para fazer referência a trecho da transposição do São Francisco “inaugurado” por Bolsonaro. A música Riacho do Navio é de autoria de Luiz Gonzaga e Zé Dantas.
“Diante da impotência e da impossibilidade de processo por propaganda indevida, por dupla apropriação, da canção de Luiz Gonzaga e Zé Dantas e do projeto do Rio São Francisco; nós, filhos de Luiz Gonzaga Jr, netos de Luiz Gonzaga, apresentamos uma NOTA DE NOJO diante deste governo mortal e suas lives”.
Para os netos de Gonzagão, o atual governo “faz todos os gestos ao seu alcance para confundir e colocar em risco a população do Brasil, enquanto protege a si mesmo e aos seus”.
Veja a íntegra da nota:
Diante da impotência e da impossibilidade de processo por propaganda indevida,por dupla apropriação, da canção de Luiz Gonzaga e Zé Dantas e do projeto do Rio São Francisco; nós, filhos de Luiz Gonzaga do Nascimento Jr, netos de Luiz Gonzaga, o Gonzagão, apresentamos uma NOTA DE NOJO diante deste governo mortal e suas lives. Governo que faz todos os gestos ao seu alcance para confundir e colocar em risco a população do Brasil, enquanto protege a si mesmo e aos seus.
Não estamos de acordo com o uso da canção Riacho do Navio, nem sua alteração, nem sua execução (com duplo sentido) pelo Senhor Gilson Machado Neto, presidente da Embratur, em transmissão ao vivo pelo Senhor Presidente.
E, AINDA QUE SIMBOLICAMENTE, não autorizamos ao Governo Federal o uso das canções assinadas por nenhum de nossos familiares, ou, ao menos, das respectivas partes que nos cabem.
Sonhamos com o dia em que nosso país volte a ser e a ter respeito e honestidade em relação à sua história, suas injustiças e desequilíbrios.
Sonhamos o dia em que se volte a reconhecer, dentro do país, a importância da Cultura, das artes Brasileiras, e seu imenso legado por gerações, assim como o é em todo o mundo.
Sonhamos com o dia em que a informação e o conhecimento sejam distribuídos democraticamente à todes, para, apenas recomeçar, sanarmos essa doença que não faz distinção, além da social, como costuma ser na nossa violenta história. E depois, para que o poder e o espaço, em toda instância, possa ser equalizado e distribuído.
Sonhamos dias sem mortos pela violência do Estado, seja ela direta ou indireta.
Finalmente, sonhamos com quando poderemos dançar e cantar abraçados, sem medo, nos bailes de forró e nas tantas festas as quais o Brasil faz e das quais é feito.
Trabalhamos todos os dias por realizar estes sonhos, que não são apenas por nós, mas por todas as gentes deste país.
Por hora, trabalhamos em casa, cumprindo as indicações internacionais da Organização Mundial de Saúde e pedimos que, todos que possam, também o façam.
03/07/2020
Amora Pêra Gonzaga do Nascimento
Nanan Gonzaga
Daniel Gonzaga