Dia Internacional da Enfermagem: Profissionais brasileiras enfrentam um dia de luta diferente
Na linha de frente da crise sanitária, enfermeiras estão esgotadas, correndo risco e em uma dupla luta contra a covid19 e o negacionismo do governo
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Hoje é o dia internacional da enfermagem e as mulheres são 85% da categoria. Na hierarquia dos profissionais de saúde, o trabalho das enfermeiras muitas vezes é invisibilizado, porém, são elas que praticam a medicina do cuidado e contato direto com o paciente, seu sofrimento nas mais diversas comorbidades.
As enfermeiras são linha de frente de situações que muitas vezes colocam suas próprias vidas em risco, nas guerras, nas pandemias, no contato mais direto com diversas doenças. Como a grande maioria são mulheres, elas enfrentam jornadas duplas e triplas de trabalho e no momento a crise da Covid19.
A enfermeira paulista Marcia de Assis desabafa:
“São muitas mulheres que enfrentam o medo, deixam os filhos, a família em casa, e cuidam de pacientes, de pessoas que elas nem conhecem.” A importância dessas profissionais de saúde tem se destacado, diante da corrida para salvar vidas infectadas por um vírus até então desconhecido e letal.
Aqui no Brasil, vivemos em meio à maior crise sanitária de nossa história. O coronavírus já causou mais de 400 mil mortes, enquanto o governo Bolsonaro pratica a necropolitica, agindo contra a ciência e descumprindo seu papel, na prática do negacionismo, falta de políticas públicas e desvalorização do Sistema Único de Saúde e tudo que ele significa e engloba.
A enfermeira paranaense Juliana Mittelbach destaca:
“Este tem sido um ano de muitos desafios, no atendimento de pacientes infectados com o coronavírus, que demanda muitos cuidados e traz uma carga emocional muito grande. E a linha de frente tem caminho duplo de enfrentamento, a pandemia em si com suas consequências diretas na vida das pessoas e também essa política negacionista que em vez de enfrentar a pandemia com políticas públicas de saúde tem transformado a crise sanitária em um campo de batalha político extremamente conservador, o retrato de uma necropolítica com um alvo direcionado às camadas mais pobres da sociedade e as pessoas negras”.
40% das mortes por Covid-19 é população negra. E são as pessoas mais vulneráveis, que não tiveram e não tem opção por isolamento, que mais tem sido afetadas.
Além das lutas que os trabalhadores travam e destacam especialmente neste dia, como a luta por carga definida de 30 horas semanais, essas profissionais enfrentam este momento de crise, como profissionais fundamentais “sem receber insalubridade em grau máximo. Sem piso salarial definido, com equipamentos de proteção muitas vezes de baixa qualidade e com uma pandemia que a gente não consegue vencer por falta de políticas publicas adequadas.
É um dia da enfermagem com equipes cansadas, esgotadas física e emocionalmente”, pontua Juliana.
“O descaso deste governo com quem está na linha de frente desta pandemia que já matou quase meio milhão de pessoas é o reflexo do trabalho genocida e irresponsável. Quem não valoriza sequer os batalhadores da linha de frente desse massacre sanitário, não irá valorizar ninguém”. Conclui, Anne Moura, Secretaria Nacional de Mulheres do PT.
Ana Terra, Elas Por Elas