No Equador, protestos contra a carestia desafiam estado de sítio
Com duração de 30 dias, decreto inclui toque de recolher noturno e mobilização das Forças Armadas para conter as manifestações
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Em estado de sítio desde sexta-feira, 17, o Equador é marcado por protestos há uma semana contra a alta inflação, que dispara o preço dos alimentos e de combustíveis. Nas ruas, indígenas contestam concessão de mineração em terras indígenas, carestia e desemprego.
O presidente do Equador, Guillermo Lasso, decretou estado de emergência em três províncias do país, incluindo a da capital Quito, onde se concentram protestos organizados por indígenas.
Com duração de 30 dias, o decreto inclui toque de recolher noturno e a mobilização das Forças Armadas. Mesmo assim, os indígenas mantiveram os protestos em pelo menos 14 das 24 províncias do país.
O ponto mais polêmico do decreto determina a restrição do “direito à liberdade”, permitindo que o governo exija de provedores que operam redes públicas de telecomunicações que suspendam ou diminuam a qualidade dos serviços.
As manifestações foram convocadas pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), a mais importante organização indígena do país, quando terminou o primeiro ano do mandato de Lasso e após fracassadas tentativas de diálogos entre ambos.
Reivindicações
O movimento indígena reivindica o congelamento dos preços dos combustíveis, o controle estatal para evitar a escalada de preços, a anulação das privatizações e aplicação de moratórias sobre as dívidas dos camponeses e sobre as atividades de mineração.
Os protestos incluem bloqueios de estradas e ocupação de instalações petrolíferas. Os manifestantes e forças de segurança entraram em confronto em diversos momentos, deixando vários feridos e dezenas de detidos.
Rejeição das políticas econômicas
Nesta segunda-feira, 20, o ministro do Interior do Equador, Patricio Carrillo, fez um novo apelo ao diálogo com os manifestantes, que rejeitam as políticas econômicas do governo de Lasso.
Na tentativa de conter os protestos, Lasso anunciou ainda medidas econômicas como o aumento do auxílio pago a famílias de baixa renda, que passa de 50 dólares para 55 dólares, o perdão de dívidas de até 3 mil dólares com o banco de desenvolvimento e um subsídio destinado a pequenos e médios agricultores para o fertilizante ureia.
O líder indígena Leonidas Iza, principal promotor dos protestos e presidente da Conaie, ameaçou passar a “outro nível”, caso o governo não dê respostas a dez exigências para superar a crise econômica.
Iza responsabilizou também o atual presidente pelas imposições do Fundo Monetário Internacional (FMI), como a flexibilização do trabalho e a eliminação dos subsídios.
Em 2019, uma onda de protesto no Equador devido ao preço dos combustíveis resultou em uma dezena de mortes e cerca de 1,5 mil feridos, um terço deles das forças de segurança.
Equador em pé de guerra contra o aumento no preço dos combustíveis. No Brasil, a vida do povo é cada vez mais difícil. Pra piorar, Bolsonaro não paga o Vale Gás para todas famílias que têm direito.https://t.co/sd2659x8FX
— Carlos Zarattini (@CarlosZarattini) June 18, 2022
Da Redação, com informações do UOL e G1