Nota de repúdio à proibição ao show de Caetano Veloso
Para o PT, decisão de proibir show de Caetano Veloso na ocupação Povo Sem Medo é “própria dos anos de chumbo” e “motivada pela censura antidemocrática”
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Em nota assinada pela presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o Partido dos Trabalhadores repudiou o embargo da Prefeitura de São Bernardo do Campo e a ação do Ministério Público de São Paulo, que impediram a realização do show de Caetano Veloso na ocupação Povo Sem Medo, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), na noite desta segunda-feira (30).
“O PT considera que essas decisões, próprias dos anos de chumbo, foram motivadas pela censura antidemocrática e pelo preconceito. (…) É preciso combater a criminalização da cultura, da arte e dos artistas. Bem como os ataques e as sucessivas tentativas de criminalizar os movimentos sociais”, afirma o texto.
Leia a nota na íntegra:
Nota de repúdio: É proibido proibir
O Partido dos Trabalhadores (PT) repudia veementemente o embargo da Prefeitura de São Bernardo do Campo e a ação do Ministério Público de São Paulo, que impediram a realização, na noite de ontem (30/10/2017), do show do músico Caetano Veloso na ocupação Povo Sem Medo do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
O PT considera que essas decisões, próprias dos anos de chumbo, foram motivadas pela censura antidemocrática e pelo preconceito. Elas cerceiam a liberdade de expressão da população, da classe artística e dos produtores culturais em manifestar seu apoio à luta dos trabalhadores pelo direito social básico à moradia digna. Infelizmente, vivemos um período de intransigências e de intolerâncias, no qual se faz urgente e necessário o protesto histórico do compositor e também desejo atual da Nação: “é proibido proibir”.
A arte e a cultura fazem pensar criticamente e incomodam. A censura ao show de Caetano Veloso em São Bernardo do Campo não é um fato isolado no período pós-golpe no Brasil. Junte-se a ela o cancelamento da exposição “Queermuseu” no Santander Cultural, em Porto Alegre; a proibição da apresentação de uma peça teatral no interior de São Paulo, por ser protagonizada por uma atriz transexual; o confisco de um quadro no Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul e a performance de um homem nu no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
É preciso combater a criminalização da cultura, da arte e dos artistas. Bem como os ataques e as sucessivas tentativas de criminalizar os movimentos sociais. Essas investidas calam a liberdade de expressão, a pluralidade de pensamento, a diversidade criativa e aniquilam os direitos do povo de defender uma vida plena. Nas palavras do jornalista Mário Pedrosa, encontramos uma sinalização oportuna para a sociedade brasileira neste final de 2017: “em época de crise, fique do lado do artista”.
Gleisi Hoffmann
Presidenta nacional do PT