Padilha: “plano de vacinação mostra ausência de compromisso com a vida”
Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19 apresentado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, nesta quarta-feira (16), não informa data de início para imunizações. Documento foi duramente criticado pelo deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), para quem a pasta da Saúde “transformou um momento ímpar da nossa história em um evento de fake news e de ausência de compromisso com a Ciência, com a vida e com as pessoas”. “O Ministério da Saúde precisava afirmar sobre a segurança e eficácia da vacinação, precisava se comunicar com o povo para apresentar informações diferentes do que o presidente Bolsonaro tem feito”, observou o ex-ministro da Saúde
Publicado em
Sem compromisso com a saúde pública, muito menos com a vida da população brasileira, o Ministério da Saúde apresentou, nesta quarta-feira (16), sua versão de um plano de vacinação contra o coronavírus no país. No chamado Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19 não consta data para o início das imunizações. Apenas menciona vagamente que a aplicação das vacinas terá início cinco dias após a aprovação pela Agência Nacional de vigilância Sanitária (Anvisa). Ainda segundo o plano elaborado pela Saúde, a vacinação deverá levar 16 meses. Nos quatro primeiros meses do processo, os grupos de risco serão priorizados. De acordo com o titular da pasta, Eduardo Pazuello, o documento é preliminar e pode sofrer alterações.
“É um plano que vai ser guarda-chuva que vai pegar toda a execução e definição de grupos, a execução”, anunciou, sem dar muitos detalhes. Pazuello limitou-se a dizer que estados serão responsáveis pela logística de distribuição das vacinas aos municípios. “Isso será feito junto com o Ministério da Defesa, fazendo o acompanhamento de segurança”, afirmou.
O plano do ministro que se diz especialista em logística foi duramente criticado pelo deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP). Para o deputado, a pasta “transformou um momento ímpar da nossa história em um evento de fake news e da ausência de compromisso com a Ciência, com a vida e com as pessoas”. O ex-ministro da Saúde também condenou a avaliação de Pazuello de que a atuação do governo poderia ser medida pelas mais de 6 milhões de vidas que foram salvas na pandemia.
“Se esquecem de que o Brasil é um dos países com o maior número de infectados, um dos que possuem o maior número de mortos, e os 6 milhões salvos não foram salvos, foram infectados pela irresponsabilidade de Bolsonaro”, acusou Padilha.
De acordo com o deputado, a pasta também falhou em fazer a defesa da importância da imunização para a saúde da população. “O Ministério da Saúde precisava afirmar, em alto e bom som, sobre a segurança e eficácia da vacinação, precisava se comunicar com o povo para apresentar informações diferentes do que o presidente Bolsonaro tem feito”, disse, referindo-se à campanha antivacina executada pelo presidente.
Padilha condenou o uso político da vacinação pelo governo, que insiste em não adquirir vacinas testadas e aprovadas. “O governo continua a ignorar a vacinas da Pfizer (com eficácia já comprovada) e a do Instituto Butantã, que está na fase III dos testes”, observou o deputado.” Se o governo não fosse omisso e atrasado, o Brasil já poderia ter iniciado sua vacinação e vidas seriam salvas”.
O ex-ministro da Saúde destacou a falta de transparência do governo em relação ao consórcio internacional de vacinas, COVAX, de iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), lembrando que a pasta inexplicavelmente optou por uma cobertura mínima de imunização de 10% da população.
182 mil brasileiros mortos pela covid-19, milhares de entubados em UTIs em estado grave, famílias angustiadas, país sem vacinas e insumos, e o Ministro da Saúde tem a frieza de dizer: 'Pra que essa ansiedade, essa angústia?'. A vida do povo não tem valor nenhum para esse governo!
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) December 16, 2020
País sob risco de desabastecimento de seringas
Para piorar o quadro de caos sanitário, o país corre o risco de sofrer um desabastecimento de seringas que serão utilizadas na vacinação em massa. Segundo reportagem da ‘Folha de S. Paulo’ desta terça-feira (15), um pedido para que o Ministério da Saúde avalie a importação de seringas chinesas está parado no gabinete de Pazuello há seis meses.
De acordo com o jornal, o Ministério da Economia enviou um ofício ao secretário-executivo da pasta de Pazuello, Élcio Franco, no dia 23 de junho e até hoje não obteve resposta. O jornal relata ainda que outro ofício foi encaminhado no dia 8 de dezembro. “O documento registra que a cúpula da pasta ignorou o primeiro pedido para se manifestar sobre o interesse público na importação de seringas chinesas”, registra a reportagem.
Ainda de acordo com a ‘Folha’, o Brasil não tem condições de fabricar as seringas, “diante da necessidade urgente de vacinação e dos atrasos do governo”. A reportagem aponta que já faltam seringas no mercado internacional por causa da corrida dos países para vacinar sua população.
Da Redação, com informações de ‘Folha de S. Paulo’