Pão com margarina sobe acima da inflação e vira artigo de luxo
Pesquisa da PUR-PR mostra que o café da manhã do brasileiro subiu 32,16% em 12 meses até abril. Cada vez mais brasileiros passam fome
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Levantamento feito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) traz nova prova de que a inflação é ainda mais cruel com os mais pobres.
Segundo o estudo, divulgado nesta quarta-feira (1º) pela Folha de S. Paulo, enquanto a inflação oficial (IPCA) acumula alta de 12,13% nos últimos 12 meses até abril, a cesta básica encareceu 28,9% no mesmo período.
Brasileiro tem dificuldade de pagar luz, água e gás. Anda a pé, bike e ônibus com a gasolina a R$8. Come menos carne e compra produtos baratos nem sempre bons. Inflação da cesta básica é de 28,5% e até pão com manteiga tá caro. Essa é a fatura de Guedes e Bolsonaro pro povo.
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) June 1, 2022
E até mesmo um simples café da manhã está virando artigo de luxo. O custo da primeira refeição do dia subiu 32,16%, com todos os seus itens aumentado acima da inflação.
O pão francês encareceu 13,1%; a margarina, 22,2%; o leite longa vida, 23,4%; e o café em pó, 65,7% (veja o gráfico abaixo).
Fome assola os brasileiros
Quando os produtos da cesta básica sobem ainda mais que a inflação, os mais afetados são os brasileiros de renda baixa. “Sem dúvida a inflação afeta muito mais as pessoas de rendimentos mais baixos, mas na atual conjuntura ela tornou os preços dos itens da cesta básica inacessíveis para muitos brasileiros”, disse à Folha o professor Jackson Bittencourt, da PUC-PR.
E não há como apontar outro culpado pela situação que não seja Jair Bolsonaro e a insistência em manter nas alturas preços que poderiam ser controlados pelo governo. No caso dos alimentos, por exemplo, muito do custo final vem do frete, que não para de subir por causa da alta constante dos combustíveis, dolarizados pela Petrobrás.
Assim, o brasileiro é assolado cada vez mais pela fome. Pesquisa Gallup divulgada no mês passado mostra que, durante o governo Bolsonaro, o índice de pessoas no país com insegurança alimentar saltou de 30% para 36% até o final de 2021. Com isso, pela primeira vez, o número de famintos no Brasil superou a média mundial, de 35%.
Para a Agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), essa situação é inaceitável, uma vez que, em 2014, o Brasil havia sido retirado do Mapa da Fome. “É inaceitável ver os atuais níveis de insegurança alimentar no país, sobretudo em centros urbanos”, disse o representante da agência no Brasil, Rafael Zavala.
Da Redação