Para Paim, venda da Embraer ameaça empregos dos trabalhadores
“Não vieram nos ouvir, mas exigirei respostas”, disse o senador Paulo Paim sobre as ausências do presidente da Embraer e de representantes do governo
Publicado em
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) debateu em audiência pública, nesta segunda-feira (2), o projeto de privatização do atual governo com foco na possibilidade de venda da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) para a norte-americana Boeing.
Fabiano Roque, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Botucatu relatou que o presidente da Embraer esteve na fábrica do interior de São Paulo no dia 22 de dezembro do ano passado e não relatou aos funcionários a intenção da companhia norte-americana Boeing de comprar a empresa brasileira.
“No mesmo dia da visita do presidente da empresa, ficamos sabendo por meio da imprensa internacional que a Boeing demonstrava interesse em comprar a Embraer. Desde então, os trabalhadores das plantas da Embraer não sabem o que está acontecendo nesta negociação”, relatou Fabiano salientando que a decisão afetará os 18 mil funcionários da empresa brasileira.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, as empresas e o governo brasileiro estão prestes a fechar um acordo de joint venture que dará à Boeing o controle sobre a área de jatos regionais da empresa brasileira.
Ele ainda relatou o temor dos trabalhadores da Embraer com a possibilidade de fechamento das unidades no Brasil e a transferência de tecnologia para os Estados Unidos, onde a Boeing conta com aproximadamente 490 mil funcionários.
“Esse é um tema que não tem tido a devida atenção da sociedade. Em 1994 a Embraer já foi privatizada. Mas, apesar de ser uma empresa de sucesso, ela só sobrevive graças a dinheiro público. Por isso, ela necessita ser reestatizada”, afirmou Herbert Claros, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.
Segundo matérias veiculadas pela imprensa, o negócio entre as empresas deve girar em torno do 6 bilhões de dólares. O que, apesar de parecer um grande volume de recursos, não se compara com os recursos investidos pelo governo brasileiro na empresa.
“De 2010 a 2018, o governo brasileiro contribui com cerca de 24 bilhões de dólares com a Embraer, por meio de empréstimos do BNDES, desoneração da folha de pagamentos e outras isenções. Na nossa opinião, se a Boeing quer pagar 6 bilhões e o governo já passou 24 bilhões, o governo brasileiro já pagou pela empresa. Temos todo o direito de dizer que essa empresa tem mais é que ser brasileira”, destacou Herbert.
No início da audiência pública, o senador explicou que foram enviados convites para representantes da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e dos ministérios da Casa Civil da Presidência da República, do Ministério da Defesa e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Porém, nenhum deles compareceu para debater o tema.
Com a ausência de representantes do governo e da empresa, o senador sugeriu aos trabalhadores a confecção de um documento a ser entregue posteriormente aos convidados que não compareceram com as dúvidas e questionamentos relacionados a negociação vigente. “Eles não vieram aqui nos ouvir, mas vão ter que ler o documento e exigirei respostas”, enfatizou.
Do PT no Senado