Para salvar vidas, governadores pedem mais leitos na Amazônia Legal
Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, formado por nove governadores, aponta que apenas 3 mil dos 23 mil leitos do SUS que estavam ativos em 2020 estão funcionando na região. “Enfatizamos que, neste momento, é vital a retomada da habilitação de leitos no âmbito do SUS, sob pena de se agudizar o problema do subfinanciamento em meses decisivos no enfrentamento à pandemia”, alerta o consórcio. Planalto se omite e empurra problema para pastas da Saúde e Cidadania. Em fevereiro, Ministério da Saúde reduziu pela metade a oferta de leitos a estados e municípios
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O agravamento da pandemia e seu efeito cascata continua castigando a Região Norte. Depois do Amazonas, Rondônia entrou em colapso. Roraima e Amapá também enfrentam dificuldades para obter oxigênio e mão de obra especializada. Sem leitos de UTI, pacientes com Covid-19 foram transferidos para outros estados. Para evitar uma catástrofe maior, o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, formado por nove governadores, encaminhou uma carta à Nação, pedindo a reabilitação urgente de cerca de 20 mil leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) que estão desativados, segundo o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais (Conass).
Segundo noticiou a imprensa, ao receber o documento do Consórcio, o Palácio do Planalto afirmou, por meio da Secretaria de Comunicação, que o pedido dos governadores teria de ser encaminhado às pastas da Saúde e da Cidadania. Os ministérios não se pronunciaram
Os governadores também reivindicam a volta do auxílio emergencial. Para os gestores, a pandemia provoca “múltiplos efeitos econômicos e sociais, demandando medidas compensatórias para as famílias”.
Assinam o documento, divulgado no domingo (7), o governadores Waldez Góes (AP), Flávio Dino (MA), Gladson Lima (AC), Wilson Lima (AM), Mauro Mendes (MT), Helder Barbalho (PA), Marcos Rocha (RO), Antônio Denarium (RR) e Mauro Carlesse (TO).
Mais de 80% de UTIs ocupadas
O aumento do número de pacientes graves, sobrecarregando e levando ao limite a capacidade da rede pública de atender a demanda por leitos de UTI se alastra pelo país. Segundo levantamento da ‘Folha de S. Paulo’ junto às secretarias Estaduais, oito capitais e sete estados têm mais de 80% das UTIs ocupadas. No Ceará, o índice chegou a 87%.
“Está aumentando de forma considerável e preocupante a ocupação dos leitos Covid-19 na rede pública e também na rede privada, segundo relatórios de nossas equipes de Saúde”, advertiu o governador Camilo Santana, pelo Twitter. O petista afirmou que mesmo com a expansão de leitos de enfermaria e UTI no estado, o quadro continua grave.
“O nosso Hospital Leonardo da Vinci, por exemplo, já tem o triplo de leitos de UTI do que tinha há dois meses, e a ocupação vem chegando perto do limite”, disse Santana, que pediu ainda à população que se mantenha vigilante na aplicação das medidas de segurança recomendadas por autoridades de saúde.
Saúde aposta na sabotagem
Diante da gravidade do quadro, o Ministério da Saúde cortou verbas para financiar parte dos leitos de UTI a estados e municípios, reduzindo a oferta das unidades pela metade. De acordo com dados da pasta, em janeiro o SUS contava com 7.717 leitos. Em fevereiro, apenas 3.187 vagas.
Outros 13.045 leitos estão sem habilitação federal, segundo o Conass. O problema segue sem solução, uma vez que o Orçamento ainda não foi votado no Congresso. Segundo o conselho, sem condições de manutenção, vários estados estão fechando leitos.
O temor maior é ver a situação do Amazonas se repetir. “O receio é de que o mesmo aconteça em outros locais do país”, relatou o presidente do órgão, Carlos Lula, ao ‘El País’. “Este é o pior momento que a gente teria para fechar leitos”. Lula sustenta que a Saúde vem promovendo cortes na habilitação de leitos desde meados do ano passado.
“Chegamos a ter 17 mil leitos e hoje temos em torno de 3 mil habilitados. É como se o ministério dissesse que agora Estados e municípios terão que manter sozinhos [a assistência]. Isso pode levar ao limite da falta de leitos”, ressaltou Lula.
Da Redação, com informações de ‘G1’, ‘Folha’ e ‘El País’