Parlamentares reagem à “prensa” para aprovar reforma da Previdência
Declaração do futuro ministro da Paulo Guedes, que defende ‘prensa’ no Congresso por votação da Previdência, causa desconforto no Parlamento
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O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu, nesta terça-feira, 6, em Brasília, uma “prensa” no Congresso Nacional para que os parlamentares votem ainda este ano a proposta de reforma da Previdência apresentada por Michel Temer. A declaração foi considerada uma afronta ao Congresso Nacional e alguns parlamentares recomendam que os assessores de Bolsonaro tenham mais ‘cuidado com as palavras’.
Guedes fez a declaração quando foi questionado sobre a estratégia para a aprovação do texto da reforma da Previdência ainda em 2018: “A bola está com o Congresso, prensa neles”, disse o ministro. A tese da “prensa” é análoga a do deputado eleito Kim Kataguiri que defendeu o uso das redes sociais para “acuar” os parlamentares.
A pressa para a aprovação da medida ainda no período de transição seria para “limpar” a pauta, abrindo caminho para que o governo possa fazer outras reformas em 2019.
Reação
Os parlamentares reagiram às declarações de Guedes para pressionar o Congresso. Para o senador Paulo Paim (PT-RS), é um absurdo o que ele chamou de ‘aprovar na marra’ uma reforma que retira direitos dos trabalhadores e mexe na aposentadoria.
“Eles estão tramando aumento de salário para quem já ganha muito, além disso, essa forma de se referir ao Congresso não é nenhuma novidade, porque durante a campanha eles usaram esse linguajar agressivo, mas o povo votou nisso. Então, temos que buscar preservar as instituições e seguir trabalhando”, disse Paim.
O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos no Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), disse que é preciso debate. “O Congresso é soberano, independente e não tem prensa por aqui. A primeira coisa que esse governo vai ter de aprender é a ter mais cuidado com as palavras.”
O deputado Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara, já adiantou que a Bancada vai lutar contra algumas propostas que o presidente eleito possa vir a tentar aprovar com apoio do atual presidente Michel Temer. O líder da bancada citou as propostas de Reforma da Previdência, de criminalização dos movimentos sociais, da Escola Sem Partido (Lei da Mordaça), entrega do Pré-Sal às multinacionais e instalação de base militar norte-americana em Alcântara (MA). “Nada disso vai ter a nossa concordância. Temos a tarefa de sermos oposição, conforme o povo nos delegou, e seremos oposição a esse consórcio contra o povoo brasileiro”.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) defendeu que Bolsonaro encaminhe sua própria proposta de reforma da Previdência e evitou dar garantias de que o texto será votado este ano.
A reforma
A proposta em tramitação prevê a fixação de idades mínimas de aposentadoria em 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, além de equiparar os regimes de aposentadoria de servidores públicos e de trabalhadores da iniciativa privada. O texto precisa ser aprovado em dois turnos nas duas Casas.