“Passamos a ser um dos países que mais produz ciência”, diz presidenta da Capes
Entrevistada no Café PT, Denise Pires Carvalho destaca programas de pós-graduação, formação de professores, internacionalização e políticas de permanência estudantil
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“A Capes é um exemplo de sucesso e um motivo de orgulho para o Brasil.” A afirmação é da presidenta da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise Pires de Carvalho, que participou do programa Café PT nesta segunda-feira (31). Durante a entrevista, ela falou sobre a importância da instituição para a ciência, educação, formação de professores e internacionalização da pesquisa brasileira.
Criada em 1951, junto com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Capes se tornou responsável pela formação de mestres e doutores em todas as regiões do país.
“Não há país desenvolvido sem pós-graduação, sem pessoal que tenha graduação e pós-graduação”, afirmou. A presidenta destacou que o Brasil hoje é referência internacional em diversas áreas do conhecimento e conta com mais de 420 mil pós-graduandos.
Segundo Denise Carvalho, “as universidades brasileiras passaram a ter doutores e mestres no seu corpo docente e nós passamos a ser um dos países do mundo que mais produz ciência”.
Referência internacional
Outro destaque da atuação da Capes é o Portal de Periódicos, que oferece acesso a publicações científicas de todo o mundo. “O Portal de Periódicos da Capes é um exemplo para o mundo”, disse. Segundo ela, em 2025, outros países devem assinar contratos baseados no modelo brasileiro.
O conteúdo é acessível a universidades, institutos federais e instituições de ciência e tecnologia com programas de pós-graduação. Além das editoras internacionais, o portal conta com o projeto SciELO, que hoje é nacionalizado e financiado pela Capes, CNPq e Fapesp.
Programas estratégicos
A Capes também lidera políticas públicas de formação inicial e continuada de professores da educação básica. “Precisamos que os nossos professores sejam mais qualificados, mais bem formados”, explicou. Ela citou iniciativas como o PIBID, o Parfor e o ProEBs, que oferecem bolsas e mestrados profissionais em rede.
Lançado em 2024, o Parfor Equidade busca atender professores que atuam em áreas específicas como educação quilombola, indígena, inclusiva, do campo e bilíngue de surdos. “Nós ainda temos em algumas disciplinas um terço dos professores sem a formação adequada. Mas avançamos”, avaliou.
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Pé-de-Meia e o incentivo às licenciaturas
Denise Carvalho também destacou o programa Pé-de-Meia Licenciaturas, parte do Mais Professores, que oferece bolsas para estudantes de licenciatura com nota acima de 650 no Enem. “Queremos atrair mais estudantes para as licenciaturas e garantir sua permanência nos cursos”, disse. Segundo ela, além da bolsa mensal, os estudantes terão uma poupança que poderá ser retirada ao final do curso caso ingressem na rede pública.
A inscrição no programa é feita pela Plataforma Freire: https://freire.capes.gov.br/
Internacionalização da ciência brasileira
A Capes promove intercâmbios e colaborações internacionais. A presidenta da Capes explicou que hoje o foco é o chamado “doutorado sanduíche”, com estágios curtos no exterior, além de atrair estrangeiros para instituições brasileiras. “O cientista tem pátria, mas a ciência não tem pátria”, disse.
Ela citou ainda o relançamento do programa Abdias Nascimento, voltado para estudantes pretos, pardos, quilombolas e com paridade de gênero, além dos programas Caminhos Amefricanos e Móvel América. “Queremos aumentar a cooperação Sul-Sul, sem abandonar parcerias globais”, afirmou.
Prêmio Talento Universitário
Durante a entrevista, Denise Carvalho anunciou que estão abertas as inscrições para o Prêmio Talento Universitário, voltado para estudantes que se destacam no primeiro ano do curso superior. “É uma forma de estimular os estudantes e contribuir para a permanência na universidade”, explicou.
A presidenta lembrou da aprovação da Política Nacional de Assistência Estudantil em 2023 e 2024, como parte dos esforços do governo Lula para garantir inclusão e permanência no ensino superior. “O que o Brasil precisa para se tornar um país desenvolvido e menos desigual é ter um número maior de pessoas graduadas.”
Explicou ainda que os programas de pós-graduação são avaliados por um comitê técnico-científico formado pela comunidade acadêmica. Em 2024, serão avaliados mais de 7 mil cursos no chamado processo quadrienal.
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“Nós já temos cursos de pós-graduação que funcionam há mais de 60 anos. Talvez eles possam ter um selo que garanta uma regularidade maior nas avaliações. Mas quem decide não é a presidenta da Capes. Quem decide é a comunidade científica”, explicou.
Da Redação