Petistas criticam Moro: “O arauto da moralidade é sonegador de imposto”
Deputados criticaram e denunciaram o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, que omitiu uma palestra remunerada em sua prestação de contas
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Parlamentares da Bancada do PT utilizaram suas redes sociais neste domingo (4) para criticar e denunciar o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, que omitiu, ao prestar contas de suas atividades, uma palestra remunerada que deu em setembro de 2016, período em que era o juiz responsável pelas ações da operação Lava Jato em Curitiba. “O arauto da moralidade, justiceiro, envolvido de novo em mal feito. Agora sonegando impostos. Moro precisa dar muitas explicações ao povo brasileiro, mas de imediato se afastar do Ministério da Justiça e ser considerado parcial no julgamento do Lula”, afirmou a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).
“Sérgio Moro escondeu participação em palestras remuneradas. Imaginem o que ele é capaz de esconder sobre as relações dele com seus ‘amigos’ dos Estados Unidos…”, indagou o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), em sua conta no Twitter.
A deputada Margarida Salomão (PT-MG) reforçou que os novos vazamentos de conversas entre Moro e o procurador Deltan Dallagonol divulgadas pela Folha de S.Paulo, em parceira com o site The Intercept Brasil, mostram que Sérgio Moro “soube aproveitar muito bem a fama de supostamente anticorrupção”. Junto com Deltan Dallagnol, realizou palestras bem remuneradas sobre a Lava Jato e “ocultou da justiça”.
O deputado José Guimarães (PT-CE) anunciou que a partir da próxima semana, no retorno das atividades legislativas, a temperatura subirá . “A CPI é o caminho para apurar tudo sobre Moro, Dallagnol e os Hackers”, defendeu. E o deputado Paulão (PT-AL) protestou: “Qual a ação da Receita Federal contra a sonegação do Moro? Nenhuma?”. E completou indignado afirmando que para o “pacato cidadão a Receita Federal é um Leão, mas vira um pato amarelo para o Moro”.
O deputado Pedro Uczai (PT-SC) afirmou em sua conta no Twitter que o “castelo de areia continua desmoronando”. E destaca a reportagem da Folha de São Paulo que mostra que Sérgio Moro infringiu a lei mais uma vez ao não informar uma palestra “bem paga” como ele mesmo disse em mensagem enviada ao seu “secretário de luxo” Deltan Dallagnol.
“Descuido”
O deputado Nilto Tatto (PT-SP) criticou o argumento utilizado pelo ex-juiz Sérgio Moro para a omissão do cumprimento da determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de que juízes de todas as instâncias devem prestar contas de todas as palestras e eventos. “Em nota dizem que a omissão foi um descuido de Moro. Imaginem se Lula ou alguém do PT tivesse um descuido semelhante”, provocou.
Pela normal do CNJ, os juízes tem até 30 dias para informar as atividades, e precisam registrar data, assunto, local e entidade responsável pela organização.
Na avaliação do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), Moro já era um juiz “nada bem intencionado” e que ainda por cima se “deslumbrou” com aplausos e holofotes. “Fez da tal ‘luta contra a corrupção’ um meio de vida. Manipulou uma eleição e virou ministro daquele que mais se beneficiou com a prisão injusta de Lula”.
O deputado Helder Salomão (PT-ES), ao comentar a sonegação de Moro, afirmou que no fim das contas, “Moro e o procurador Deltan Dallagnol fizeram tudo que acusaram (nunca provaram) Lula de fazer”.
E o deputado Rogério Correia (PT-MG), a comentar a nova matéria que relata parceria de Moro, para ganhar dinheiro, com o amigo Dallagnoll ironizou: “Lembrei hoje de Al Capone, mafioso de Chicago, sonegador de Imposto de Renda. Aliás foi preso por isto”. E cobrou: “Me veio a dúvida: Juiz Moro e seu amigo da acusação Dallagnoll, declararam à Receita Federal as palestras ministradas? Deputado quer saber! O povo também!”.
Em seu Twitter o deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) também ironizou: “Sobre o verbo sonegar, Bolsonaro sonega. Moro sonega. Os patos acreditam”.
Os deputados petistas Assis Carvalho (PT-PI), Airton Faleiro (PT-PA), João Daniel (PT-SE) e Odair Cunha (PT-MG) também criticaram a atitude “imoral e ilegal” de Moro e utilizaram as #MoroSonegar e #MoroMente em suas redes sociais. A palestra não consta na prestação de contas de Moro ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Vaza Jato
Segundo noticiou o jornal Folha de S. Paulo, Moro declarou participação em 16 eventos externos em 2016, incluindo nove palestras, três homenagens e duas audiências no Congresso Nacional. Mas a palestra remunerada contratada pelo grupo de comunicação Sinos não consta na relação de eventos. Ela foi mencionada em uma mensagem que ele (Moro) enviou ao procurador Deltan Dallagnol, e exposta pelo site The Intercept Brasil.
De acordo com a Folha e o The Intercept, no dia 22 de maio de 2017, Moro disse a Dallagnol que um executivo do grupo de comunicação Sinos tinha interesse que ele desse uma palestra. “Ano passado dei uma palestra lá para eles, bem organizada e bem paga”, escreveu o ex-juiz. “Passa sim!”, respondeu o coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol.
Uma fonte afirmou à Folha que Sérgio Moro recebeu pela palestra entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. Segundo o TRF-4, em setembro de 2016, o salário do ex-juiz era de R$ 28,4 mil, com os impostos já descontados. Ao ser questionado por não ter prestado contas de sua participação no evento para atender as exigências do CNJ, Moro afirmou ter sido um “lapso”.
O The Intercept começou a divulgar as mensagens em junho em seu site e em outros veículos de imprensa. Elas expuseram a grande proximidade entre Moro e os procuradores da operação Lava Jato, colocando em dúvida a sua imparcialidade enquanto juiz no julgamento dos processos da operação.
Por PT na Câmara