Petistas são taxativos: “Sem anistia para golpistas criminosos”

Parlamentares da Bancada do PT cobraram punição aos cinco presos nesta terça-feira (19) pela Polícia Federal, entre eles quatro militares, por tramarem os assassinatos do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do STF

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mais de dois terços da população exigem punição para os golpistas do 8 de janeiro

Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara nesta terça-feira (19/11) para pedir punição rigorosa para os autores do plano golpista para assassinar o presidente Lula, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes; e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), em dezembro de 2022, a fim de impedir a posse de Lula em janeiro de 2023.

“É estarrecedor o que nós estamos vendo hoje a partir das prisões realizadas pela Polícia Federal, prisões que revelaram o plano golpista que existia e era elaborado dentro do Palácio do Planalto, na casa do General Braga Neto. É um verdadeiro show de horrores o que nós estamos vendo. Quem participou tem de ser responsabilizado”, defendeu o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

A operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira prendeu quatro militares das Forças Especiais, também conhecidos como “kids pretos”: o general da reserva Mário Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo e o policial federal Wladimir Matos Soares.

Aventura Golpista

Carlos Zarattini relembrou o dia 8 de janeiro, que ele classificou como uma tentativa de levar milhares de pessoas a uma aventura golpista. “Participaram dessa aventura e lideraram aquela manada os kids pretos, os mesmos kids pretos que tinham elaborado o plano de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, os mesmos que previam a utilização de armas e de envenenamento para impedir que houvesse um governo democraticamente eleito governando o nosso País”, relatou.

Para Zarattini, isso tem que ser investigado mais a fundo e todos aqueles que estão envolvidos devem ser presos, julgados e condenados, porque a democracia brasileira não pode suportar esse tipo de ação. “Nós não podemos concordar que se continue tentando passar o pano com a palavra sem nexo de “anistia” para quem queria impedir a democracia de funcionar no País. Nós não podemos deixar que evolua essa tentativa de normalizar certos comportamentos golpistas. Não, nós não vamos concordar com isso!”, garantiu.

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O Congresso Nacional, segundo Zarattini, não pode, em hipótese alguma, passar pano nessa situação, esquecer ou querer impedir que se investigue a fundo o que ocorreu. “Todas as nossas bancadas — não falo apenas da Bancada do PT ou da bancada do campo de esquerda —, todas, têm que estar unidas na luta pela manutenção da democracia. E para manter a democracia, tem que haver condenação e prisão desses que tentaram esse golpe violento contra Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes”, afirmou.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) afirmou que os golpistas de 8 de janeiro agora foram revelados na sua essência, “e estava por trás deles a tentativa de envenenamento do presidente Lula e também de pôr fim à vida do vice-presidente Alckmin e do então presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Alexandre de Moraes”. Para o deputado essa é a verdade que está agora nas páginas do relatório da Polícia Federal. “É impressionante que golpistas ainda usem este microfone do plenário para defender esses assassinos”, criticou. Ele se referia aos deputados bolsonaristas que tentam a todo custo aprovar projeto para anistiar os golpistas de 8 de janeiro.

Rogério Correia, que participou da CPMI do Golpe, destacou que o general Mário Fernandes está no relatório da CPMI que foi entregue há 1 ano ao procurador-Geral da República, Paulo Gonet. “Esse general era um dos chamados ‘kids pretos’, que são aquelas forças especiais do Exército que planejavam o golpe desde 2021” reiterou.

O deputado sugeriu que todos os parlamentares lessem o relatório da Polícia Federal e vissem o que foi descoberto agora no telefone e no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordem de Bolsonaro. “Mauro Cid tentou apagar, ou melhor, apagou aquelas mensagens. Mas, felizmente, um aparelho israelense conseguiu tirar da nuvem as mensagens em que planejavam envenenar o presidente Lula. E, agora, isso veio a público. Esse Mário Fernandes era um deles. O outro é o Braga Netto. E eu pergunto à Polícia Federal por que Braga Netto não foi preso hoje, uma vez que foi na casa dele que foi planejado o assassinato do presidente Lula, do Alckmin e do Alexandre de Moraes? Que Braga Neto seja preso imediatamente!”, defendeu.

Indignado, Rogério Correia questiona: “Anistia para quê? Para que atentem contra a vida do presidente? Para que queiram dar mais golpe na democracia? Basta! E o principal responsável, segundo o relatório da CPMI, é o Sr. Jair Bolsonaro! Ele não vai sair livre disso, será preso!”, disparou.

Prova definitiva

“Hoje, nós finalmente entendemos por que o inquérito que apura a tentativa de golpe estava demorando tanto para ser concluído. A explicação é que a Polícia Federal estava atrás da prova definitiva, e a prova foi encontrada”, afirmou o deputado Bohn Gass (PT-RS). Para o deputado não há mais dúvida. “A tentativa do golpe está provada, e a prova está nas mãos da Polícia Federal. Já se sabe quem planejou, como planejou, onde planejou e quem executaria. Mas vocês sabem que uma investigação perfeita precisa apontar o motivo do crime. E o motivo do crime era: Bolsonaro queria ficar no poder a qualquer custo e, como perdeu a eleição, planejou um golpe”, detalhou.

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Bohn Gass fez questão de destacar que um dos presos é o general Mário Fernandes, “amigo íntimo de Bolsonaro, homem de sua confiança que chegou a ser ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência da República e que Bolsonaro nomeou como autoridade de monitoramento da Lei de Acesso à Informação”.

Também citou que este plano “golpista macabro” foi discutido e detalhado dentro da casa do General Walter Braga Netto. “E quem é Braga Netto? Ninguém menos do que o homem que Bolsonaro nomeou para ser ministro de duas pastas do seu governo: a Casa Civil e a Defesa. E mais, Braga Netto era o candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro”, relembrou.

“Nada mais a dizer, senão prisão para essa quadrilha, essa bandidagem de Walter Braga Netto, de Mário Fernandes, de todos os generais, majores, policiais e até políticos que sustentaram essa tentativa de sabotar a democracia brasileira e levar ao poder um presidente ilegítimo. Mais do que ilegítimo, estou falando de um homem sem escrúpulo, um facínora, capaz de qualquer coisa pelo poder, como agora se vê, um homem capaz de até mandar matar”, denunciou.

O deputado Reimont (PT-RJ) destacou que o Brasil vive momentos muito difíceis. “Então, temos que tomar muito cuidado com isso. Ou prendem aqueles que tramaram contra o governo, prender mesmo, Bolsonaro e sua corja, sua turma, ou eles vão continuar tentando dar o golpe. Que vergonha! Que descalabro!”, desabafou. Para o deputado, a extrema direita devia estar com a cabeça enterrada na areia, de vergonha de ter feito o que fez no País nesses últimos tempos. “Uma covardia com a democracia, um desrespeito com o povo brasileiro”.

Na avaliação de Reimont, a prisão ocorrida hoje, de alguns membros da Polícia Federal, inclusive, membros do próprio Palácio do Planalto, da época de Bolsonaro, membros das Forças Armadas, serve para nos dizer que corríamos muito risco. “E eu quero dizer que este verbo não pode estar no passado. Nós ainda corremos risco. A democracia ainda corre risco. Porque, quem trama contra a vida de um presidente da República, do vice-presidente e de um ministro do STF, na verdade, não tem nenhuma medida, não tem nenhum limite. Ou nós botamos limites e botamos esses homens na cadeia ou nós continuaremos a ter a nossa democracia ameaça”, alertou.

Reimont afirma ainda que quem trama desta forma para matar um presidente, um membro do Supremo Tribunal Federal e o vice-presidente da República, “também tem coragem de tocar fogo na casa do ‘Tio França’, lá em Santa Catarina, para queimar provas — certamente. Portanto, recadinho: general Braga Netto, o senhor também é responsável pela morte do Tio França, lá de Santa Catarina”, conclui.

Silêncio da extrema direita

O deputado Paulão (PT-AL) criticou “o silêncio da extrema direita para não discutir os fatos que ocorreram hoje, que chocaram o Brasil e o mundo”. O parlamentar destacou que a Polícia Federal, de forma diligente, conseguiu desmontar “uma organização criminosa” articulada pelo candidato a vice-Presidente, general Braga Netto. “Organização criminosa, que estava programando, para o dia 15 de dezembro, matar o presidente Lula, o vice-presidente, Geraldo Alckmin e também o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes. É muito grave essa notícia”, afirmou.

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Agora, continuou Paulão, além dessa gravidade articulada pelo General Braga Netto, “existe outro general que está lotado no gabinete de um deputado Federal do PL do Rio de Janeiro, o general Pazuello. Isso é muito grave! Esta Casa não vai tomar posição?”, indagou.

Para Paulão, a capacidade de conviver com a democracia não é só conviver com os iguais, é a capacidade de conviver com as diferenças. “Esta Casa cai de qualidade. É articulada por pessoas que não são loucas; são criminosos, são bandidos. E é necessária uma posição das Forças Armadas: o que irá fazer em relação a essa situação do general Braga Netto, criminoso, que estava organizando o atentado contra a democracia?”, questionou.

Os deputados Luiz Couto (PT-PB), Airton Faleiro (PT-PA), João Daniel (PT-SE) e Welter (PT-PR) também criticaram a trama para tentar assassinar Lula, Alckmin e Moraes. Eles também defenderam punição rigorosa para o grupo.

Do PT na Câmara

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