Petroleiros em greve fazem ato em defesa da vida na Rlam
Em um ano de pandemia, mais de 5.200 trabalhadores da Petrobras já se contaminaram, devido à negligência da gestão,. Petroleiros protestam na Bahia
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Em greve por tempo indeterminado, os petroleiros da Bahia realizaram na terça-feira (9) um ato na Refinaria Landulpho Alves (Rlam), em protesto contra o avanço das contaminações de Covid-19 nas unidades do Sistema Petrobrás. No domingo (7) um operador da Rlam faleceu em decorrência da doença. Os petroleiros protestaram contra a negligência da gestão, fincando cruzes no entorno da refinaria.
A segurança é um dos eixos da greve que mobiliza há cinco dias os trabalhadores da Petrobrás não só na Bahia, como no Amazonas, no Espírito Santo e em São Paulo. Em meio ao maior desmonte da história do Sistema Petrobrás, com diversas unidades já privatizadas e fechadas e outras tantas em processo de venda, os petroleiros enfrentam graves ataques no ambiente de trabalho. Diversos trabalhadores estão esgotados, física e psicologicamente. Sem diálogo com os sindicatos, as gerências submetem a categoria a jornadas exaustivas e a multifunções, seja no trabalho presencial ou remoto, paralelamente às transferências compulsórias e ao descumprimento do Acordo Coletivo.
Soma-se a isso o avanço do assédio moral, que é hoje uma ferramenta utilizada em larga escala pelas gerências para pressionar os trabalhadores. Tudo isso em meio ao avanço da pandemia, cujo impacto na vida da categoria é cada vez maior. Assim como o governo Bolsonaro, a gestão da Petrobrás vem negando recomendações, normas e protocolos de segurança dos órgãos de saúde e de fiscalização, como o Ministério Público do Trabalho, a Fiocruz e a Agência Nacional de Petróleo.
Na Rlam, por exemplo, foram denunciados surtos de Covid com mais de 70 trabalhadores contaminados nas últimas semanas. Ainda assim, a gerência da refinaria insistiu em manter as paradas de manutenção que colocariam em risco mais de 2 mil trabalhadores aglomerados na unidade. Só após o início da greve é que a a gestão da Petrobrás resolveu suspender o início das paradas.
Em um ano de pandemia, mais de 5.200 trabalhadores da Petrobrás já se contaminaram. Isso equivale a mais de 11% do efetivo próprio da companhia. Ou seja, o dobro da média nacional. A cada semana, são mais de 420 trabalhadores infectados pela Covid-19 e uma média de 20 hospitalizados. Números que, apesar de altos, são subnotificados, pois a gestão da Petrobrás insiste em não divulgar os dados dos trabalhadores terceirizados.
Greve segue no crescente
Novas adesões à greve dos petroleiros devem ocorrer ao longo da semana, em outras bases sindicais da FUP. O movimento já foi aprovado em Pernambuco, em Minas Gerais e na Usina do Xisto (SIX), no Paraná, onde os trabalhadores estão se preparando para se somar ao movimento.
Na terça-feira (9) as mobilizações foram intensificadas na Refinaria de Manaus (Reman), na Refinaria de Paulínia (Replan) e no Espírito Santo, onde houve atrasos no embarque para as plataformas.
Com pautas de reivindicações diversas, os sindicatos da FUP denunciam os impactos das privatizações nas relações de trabalho, em função das transferências compulsórias feitas pela gestão da Petrobrás, da redução drástica de efetivos e do sucateamento das unidades, principalmente as que estão sendo vendidas. O resultado desse desmonte é o risco diário de acidentes, sobrecarga de trabalho, assédio moral e descumprimento rotineiro do Acordo Coletivo de Trabalho.
Combustíveis a preços justos
Enquanto a Petrobrás reajusta pela sexta vez os combustíveis este ano, os sindicatos da FUP intensificam as ações solidárias de venda subsidiada da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, mostrando para a sociedade que é possível comprar derivados de petróleo por preços justos. A apesar de produzidos nas refinarias brasileiras com petróleo nacional, os combustíveis são vendidos a preços internacionais e custo de importação.
Uma conta que não fecha para os consumidores brasileiros, pois é baseada no Preço de Paridade de Importação (PPI). política de reajuste dos derivados de petróleo que foi implantada em 2016 no governo Temer e mantida pelo governo Bolsonaro.
Cada vez que o preço do barril de petróleo, que é cotado em dólar, sobe lá fora, a Petrobrás reajusta os preços dos combustíveis aqui no Brasil. Com isso, só em 2021, a gasolina já aumentou 54%, e o diesel 41,5% nas refinarias. Os brasileiros estão refém das oscilações do mercado internacional e da disparada do dólar, o que tem sido constante. A FUP e seus sindicatos vêm denunciando há mais de quatro anos os prejuízos do PPI e cobrando a adoção de uma política de Estado para o mercado de combustíveis, que garanta preços justos para o povo brasileiro e o abastecimento nacional.
Para ampliar esse diálogo com a população, os petroleiros farão novas ações solidárias nos próximos dias em diversas regiões do país, cujo calendário será divulgado em breve. Na semana passada, nove municípios do país foram atendidos pelas ações da FUP e de seus sindicatos, que junto com a CUT e movimentos sociais, distribuíram 22 mil litros de gasolina a R$ 3,50 o litro, 10 mil litros de óleo diesel a R$ 3,09 o litro, e 450 botijões de gás de cozinha a R$ 40,00 o botijão de 13 kg.