Porta-voz do mercado, grande mídia se cala ante o escândalo Campos Neto

TRF1 derrubou liminar que impedia a Comissão de Ética Pública de investigar se configura conflito de interesses o presidente do BC ter empresa em paraíso fiscal e, ao mesmo tempo, atuar como autoridade monetária, mas a mídia tradicional decide não dar o devido destaque

Site do PT

O silêncio diante do escândalo escancara a parcialidade da mídia corporativa

Vejam só vocês que coisa mais curiosa. A mídia brasileira, sempre tão zelosa na defesa da autonomia do Banco Central e sedenta por criticar qualquer declaração de Lula que vá contra suas conveniências, agora enfrenta um teste de coerência.

Isso porque Roberto Campos Neto, presidente do BC nomeado por Jair Bolsonaro, está sob suspeita de conflito de interesses, envolvendo manutenção de offshore no exterior, empresas que teriam lucrado com investimentos influenciados pela Selic, a taxa de juros definida pelo próprio Bacen. Trata-se de um escândalo, que seria suficiente para estampar manchetes e derrubar presidentes de banco central em qualquer outro país. No Brasil, no entanto, o assunto é tratado com silêncio ensurdecedor pelos principais veículos de imprensa.

Aos fatos: recentemente, a 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) derrubou por unanimidade a liminar que havia paralisado a investigação da Comissão de Ética Pública sobre Campos Neto. A decisão judicial passou praticamente despercebida. Nenhum dos grandes jornais destacou a notícia em suas capas, e tampouco se ouviu uma única menção ao caso no Jornal Nacional, o maior telejornal do país.

Essa postura reforça a certeza de que a grande imprensa adota um viés seletivo, silenciando sobre temas que podem desestabilizar figuras alinhadas aos seus interesses e aos do mercado financeiro.

Nota de rodapé

A blindagem da mídia em torno do acusado é sintomática. Enquanto casos de menor relevância, como o “relógio do Lula”, ganham destaque e são repetidamente comentados, preenchendo dezenas de páginas e horas de transmissão, as graves suspeitas contra o presidente do BC são tratadas como notas de rodapé ou, pior, omitidas. A Folha de S.Paulo, por exemplo, mencionou discretamente o tema. No entanto, a importância da informação foi abafada pelo baixo destaque dado.

Em um cenário onde qualquer crítica ao Banco Central é amplificada e transformada em manchete, o “esquecimento” em noticiar as suspeitas que pairam sobre seu presidente não passa despercebido. Essa disparidade no tratamento prova novamente que a auto anunciada imparcialidade da grande imprensa não passa de uma falácia. Afinal, como concessão pública, sua cobertura deveria defender os interesses do país e se preocupar com a integridade das instituições e com a transparência. Então, por que um caso tão grave não recebe a devida atenção?

Leia mais: PT ingressa com Ação Popular contra Campos Neto, proposta por Gleisi

“Não é essa a mídia que repercute qualquer fala sobre o Campos Neto?”, questionou Ivan Longo, da TV Fórum, em programa sobre o assunto na tarde de quinta-feira (9). “Lula abre a boca para falar de Campos Neto e vira manchete. Quando Campos Neto é alvo de investigação, a notícia é invisibilizada”, apontou

A verdade é que essa imprensa, que sempre se posicionou como defensora da autonomia do BC, nem tenta disfarçar suas inconsistências. Ao blindar seu presidente, expõe um claro viés que, longe de contribuir para o fortalecimento das instituições democráticas, trabalha apenas na defesa de seus próprios interesses. E de quem a financia, é claro.

Da Redação

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast