Privatização dos Correios é criticada por petistas em audiência na Câmara
A reunião teve iniciativa da deptada Erika Kokay, que lembrou que a empresa estatal é um patrimonio do povo brasileiro e vai lutar em defesa da soberania nacional
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A privatização dos Correios foi tema de audiência pública da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP), nesta terça-feira (6), na Câmara Federal. A reunião de iniciativa da deputada Erika Kokay (PT-DF) contou com a presença do ministro Marcos Pontes, do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e do presidente dos Correios, Floriano Peixoto.
O ministro afirmou que neste momento não há nenhum processo de privatização e desestatização dos Correios. “O que nós temos hoje de concreto é trabalhar para que os Correios sejam sustentáveis do ponto de vista econômico e financeiro para que a empresa cresça”, disse Pontes.
No entanto, a afirmação do ministro choca-se com declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro e de sua equipe econômica, os quais têm afirmado que a privatização dos Correios estaria “no radar” do governo.
O presidente dos Correios seguiu na mesma linha de Pontes ao dizer que o principal objetivo de sua gestão é a elaboração de um plano de equilíbrio fiscal e financeiro, além da estruturação de governança e eficiência de projetos que visam o fortalecimento dos Correios.
A deputada federal Erika Kokay manifestou posição contrária à privatização dos Correios.
“Atualmente os Correios estão presentes em 100% dos municípios brasileiros. Mas em apenas 8% deles (324 municípios) há lucro para a empresa. Nos outros 92% (5246 municípios) há prejuízo. Os Correios como empresa pública tem a missão institucional de manter o serviço postal, utilizam o subsídio cruzado, o lucro dos 8% para atuar no restante do País”, explica Kokay. “As empresas privadas só atuam onde dá lucro. Como ficarão os 92% dos municípios brasileiros, sem serviços postais?”, questionou a parlamentar.
Amanda Corsino, representante do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Distrito Federal (Sintect-DF), afirmou que diferente do discurso do governo e de sua base aliada no parlamento os Correios são superavitários. Em 2018, os Correios tiveram um faturamento de R$ 19 bilhões. Nos últimos anos a empresa repassou cerca de R$ 7,5 bilhões à União, além dos dividendos obrigatórios.
Segundo Corsino, só existem 8 Correios privatizados no mundo e nenhum em países de dimensão continental como o Brasil. “Temos um dos melhores indicadores de entrega do mundo, de 98% de efetividade”, explicou.
“Esse governo gosta tanto dos EUA e lá os Correios são públicos”, argumentou. “Não tem argumentos concretos que justifiquem a privatização dos Correios. Se dá lucro ou não, não importa, temos um governo entreguista. Se privatizar os Correios só quem tiver dinheiro vai ter acesso aos serviços postais”, alertou Amanda.
O deputado Bohn Gass (PT-RS) também questionou a privatização. “As empresas querem os Correios porque ele dá prejuízo? É porque ele dá lucro”, criticou. Para o deputado, a privatização dos Correios representa um ataque à soberania nacional e fez um apelo ao ministro e ao presidente dos Correios, ambos militares, para que defendam o patrimônio público nacional. “Quem entrega o patrimônio brasileiro não pode ser considerado patriota”, disparou.
A deputada Erika Kokay, proponente da audiência, afirmou que vai dialogar com o ministro Marcos Pontes para atuar conjuntamente em defesa da instituição. “Os Correios são patrimônio do povo brasileiro. Nós vamos analisar as proposições que fortalecem os Correios em tramitação no Congresso e discutir a fidelização das remessas do governo com o próprio Correios”, observou a parlamentar.
História e eficiência
A empresa tem 355 anos de história e 105 mil empregados diretos. Está presente em 100% dos municípios brasileiros e ocupa os primeiros lugares no ranking mundial de qualidade, com mais de 98% de entregas dentro do prazo.
Também participaram da audiência – e criticaram a privatização dos Correios – os deputados petistas Leonardo Monteiro (MG), Paulão (AL) Benedita da Silva (RJ), e Helder Salomão (ES).
Por PT na Câmara