PSL e Bolsonaro mentiram ao TSE em desvio de mais de 900 mil nas eleições
Ex-capitão havia declarado que gastos na campanha vieram de doações, mas agora foi revelado que ele usou verba pública do fundo partidário para a campanha presidencial
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Em meio a fake news e Caixa 2, as contas da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro (PSL) continuam levantando suspeitas. Documentos analisados pelo Vortex revelam que o PSL omitiu quase R$ 1 milhão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No total, R$ 915 mil, vindos do fundo partidário, foram gastos com despesas da campanha presidencial de Bolsonaro. Entretanto, nos relatórios entregues à Justiça Eleitoral, o PSL descreveu os valores como gastos ordinários, não relacionados a nenhuma candidatura.
O ex-capitão disse que os R$ 2,45 milhões, declarados por ele à Justiça, foram arrecadados exclusivamente através de doações. Com as novas revelações da ajuda financeira de seu partido, o custo real da campanha pode chegar a R$ 3,3 milhões, um aumento de 37%.
A omissão dessas despesas, por sua vez, é um crime eleitoral, que viola a resolução do TSE. O Artigo 350 do Código Eleitoral prevê reclusão de até cinco anos para quem “omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais”.
Do Whatsapp até o jingle
No total, cinco empresas foram contratadas para prestar serviços à campanha de Bolsonaro, usando recursos financeiros do PSL. Entre essas, está a Ideia Marketing Digital, que tem como dono Érico Filipe de Mello, assessor da família Bolsonaro na Câmara dos Deputados por 14 anos. Ele abriu a empresa um mês após ele deixar o cargo que ocupou entre 2016 e 2018 no gabinete de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Antes de trabalhar com o 03, ele foi assessor do próprio Jair entre 2004 e 2016.
A prestação de contas do PSL informa que a empresa recebeu R$ 65,4 mil para gerenciar estratégias digitais do partido e de Bolsonaro. De acordo com os documentos, os serviços realizados incluem a criação de “vários canais com os apoiadores de Jair Bolsonaro” a administração de páginas que aumentavam o engajamento nas redes sociais.
A agência afirmou ter coletado informações de “mais de 100 mil cadastrados para o uso de marketing digital para a campanha política”, enviando mensagens via Whatsapp “para grupos de apoiadores em todo o Brasil”. Ou seja, a Ideia ajudou a campanha presidencial, principalmente no segundo turno, mas não consta nas contas apresentadas por Jair.
Outra empresa contratada pelo PSL foi a Mosqueteiros Filmes Ltda. Pelo valor de R$ 70 mil, consta que “a produtora musical e artística supervisionará e coordenará, sob orientação do PSL, a produção executiva e artística do fonograma musical intitulado ‘Muda Brasil’, que integrará a campanha eleitoral à Presidência da República do pré-candidato Jair Messias Bolsonaro”, comprovando a participação integral da empresa na campanha do ex-capitão, que omitiu os gastos com esse contrato como parte da campanha.
Até aplicativo
A principal agência responsável pela estratégia digital da campanha de Bolsonaro foi a AM4. Nos relatórios apresentados ao TSE, o PSL informou que a empresa era responsável pela “programação e desenvolvimento de layout para site da candidatura majoritária nacional”. A AM4 criou até mesmo “o aplicativo oficial da campanha de Jair Bolsonaro – 17.”, como dizia a descrição do “Voluntários da Pátria”. Apesar de todos os serviços da agência, o partido declarou as despesas como ordinárias.
Por fim, a empresa J e J Marketing ficou encarregada de criar a “música tema para a campanha” e produzir 20 vídeos. Além disso, a agência também era responsável pelo acompanhamento de cinegrafistas em viagens de Bolsonaro, mas não foi citada nas contas do mesmo.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Vortex Media