PT denuncia agressões e ameaças às candidatas mulheres ao TSE e à Procuradoria-Geral
Crimes de racismo e ameaça de morte à vereadora eleita Ana Lúcia Martins, em Joinville (SC), e ataques a líderes políticas do PT e de outros partidos da oposição levam Gleisi Hoffmann a pedir investigação e providências do ministro Luiz Roberto Barroso e do procurador-geral Augusto Aras. “O quadro de intolerância e ódio gratuitos tem se acirrado”, aponta a presidenta nacional da legenda, que pediu proteção ainda às candidatas que concorrem no segundo turno e àquelas vítimas de ataques e ameaças no primeiro turno
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A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e a secretária nacional de mulheres do PT, Anne Karolyne Moura, denunciaram a violência, ameaças e ataques cometidos contra as mulheres que disputaram as eleições municipais de 2020 às autoridades da Justiça. Ambas cobraram providências do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luiz Roberto Barroso, e do procurador-geral da República, Augusto Aras, pedindo proteção às candidatas que estão disputando o segundo turno das eleições.
“A tentativa de não tornar audíveis as vozes das mulheres na política, de diversas siglas partidárias, resultou em atentados criminosos contra candidatas do PT, PCdoB e Rede Sustentabilidade”, apontam Gleisi e Anne Karolyne, nas representações entregues no TSE e PGR. “O quadro de intolerância e ódio gratuitos tem se acirrado e exige atenção. A projeção deste ódio em desfavor das mulheres, durante o período eleitoral, é fato que reclama a atenção desta corte”, cobraram as dirigentes petistas do presidente do TSE.
Na denúncia oferecida ao procurador-geral e ao presidente do TSE, Gleisi cita pesquisa realizada pelo Instituto Marielle Franco, em parceria com as ONGs Justiça Global e Terra de Direitos, que confirma: as maiores ameaças sofridas foram dirigidas às candidatas negras. “O levantamento mostra que 98% das candidatas negras, de um universo de 142 mulheres entrevistadas, sofreram algum tipo de violência durante o pleito deste ano”, alerta a presidenta nacional do PT. Na representação, Gleisi cobra da Justiça Eleitoral e da PGR que determinem aos órgãos incumbidos da persecução penal atenção para a proteção das candidatas que venceram as eleições e sofreram ataques e aquelas que concorrem ao pleito eleitoral neste segundo turno.
Episódios de selvageria e misoginia
No pedido, Gleisi e Anne Karolyne citam seis episódios de ataques ocorridos contra candidatas mulheres. O mais grave foi o assassinato da candidata à Prefeitura de Curralinho (PA), Leila Arruda (PT). “A candidata foi morta a facadas e pauladas”, destacam. E lembram as agressões sofridas pela candidata Leda Mota, que disputou cadeira na Câmara de Vereadores em Resende (RJ) pelo PCdoB. “Ela foi vítima de agressão por parte de seu companheiro e, ao denunciar o caso na delegacia, sofreu nova violência ao ser presa por desacato, sob a absurda justificativa de que estaria ‘causando tumulto com fins eleitorais’”, relatam.
Ainda há outros quatro episódios graves, como os crimes de racismo e ameaça de morte contra a vereadora eleita Ana Lucia Martins (PT), em Joinville (SC) e o crime contra a honra de Thays Bieberbach, vereadora eleita pelo PT em União da Vitória (PR). Também citam o caso da candidata da Rede Sustentabilidade à Prefeitura de São Paulo, Marina Helou, que, após o debate entre os candidatos, realizado pela Bandeirantes, em 1º de outubro, recebeu mensagens abusivas.
Por fim, há ainda o caso da deputada estadual Adriana Accorsi (PT), ameaçada com sua família por um perfil falso na rede social Instagram. Uma conta identificada como Hugo Rossi enviou mensagens de cunho ameaçador para a parlamentar, que concorreu à Prefeitura de Goiânia nestas eleições, chegando perguntar se ela já havia “comprado caixão” para suas filhas.
“Os episódios são inúmeros e continuam a acontecer”, alertam a presidenta do PT e a secretária nacional das mulheres. “Tais casos reproduzem a desumana violência psíquica e física que as candidatas têm sofrido nestas eleições e é o que sofre toda mulher que, minimamente, tenta escapar à reprodução de concepções convencionais do ‘feminino’, que vinculam as mulheres à esfera privada e/ou dão sentido a sua atuação na esfera pública a partir do seu papel convencional na vida doméstica”, apontam.
Íntegra das representações entregues ao Tribunal Superior Eleitoral e à Procuradoria Geral da República.
Da Redação