PT e Oposição no Senado derrotam arrocho desumano da MP 905

A nova reforma trabalhista, conhecida como “carteira verde e amarela”, que pretendia retirar mais direitos dos trabalhadores caducou e não poderá mais ser reeditada pelo governo

Bruno Caramori

Bancada do PT e Oposição impedem novo golpe contra os trabalhadores

As bancadas do PT no Senado e de Oposição impediram, nesta segunda-feira (20), a votação da Medida Provisória (MP 905) – Carteira Verde e Amarela. Assim, a proposta do governo Bolsonaro que flexibiliza e retira ainda mais direitos dos trabalhadores perde a validade, ficando o governo impedido de reeditar as medidas

“A derrubada da medida provisória significa uma vitória para o povo brasileiro que vence esta batalha contra a reforma trabalhista do Bolsonaro”, destacou o senador Rogério Carvalho (SE), líder do PT no Senado. Com a vitória da oposição, não poderá ser cobrada contribuição previdenciária de beneficiários do seguro-desemprego, entre outros pontos.

“Finalmente caiu a MP 905, que retiraria uma série de direitos dos trabalhadores. Ela perde a validade nesta segunda (20) e não há mais possibilidade de ser votada”, comemorou o senador Paulo Rocha (PT-PA). O senador Paulo Paim (PT-RS) lembra que, se fosse aprovada, a MP 905 representaria a concretização da terceira reforma trabalhista num espaço de 15 meses.

Trabalho escravo

A MP ainda ampliava a prevalência do negociado sobre o legislado como norteador das relações de trabalho, adotada a partir da aprovação da reforma trabalhista. O texto aprofundava a aplicação do princípio, alterando o artigo 8º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), fazendo com que convenções e acordos prevalecessem sobre súmulas e enunciados de jurisprudência dos Tribunais do Trabalho.

“A MP 905 fortalece o trabalho escravo, afeta a previdência, força o trabalho nos domingos e feriados, termina com as férias, o 13º salário. Ela é a terceira reforma trabalhista em 15 meses. E ainda teremos as Medidas Provisórias 927 e 936″, diz o senador Paulo Paim. As MPs 927 e 936 permitem, dentre outras coisas, a suspensão dos contratos de trabalho e negociações individuais entre empregado e empregador para efetivar cortes de salário em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

Já o senador Jean Paul Prates (PT-RN) afirmou que medidas de incentivo a geração de emprego, como era a ideia original da proposta, “são bem-vindas”. Porém, lamentou que o texto tenha ganhado uma série de “enxertos legislativos” durante sua tramitação no Congresso Nacional.

“A MP 905 foi revogada. A decisão é uma vitória do Senado que estava disposto a não votar a proposta. A Medida mexia com direitos trabalhistas e alterava mais de 100 pontos da CLT. A MP também ganhou uma série de enxertos legislativos que não tinham nada a ver com a proposta original”, disse.

O senador também comentou que a decisão de Bolsonaro reeditar a proposta é bem recebida, desde que não pretenda atacar novamente os direitos dos trabalhadores.

“O incentivo ao primeiro emprego e a facilitação para empresas contratarem pessoas acima dos 55 anos devem vir nesta outra medida e são propostas bem-vindas. Só não vamos admitir nenhum desmonte dos direitos do trabalhador”, concluiu.

PT no Senado e Agência PT

 

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