PT lança chapa feminista em Pernambuco
Entre as candidaturas estaduais e federais, os nomes de mulheres são considerados os mais fortes do PT
Publicado em
Na noite de quinta-feira (30) a sede do Partido dos Trabalhadores (PT), no Recife, sediou o lançamento conjunto das candidaturas femininas à Câmara Federal e Assembleia Legislativa (Alepe). Entre as 13 mulheres estão os dois nomes mais fortes do partido para as disputas estadual e federal. O fortalecimento das candidaturas femininas faz parte do projeto Elas por Elas, do próprio PT.
Na disputa federal o PT tem quatro candidatas. A vereadora do Recife Marília Arraes é o principal nome de toda a chapa, que conta ainda com Priscila Ramos, também do Recife; Neide Silva, de Jaboatão dos Guararapes; e Flávia Hellen, da cidade do Paulista. Flávia avalia que será um pleito difícil para as mulheres, pois “o ódio e o machismo têm voto e têm candidatura para representá-los”. A estudante de direito quer chegar à Câmara Federal para mudar a bancada pernambucana, que segundo ela “só se reúne para retirar direitos e prejudicar a população pobre e periférica”.
Já na corrida pela Alepe, o PT coloca nove mulheres na disputa. Dos três nomes mais fortes da chapa, duas são mulheres: a sertaneja Dulcicleide Amorim, de Petrolina; e a olindense Teresa Leitão, que tenta chegar ao seu quinto mandato. “O espaço público sempre nos foi negado. E a política é o espaço mais público de todos. É onde queremos estar”, afirma Leitão. A professora da rede pública estadual, no entanto, concorda que o desafio não será simples. “Precisamos saber que fazemos campanha num território adverso. Pernambuco é o estado que mais mata mulheres no país”, alertou.
Com muitas jovens, a chapa estadual conta ainda com a educadora petrolinense Cristina Costa; a sindicalista Maria José, de Arcoverde; a advogada ipojucana Márcia Lacerda; a médica Thereza Cardoso, a professora universitária Liana Cirne e a estudante Dyanne Barros, todas do Recife; além da jornalista Sylvia Siqueira Campos, de Camaragibe.
Sylvia exaltou o momento de renovação que o partido vive. “Essa luta e esse compromisso são também com o PT. Precisamos levar o partido novamente a andar nas comunidades”, pontuou. E destacou algumas pautas prioritárias. “Quero ter um mandato feminista, antirracista, anti-LGBTfóbico. E não trazemos isso só como compromisso de mandato, mas como compromisso diário, de vida”.
A advogada e educadora popular Vera Baroni, militante histórica da luta feminista e do povo negro em Pernambuco, destacou que as candidatas não estão competindo entre si, mas construindo uma luta conjunta. “Esse projeto beneficia as candidatas, mas também reverbera para todas nós, que seremos beneficiadas por uma nova forma de fazer política”, avaliou. “É importante que esse desafio nos faça refletir sobre a contribuição do feminismo para a construção da democracia brasileira”, completou Baroni.
A secretária de Mulheres do PT no estado, Suely Oliveira, lembrou que a direita também tem buscado aproximar as mulheres e buscou diferenciar as candidaturas petistas. “Por isso digo que o importante não é só votar em mulher, mas votar em mulheres de luta e comprometidas com o feminismo popular e socialista”.
As candidatas receberam um diagnóstico das mulheres em Pernambuco. O documento, construído pela Secretaria de Mulheres do PT no estado, traz análises sobre acesso a saúde, educação, emprego, renda e outros direitos. Esta é a primeira eleição com o apoio do projeto Elas por Elas, nacionalizado em 2017. O projeto surgiu após estudo interno do partido que mostrou que, diferente do que se pensava, as mulheres petistas têm sim vontade de se candidatar, mas sentem que o partido não lhes daria apoio.
O Elas por Elas realizou com as candidatas quatro meses de formação política sobre temas que o PT considera importantes para a construção do feminismo. “O nosso estado vive um momento muito delicado em relação às políticas públicas para mulheres. Então essas mulheres que queriam ir para a disputa ganharam suporte do partido”, conta Raísa Rabelo, da coordenação do projeto em Pernambuco.
A petista avalia que o feminismo está em alta no partido. “Temos e tivemos no partido militantes históricas dos movimentos sociais e sindicais, mas viabilizar suas candidaturas era difícil”, lembra. “Mas hoje temos paridade nos cargos de direção dentro do PT e uma Secretaria de Mulheres muito forte e atuante no partido. E as grandes referências do movimento feminista no estado estão ou já estiveram no PT”, garante Raísa.
O partido também criou um app de smartphones com o mesmo nome do projeto, trazendo informações de todas as candidaturas femininas do PT em todos os estados.
Por Brasil de Fato