Rappers não aceitam retrocesso social do golpe contra Dilma

Mais importantes vozes musicais das periferias brasileiras, rappers de várias vertentes anunciaram que se opõem ao processo de impeachment sem fundamento legal contra Dilma Rousseff. Para o líder dos Racionais Mc’s, Mano Brown, quem quer derrubar a presidenta não está verdadeiramente preocupado com os problemas do País.

“O triste é ver que eles não estão preocupados com Brasil. Eles estão preocupados em substituir quem está no poder”, disse Brown, em entrevista à BandNews FM.

Para ele, as transformações provocadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram brilhantes e, por muitas vezes, as pessoas se encheram de orgulho de ser brasileiras. “A ideia do Bolsa Família tirou o Brasil de uma condição e levou para outra”.

Porém, de acordo com ele, os governos Lula e Dilma foram sabotados por quem se sentiu prejudicado pelas novas divisões sociais mais igualitárias.  “Nas novas divisões, o dinheiro teve que ser repartido por pessoas que antes não comiam, não vestiam, não tinham vontade de viver mais. Tem gente que vivia melhor antes. Vivia do privilégio e não da justiça.”, afirmou uma das vozes mais importantes da música nacional.

“As ruas dizem a verdade”
Pelas redes sociais, o rapper paulistano Rappin’ Hood, notório pela mistura de rap com samba, se manifestou diversas vezes em favor da democracia. Ele afirmou que parte da elite não aceita as transformações sociais ocorridas nos últimos 13 anos.

“A ira da elite se deve às mudanças que aconteceram nos últimos anos, filho de doméstica na faculdade ao lado de seus filhos irrita, né? Eu sei”, disse.

Ele brincou sobre o comportamento de parte das pessoas que bradam a favor do golpe. “Foi na concessionária e teve que esperar enquanto um pobre financiava um carro popular e ficou puto”.

“Não é por mal, mas são anos de injustiças sendo reparados, quer eles queiram ou não. Dilma foi eleita de forma legítima e terminará o mandato legitimamente. Eu não conheço terceiro turno”

Para ele, há pessoas incomodadas com o progresso dos mais pobres. “Não é por mal, mas são anos de injustiças sendo reparados, quer eles queiram ou não. Dilma foi eleita de forma legítima e terminará o mandato legitimamente. Eu não conheço terceiro turno”, ironizou.

Hood disse que não é de hoje que os meios de comunicação manipulam o povo. “As pessoas não podem acreditar naquilo que veem na TV, elas têm que acreditar naquilo que veem nas ruas. As ruas dizem a verdade; a mídia, não”.

Periferia organizada
Emicida, principal voz da nova geração do rap nacional, gravou recentemente um vídeo em que convocava a população para defender a democracia.  “Se você não for cuidadoso, os jornais farão você amar os opressores, e odiar os oprimidos”, disse, lembrando-se de frase histórica de Malcom X.

O rapper também afirmou:  “Sofremos muito para conquistar a democracia que temos hoje. Peço a todos muito calma, serenidade e inteligência nesses tempos difíceis. Golpe não é andar para frente”.

No mesmo vídeo, Criolo também se posicionou contra o golpe. “Não vamos abrir mão dos direitos que tanto lutamos para conquistar. É necessário, é urgente e é agora”, afirmou o músico.

O cantor de rap e funk Flavio Renegado participou de diversos atos no Rio e em São Paulo a favor da democracia. Em um depoimento durante ato de artistas contra o golpe realizado na última segunda (11), ele declamou um poema e afirmou que a periferia está organizada para resistir, de novo, ao ataque à democracia. “As comunidades nunca se calaram. O Brasil nunca ouviu as comunidades. Nós sempre sobrevivemos a tudo e vamos sobreviver ao golpe”.

Diversas entidades do Movimento Hip-Hop divulgaram mês passado uma carta em defesa da democracia. O documento afirma que “sempre que a Globo, a Veja, a Folha, a política e todos esses filhos da ditadura estiverem de um lado, nós estaremos do outro lado, do seu lado”,

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Noticiário Periférico.