Secretaria de Combate ao Racismo debate intolerância religiosa

Marcado para este sábado (17), o I Encontro de Religiosidade de Matrizes Africanas e Afro-brasileiras aborda o desmonte da Constituição na perspectiva do povo negro

O povo negro, historicamente marginalizado na sociedade brasileira, sofre ainda mais com os retrocessos impostos pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). Uma das vertentes desse ataque é a intolerância à religiões de matrizes africanas e afro-brasileiras. No enfrentamento a esse cenário, a secretaria Municipal de Combate ao Racismo do PT Rio de Janeiro realiza neste sábado (17) um debate sobre o desmonte da Constituição Federal na perspectiva de negros e negras.

Com apoio das secretarias Estadual (RJ) e Nacional de Combate ao Racismo, o I Encontro de Religiosidade de Matrizes Africanas e Afro-brasileiras integra um calendário de lutas que prevê também a realização de duas caminhadas contra a intolerância religiosa, também no Rio.

O secretário Nacional de Combate ao Racismo do PT, Martvs Chagas, analisa os retrocessos impostos à população negra, em especial no Rio de Janeiro, que atravessa uma escalada da violência policial, sob o governo federal de Jair Bolsonaro (PSL) e gestão estadual de Wilson Witzel (PSC).

“O recrudescimento do racismo no Brasil a partir da instalação do governo Bolsonaro tem como seu principal artífice o governador do Rio de Janeiro, que deseja implantar uma política de extermínio travestida de política de segurança pública.
A dupla Bolsonaro-Witzel incentiva a violência contra a população pobre e negra, por isso é necessário debater os mecanismos de resistência e enfrentamento ao uso gratuito da violência pelo aparato estatal em especial contra os religiosos de matriz africana que vêm sendo impedidos de professar sua fé”, avalia Martvs.

Intolerância religiosa também aumenta no Brasil

Também convidado para compor o debate, o professor de direito e ex-deputado federal Carlos Santana (PT-RJ) relata que tem percebido um aumento da violência contra religiões de matrizes africanas e afro-brasileiras a partir da eleição de Jair Bolsonaro, que coleciona declarações racistas. “O cargo máximo da política brasileira incentiva essa tolerância. Há um aumento violento nos ataques a terreiros, as pessoas estão com medo de manifestar sua religião”.

Não gosto nem de citar o nome, mas o governo Bolsonaro é de um retrocesso que chega ao período colonial – critica Carlos Santana

Governo Lula garantiu direitos ao povo negro

O professor contextualiza que o preconceito contra o povo negro no Brasil é histórico, mas que no governo Lula houve avanços significativos na igualdade racial. Avanços esses que estão ameaçados com o atual governo.

“A Constituição sempre teve uma exclusão dos negros, que nunca foram absorvidos com integrantes da sociedade brasileira nas suas condições culturais, sociais e políticas. Tivemos um grande avanço com a Constituição de 1988 e culminando no governo Lula, quando conseguimos implementar o que estava no papel com uma política voltada para combater a desigualdade”, explica.

Santana complementa afirmando que “é preciso reconhecer que existe uma desigualdade e, a partir daí, trabalhar políticas públicas para solucionar o problema. Lula fez isso”, reconhece. Ele cita como exemplo as cotas raciais, implementadas pelo ex-presidente.

Para se ter uma ideia do avanço, o número de negros que ingressou em universidades quase triplicou em cinco anos, segundo dados mais recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgado pela Agência Brasil. Os números mostram que, em 2011, de 8 milhões de matrículas em cursos de graduação, 11% foram feitas por alunos negros. Em 2016, apesar de ainda baixo, o percentual aumentou para 30%. Os números são reflexo das ações e programas implementados pelos governos do PT, tanto Lula quanto Dilma.

Além de Carlos Santana, participam do encontro Martvs Chagas, secretário Nacional de Combate ao Racismo do PT, Silvio Machado, presidente da comissão de direitos e liberdade religiosa da OAB RJ, Suzete Agdemalé Paiva, coordenadora da União de Negros Pela Igualdade (Unegro) do Rio, e a psicóloga Basilha.

Serviço

I Encontro de Religiosidade de Matrizes Africana e Afro-Brasileiras
Onde? 
Sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro
Rua Santa Cecília, 686 – Bangu, Rio de Janeiro/RJ
Quando? Sábado (17) às 9h

Da Redação da Agência PT de Notícias

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