Secretaria de Mulheres do PT e Perseu Abramo lançam Circuito de Formação Schirlei e Nalu
Projeto foi apresentado para a militância nesta sexta (21); objetivo é ampliar a formação política e partidária das mulheres filiadas ao PT
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Foi lançado nesta sexta-feira (21), no Rio de Janeiro, durante as celebrações dos 45 anos do Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, o Circuito Nacional de Formação Schirlei e Nalu. Idealizado pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT, em parceria com a Fundação Perseu Abramo, a iniciativa prevê formação política e partidária para as companheiras do PT em todos os estados do país ao longo de 2025, de modo a garantir a qualificação da base petista nos territórios. O projeto será realizado entre os meses de fevereiro e julho. No período, o Circuito vai passar pelos 27 estados por meio de oficinas para 30 formadoras, e oficinas para cerca de 1 mil a 1.500 filiadas.
O novo projeto busca atender às necessidades de promover a ampliação no quadro de filiadas ao Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras, e tornar a formação política do PT ainda mais acessível, popular e didática para as mulheres de base.
Durante a apresentação do novo projeto, a secretária nacional de Mulheres, Anne Moura, revelou que o Caderno de Formação das Mulheres do PT será atualizado neste ano, e destacou a importância da formação política para toda a militância, e o impacto que ela exerce na ponta, nos territórios.
“Além do Elas por Elas, a gente dá um outro passo, que eu considero um dos mais importantes. Para que eu chegasse aqui, e eu devo muito a esse partido, e a toda essa construção, eu comecei muito nova, com 16 anos, participando de formação política, de formação feminista, de formação de mulheres, e por isso nesse ano nós vamos atualizar o Caderno de Formação das Mulheres do PT e nós vamos percorrer o país com o Circuito de Formação Elas por Elas. Nós vamos fazer em parceria com a FPA, a Secretaria Nacional de Formação e a Escola de Formação, com a direção toda do PT, mas, principalmente, com as mulheres, afirmou.
O conteúdo formativo terá a possibilidade de ser modulado de acordo com a realidade de cada estado, inserindo pautas regionais para fazer os debates mais gerais, de modo que as mulheres consigam partir da materialidade e do cotidiano de suas vidas para avançar na compreensão das estruturas dos sistemas de opressão da sociedade.
Portanto, um dos intuitos com essa ação é consolidar uma rede nacional de formadoras, com conteúdos e métodos com base na educação popular para multiplicar a jornada de formação em estados e municípios; ampliar e fortalecer os instrumentos organizativos e institucionais de mulheres; democratizar e popularizar o acesso a conhecimentos e informações; estimular a formação contínua e renovável de militantes, dirigentes e lideranças petistas na construção de um mundo com justiça social e igualdade de gênero.
Na avaliação da secretária nacional de mulheres do PT, o Circuito Nacional de Formação Schirlei e Nalu foi se faz necessário para fortalecer as mulheres petistas e qualificá-las tanto para a disputa eleitoral de 2026 que se avizinha, quanto para o PED deste ano.
“A gente sabe que foram as mulheres que garantiram a vitória do presidente Lula em 2022, e precisamos continuar nesse processo de protagonismo das brasileiras. Mas para isso a gente precisa fazer a disputa política nos territórios, qualificando o debate, mostrando a necessidade de as mulheres estarem inseridas na política. Não podemos deixar essa formação nas mãos dos homens e tampouco de representantes da extrema direita. Com a eleição do Trump, ficou nítido que se não nos unirmos, os nossos direitos e de outras populações como as indígenas, ribeirinhas, quilombolas, periféricas e da comunidade LGBT estarão ameaçados. É nós por nós. E as mulheres do PT estão comprometidas e preparadas para fazer essa disputa e ampliar o quadro de companheiras.”
Públicos-alvos
Este processo de qualificação será feito com foco em dois públicos: dirigentes, chamadas de formadoras, e filiadas, caracterizadas como base.
A etapa “Formação para Formadoras” será voltada para dirigentes, lideranças e mulheres petistas que tenham interesse em ministrar oficinas de formação para as filiadas de base do PT.
O foco é que as companheiras atuem como multiplicadoras do conteúdo e do método da formação popular em seus estados, territórios e locais de militância. A formação de formadoras será presencial e terá duração de 2 a 3 dias. Para isso, elas terão acesso ao Caderno de Formação de Formadoras, uma espécie de guia para aplicar a formação de base e conceituação política; e participarão da Oficina de Formação de Formadoras, prevista para ocorrer entre janeiro e fevereiro.
O objetivo desse processo é garantir que as formadoras:
1 – apropriem-se da lógica do Circuito , dos conteúdos e do método dos Cadernos de Formação;2
2 – sejam capazes de organizar, mobilizar e ofertar as oficinas de formação em diversos contextos em seus estados e municípios;
3 – desenvolvam habilidades sócio-emocionais para conduzir reflexões, debates e sínteses coletivas com as mulheres e lidar com o extraordinário;
4 – sejam orientadas a mapear outras militantes formadoras e montar núcleos/comitês de formação em seus estados;
5 – sejam instruídas a atualizar a base de filiadas a partir das atividades, visando aprofundar uma relação mais orgânica com a base partidária e qualificar indicadores.
Já a segunda formação, voltada para a base de filiadas do PT, sobretudo aquelas que não participam ativamente das instâncias de direção partidária, e/ou que não possuem uma relação orgânica com o partido.
Ao longo de 2025, essa qualificação popular será ministrada em todos os estados pelas 30 formadoras. As oficinas de formação popular nos estados terão duração de 2 a 4 dias (podendo ser não-consecutivos).
Os objetivos são:
1 – oferecer uma formação popular, de linguagem fácil e acessível, que dialogue com temas cotidianos, profundamente conectados com a realidade das trabalhadoras brasileiras;
2 – avançar na compreensão do feminismo, conectando suas trajetórias com os pilares da desigualdade que sustentam o patriarcado e o capitalismo;
3 – fortalecer as companheiras do PT em sua atuação de militância de base;
4 – conectar os seus anseios cotidianos com as lutas da classe trabalhadora; e
5 – oferecer ferramental para que consigam fortalecer e ampliar as instâncias de mulheres dentro do PT.
Anne Moura ainda faz um chamamento às mulheres petistas: “companheiras, faço esse pedido a cada uma de vocês: participem do Circuito de Formação. Tragam outra companheira. Vamos atuar em redes para tecer esse processo com laços e nós fortes, que nos protejam e nos guiem para um PED onde a gente saía mais fortalecida, com um PT mais feminista. E que possamos, no ano que vem, estarmos ainda mais preparadas para fazer a disputa e a defesa do projeto político do PT e do governo Lula nas ruas e nas redes sociais. Conto com vocês!”
Nalu e Schirlei – mulheres de luta do PT
Manter viva a memória daquelas que ajudaram a construir a luta feminista das mulheres do PT é fundamental para a honrar o legado de companheiras que trilharam o caminho de lutas. Por isso, a SNMPT e a FPA homenageiam as companheiras como Schirlei Azevedo e Nalu Faria.
Nalu Faria é conhecida como uma das militantes mais importantes do país desde a década de 1980, símbolo da luta feminista no Brasil. Ela nasceu em Uberaba (MG) em 1958. Formou-se em psicologia e participou do movimento estudantil e da fundação do PT em Minas Gerais. É uma das fundadoras da Marcha Mundial das Mulheres, que iniciou suas articulações em 1998 e foi lançada em 2000.
Participava ativamente do PT, sendo uma dirigente importante da tendência interna Democracia Socialista. Entre 2012 e 2020, integrou o Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo. Dedicou-se a fortalecer as articulações e elaborações brasileiras e latino-americanas sobre economia feminista, uma aposta política para colocar a vida no centro dos debates e da organização social.
Nalu atuou na formação feminista e socialista de milhares de militantes do movimento popular. Ao longo de quatro décadas de luta, a companheira construiu inúmeros processos de articulação nacional e internacional. Com toda sua capacidade crítica, generosidade e educação, fez parte da formação de várias gerações de militantes de base no Brasil, nas Américas e em todo o mundo.
Schirlei Azevedo também foi uma companheira guerreira, feminista e militante histórica do PT. Ela era mais do que uma líder: era um símbolo de resistência e esperança. Desde a luta contra o amianto até a organização das mulheres trabalhadoras em Santa Catarina, ela deixou um legado de coragem e dedicação à justiça social.
O jeito doce, afetuoso e amável de Schirlei era sua marca. Quem a conheceu sabe que sua atenção era única. Por isso, quando encantou, deixou um vazio no coração de muitas companheiras e companheiros de luta.
Foi uma das fundadoras do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Urbanas SC (MMTU) e defensora das bandeiras feministas. Schirlei também fazia parte do Coletivo de Formadoras da Escola Nacional de Formação do PT da Secretaria Nacional das Mulheres e da Escola Perseu Abramo nos temas mulheres e feminismo.
Da Redação do Elas por Elas, com informações do Portal NSC Total