“Somos todas Dilma”, afirmam mulheres em defesa da democracia
Mulheres representantes de movimentos sociais, sindicais e outras personalidades manifestaram apoio à presidenta em ato no Palácio do Planalto
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Mulheres negras, brancas, do campo e das cidades tomaram conta do Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (7), para expressar apoio e solidariedade à presidenta Dilma Rousseff.
Representando as mulheres anistiadas e presas políticas, a conselheira da Comissão de Anistia, Rita Sipahi, falou da covarde e injusta campanha contra a presidenta, “por não aceitarem a derrota eleitoral”. Segundo ela, esses setores pretendem atingir não apenas o exercício do mandato de Dilma, mas as conquistas do seu governo.
“Tenho orgulho da sua capacidade de resistência e quero dizer que estamos ao seu lado nessa luta, que também é nossa luta. Somos todas Dilma”, afirmou Rita, que ficou presa na mesma cela de Dilma, na época da ditadura militar.
Para Alessandra Lunas, da Marcha das Margaridas, os atos machistas contra a presidenta Dilma atingem todas as mulheres. “Não é apenas contra a presidenta da República, é contra cada uma de nós”, afirmou, lembrando a capa da Revista Istoé, publicada na semana passada.
“Na Marcha das Margaridas no ano passado você encerrou seu discurso afirmando que você enverga, mas não quebra. Nós queremos dizer nesse momento que nós envergamos juntas com você, Dilma, e também não quebramos. Vamos juntas e resistimos”, reforçou.
Sônia Coelho, da Marcha Mundial das Mulheres, concorda com Lunas. “Repudiamos a violência que tem sofrido a presidenta, com ataques machistas. Quando atacam uma mulher no poder, atacam todas nós brasileiras”.
“Falo em nome das mulheres de todas as centrais sindicais que apoiam a presidenta Dilma. Esse é um ato de sororidade. Queremos que você, Dilma, se sinta abraçada por todas nós mulheres. Somos todas coração valente”, afirmou Junéia Martins Batista, da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, levou o “abraço, apoio e carinho à presidenta Dilma” de mais de 100 países que fazem parte do Conselho.
“Dilma tem mostrado grande coerência e responsabilidade, principalmente na busca de eliminar o ódio que tem sido cultivado por uma elite em nosso País. Dilma tem mostrado dignidade, compreensão, diálogo, mas sem baixar a cabeça. Ela é exemplo de lutadora pela paz, pelos povos e pela justiça. Por isso que nós do Conselho Mundial da Paz trazemos o nosso respeito. A paz existe quando existe justiça e respeito e a busca do diálogo, e no Brasil tem uma turma que não quer dialogar e cultiva o ódio”, finalizou Gomes.
A ex-secretária especial de Direitos para Mulheres do governo Lula, Nilcéia Freire, mandou mensagem em vídeo. “Nós, mulheres brasileiras, exigimos respeito aos nossos direitos conquistados passo a passo desde que nossa constituição cidadã foi criada”.
Defesa da democracia
Além da solidariedade a Dilma, o ato visou reformar o apoio das mulheres à defesa da democracia.
“Defender a democracia é defender a presidenta Dilma. É muito mais do uma luta tua, Dilma, é uma luta de todas as mulheres e nós temos essa dívida contigo, por ter lutado pela democracia durante da ditadura. Atacam Dilma porque ela é mulher, mas também porque estamos mexendo nas classes sociais, porque estamos colocando pobre na universidade”, afirmou a filósofa e escritora, Márcia Tiburi, da Partida Feminista.
“Nós mulheres estão nas ruas sempre, em defesa da democracia, porque é pra nós o princípio fundamental para garantir a igualdade que sonhamos no nosso País. Não admitiremos que desmontem a democracia e os instrumentos de luta da classe trabalhadora, que são esses instrumentos que garantem a não retrocesso de direitos”, firmou a representante da Marcha das Mulheres.
Para Sônia Coelho, da Marcha Mundial das Mulheres, as mulheres estão nas ruas contra o golpe. “Estamos lutando e repudiando que Cunha ainda permaneça no Congresso, como se não fosse um corrupto. O lugar do Cunha é na cadeia”, disse, enquanto a plateia grita ‘Dilma Fica, Cunha Sai’.
Os avanços sociais conquistados nos governos do PT, principalmente para os mais pobres, foram destacados pela presidenta do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas, Creusa Maria Oliveira.
“Somos oito milhões de trabalhadoras, mulheres negras, que têm sustentado esse País, mas até então não tinham sido reconhecidas. Hoje, temos orgulho de ter oportunidade, de ter nossas filhas e filhos na faculdade. Nós não tivemos essa oportunidade e hoje eles têm”, afirmou.
“Nós estamos também participando da defesa desse governo que é nosso, nós que elegemos, as mulheres do Brasil queremos respeito a esse mandato democrático eleito pelo povo, pelas mulheres. Não podemos aceitar que a Constituição seja rasgada. Não vamos aceitar retrocesso. Estamos contigo, presidenta. Mexeu com Dilma, mexeu conosco”, garantiu Creusa.
Junéia Martins Batista, da CUT, fez questão de lembrar que muitas mulheres perderam suas vidas “para que hoje a gente pudesse eleger por voto direto uma mulher presidenta da República”.
“A gente quer a continuidade desse projeto político, queremos mais direitos, reforma agrária, queremos manter a Casa da Mulher Brasileira e tantos outros projetos desses governos. Queremos reafirmar nosso compromisso de defender o seu governo até o fim”, enfatizou.
“Seguiremos em luta, pela democracia, pelos direitos. Não vai ter golpe”, completou Jolúzia Batista, da Articulação das Mulheres Brasileiras (AMB).
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias