Política não se faz com guerra, diz Tico Santa Cruz sobre ameaças
O músico, que tem sido alvo de ameaças nas redes sociais, pediu acompanhamento das investigações pela Comissão de Direitos Humanos a Câmara
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O vocalista da banda Detonautas Roque Clube, Tico Santa Cruz, tem sido alvo, assim como sua família, de ameaças de morte nas redes sociais. Nesta quarta-feira (2), o músico esteve na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados para pedir que o grupo acompanhe as investigações feitas pela Polícia Civil e pelo Ministério da Justiça em relação ao caso.
“Me sinto de certa forma no dever de, como figura pública, levar esse debate para a sociedade, não só para pessoas públicas que sofrem ou estão diante de ataques, mas para todas as pessoas, todo cidadão brasileiro que utiliza as redes sociais, porque já está mais do que na hora das pessoas entenderem que o ambiente digital não é uma terra sem lei”, afirmou Tico Santa Cruz.
A investigação e identificação dos perfis estão sob responsabilidade da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) do Rio de Janeiro. Porém, as ameaças extrapolaram a barreira virtual e agora Tico e sua família têm recebido telefonemas em casa, com ataques diretos inclusive aos seus filhos.
“O direito da liberdade de expressão foi uma conquista muito grande da sociedade brasileira e acho que todos têm o direito ao posicionamento, mas esse tipo de ameaça fere principalmente essa motivação de poder falar o que se pensa”, ponderou.
Tico acredita que as ameaças são tentativas de calar o seu posicionamento político progressista e em defesa da democracia.
“Acredito que hoje em dia nas redes sociais onde eu me posiciono publicamente, o alcance das minhas redes é bem grande e eu tenho falado pra muita gente. Isso tem incomodado alguns setores que têm se mobilizado para tentar de alguma forma me impedir de seguir fazendo o que eu acredito que é o meu papel como artista e como cidadão”, explicou.
O deputado e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS), frisou a importância do parlamento acompanhar casos como esse sofrido peloi músico.
“A Comissão de Direitos Humanos da Câmara está presente em todas as questões da sociedade que dizem respeito à violação dos direitos humanos. A presença de Tico Santa Cruz hoje é um ato formal para que a Comissão possa acompanhar a investigação e que esse caso sirva de exemplo no combate à intolerância e ao ódio na sociedade. O parlamento brasileiro precisa estar atendo e acompanhando essas questões que derem a democracia”, completou.
Para Tico Santa Cruz, a tolerância nas redes precisa valer e ficar clara para todos que frequentam o ambiente virtual.
“Tanto do lado de cá, de nós que temos um pensamento progressista e que de alguma maneira estamos tentando desmobilizar uma tentativa de impeachment ou de derrubada do governo atual, mas também do lado de lá, porque também há pessoas que sofrem ataques, injúrias, calúnias e difamações, e que precisam ser chamadas ao diálogo para que a gente possa levantar uma bandeira de diálogo entre as partes, porque a política se faz através do diálogo e não através da guerra”, ressaltou.
Tico destacou que sua ida à Comissão de Direitos Humanos da Câmara “coloca de forma institucional, legítima e legal, dentro do parlamento, que é a casa do povo, uma representação de que não será tolerado esse tipo de comportamento, não só nas redes sociais, mas também de forma geral, na tentativa de calar setores da democracia”.
“Que esse seja um ato simbólico para legitimar dentro do universo digital uma forma mais saudável de diálogo entre as partes que possam ser opor de alguma maneira, seja no confronto de ideias, ou nos diálogos que a gente tem em relação a outras pautas que não só as pautas políticas”, finalizou o músico.
A reunião na Comissão de Direitos Humanos contou com a presença dos deputados Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Elvino Bohn Gass (PT-RS), Wadih Damous (PT-RJ), Jô Moraes (PCdoB-MG), Rubens Junior (PCdoB-MA), Orlando Silva (PCdoB-RJ), Erika Kokay (PT-DF) e Jean Wyllys (Psol-RJ), além da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias