Trabalhadores da educação repudiam perseguição à professores

Confederação de trabalhadores da educação divulga nota contra ação de deputada do PSL que incentiva o denuncismo de professores que falem de política

EBC

Nem bem foi anunciada a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência da república e seu asseclas já começaram a se movimentar contra a liberdade de pensamento e a autonomia nas escolas. Uma deputada estadual de Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo, do PSL, está promovendo uma verdadeira caça às bruxas nas redes socias, pedindo que alunos denunciem professores por suposta “doutrinação ideológica”.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) divulgou nota nesta segunda-feira (29), repudiando a atitude e defendendo que a educação deve ser inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Leia na íntegra abaixo.

Nota em repúdio à perseguição de professores

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee, que representa mais de 1 milhão de professores e técnicos administrativos que atuam no setor privado de educação em todo o Brasil, manifesta seu repúdio à deputada estadual eleita em Santa Catarina Ana Caroline Campagnolo (PSL), que publicou em sua página no Facebook, logo após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa presidencial neste domingo (28), uma mensagem para que estudantes catarinenses filmem e denunciem “professores doutrinadores” em sala de aula.

Ana Caroline e sua defesa da perseguição, censura e criminalização de professores já são velhas conhecidas da Contee. Em junho de 2017, a Contee publicou, juntamente com o Sindicato dos Professores de Itajaí e Região, uma nota em solidariedade à historiadora e professora do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Marlene de Fáveri, processada por Ana Caroline. Antes disso, em fevereiro, a agora deputada eleita participou de um debate, na Câmara dos Deputados, com a coordenadora da Secretaria-Geral da Contee, Madalena Guasco Peixoto, sobre o movimento Escola Sem Partido e suas tentativas de aprovar leis para amordaçar o magistério. Na ocasião, a diretora da Contee rebateu os argumentos sobre a existência de uma suposta doutrinação, que partem da falsa compreensão de que o estudante é uma “tábula rasa” passível de ser doutrinado pela escola.

A publicação da deputada eleita publicada neste domingo é mais uma ameaça aos professores e professoras brasileiros em seu direito — e também em sua responsabilidade — de contribuir para uma educação voltada para a formação crítica e cidadã. É também um desrespeito e um ataque à Constituição da República, de 1988, e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, que trazem em seu escopo a compreensão de que a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Trata-se de uma afronta ao princípio constitucional de que o ensino deve ser ministrado com base na liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; no pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; e no respeito à liberdade e apreço à tolerância.

Brasília, 29 de outubro de 2018.
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee

Da Redação da Agência PT, com informações da Contee

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